Após a crise do caso Geddel, os presidentes da República, Michel Temer, do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia, tentarão acalmar o mercado hoje em entrevista. Também deverão negar apoio a projeto que anistie crimes.
Temer, Renan e Maia tentam acalmar mercado
• Para abafar crise após caso Geddel, eles darão entrevista juntos e negarão ainda apoio a projeto que anistia crimes
Isabel Braga - O Globo
BRASÍLIA - Os presidentes da República, Michel Temer; da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que marcaram reunião extraordinária no Palácio do Planalto para hoje, farão pronunciamento para tentar mostrar que os dois Poderes estão unidos e que haverá esforço para aprovar projetos que tentam retirar o país da crise financeira. A declaração se destina ao mercado, que reagiu mal logo após a demissão do ministro Geddel Vieira Lima. Geddel era o responsável justamente pela articulação política no Congresso.
Além da sinalização ao mercado, os três deverão reafirmar que não há disposição de aceitar anistia para crimes vinculados às eleições. Ontem, após passar a tarde reunido com Temer na residência do Jaburu, Rodrigo Maia não quis falar sobre o anúncio a ser feito hoje, mas garantiu que a Câmara não votará a emenda que anistia crimes. Acabou admitindo que havia um texto nesse sentido, mas disse que ele não recebeu apoio da maioria dos líderes dos partidos.
— Em nenhum momento se discutiu anistia, e a sociedade vai entender que, do ponto de vista majoritário, nunca se quis anistiar crimes. Isso nunca entrou em nossas discussões. O que se tratou foi de tipificação do caixa dois. E isso só vai ter fim se votarmos e deixarmos isso claro — disse Maia, para, em seguida, admitir que havia uma emenda sobre anistia. — Aquela emenda nunca teve apoio majoritário dos partidos políticos. Ela existiu, mas nunca houve apoio majoritário.
O presidente do Senado divulgou ontem, por intermédio de sua assessoria, nota garantindo que a Casa não vai aprovar nenhuma anistia a crimes cometidos em campanhas eleitorais. A declaração de Renan é uma referência à tentativa de deputados de incluir no projeto das dez medidas contra corrupção uma emenda que estabelece anistia a qualquer crime relacionado a doações eleitorais, declaradas ou não.
“O senador Renan Calheiros comunica que o Senado Federal tem uma pauta posta até o final do ano, fruto de um entendimento entre as lideranças de todos os partidos. Em razão dessa pauta, o Senado não vai votar qualquer projeto que envolva eventuais anistias de campanhas eleitorais, poupando o senhor presidente da República de veto ou sanção sobre matérias dessa natureza”, diz a nota de Renan.
Na última semana, a maioria dos partidos, num almoço na casa de Rodrigo Maia, discutiu a apresentação da emenda da anistia a crimes associados às doações. Maia manteve a sessão da Câmara aberta na madrugada de quarta-feira na tentativa de votar no plenário o projeto. Os líderes apresentariam a emenda. Houve nova tentativa na manhã de quinta-feira. Mas a repercussão negativa e a falta de consenso abortaram a votação, adiada para esta semana.
Maia afirmou ainda que a saída do ministro da Secretaria de Governo não vai prejudicar as votações dos projetos de interesse do governo e que são importantes para buscar a estabilidade da economia do país:
— Geddel deixou a articulação bem organizada. Vamos ter votações na Câmara esta semana, das dez medidas e também o pente-fino na Previdência.
Maia afirmou que discutiu com Temer a votação da PEC do teto dos gastos e também tratou da necessidade do envio da reforma da Previdência ao Congresso.
Sobre o projeto das dez medidas contra corrupção, o presidente da Câmara reconheceu que, se não será votada a anistia, o mesmo não pode garantir em relação à proposta de punição para magistrados e procuradores, como defende boa parte dos partidos. O PDT já tem emenda pronta para incluir essa previsão de punição no projeto prestes a ser votado no plenário.
— Se alguém apresentar a emenda, terá que ser votado. Acho que não é o ambiente adequado esse projeto. Talvez seja até inconstitucional tratar desse assunto por projeto de lei — disse Maia.
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