Ex-presidente do STF recebeu, no Rio, Prêmio FGV de Direitos Humanos
Jeferson Ribeiro | O Globo
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto fez ontem um apelo em defesa da Operação Lava-Jato, em meio à expectativa pelo impacto que a delação premiada da Odebrecht terá sobre o meio político. O jurista foi homenageado com o Prêmio FGV de Direitos Humanos, concedido pelas escolas de Direito da Fundação Getulio Vargas.
— Que ninguém se atreva sozinho ou enturmadamente a estancar o curso do amazônico rio da Justiça. Da justa e jurídica tomada penal de contas dos defraudadores da inegociável honra do país — disse, classificando a Operação Lava-Jato de “emblemática” e “irreversível”.
Segundo ele, o país passou por uma inflexão histórica durante o julgamento do mensalão, e a Lava-Jato é a continuidade dessa mudança de visão.
— O Brasil deu um tranco na cultura da impunidade de pessoas postadas nos andares de cima da sociedade, e a Lava-Jato segue nesse caminho que é uma postulação republicana, que é de tratar todos com igualdade perante a lei. Eu acho que a Operação Lava-Jato se constitui numa espécie de patrimônio da coletividade brasileira no sentido de responsabilizar quem comprovadamente tem culpa no cartório — afirmou o ex-presidente do STF.
Perguntado sobre a indicação do ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, para o Supremo, Ayres Brito foi cauteloso.
— Eu sigo observando, meditando. Do ponto de vista pessoal, me dou muito bem com ele. Tem livros publicados, é da área do Direito Constitucional, porém, pela militância mais, digamos, político-partidária, assim como de ocupação de cargos, não como teórico, mas como ocupante de cargos do organograma estatal a partir de São Paulo, eu prefiro aguardar um pouco — disse.
CONHECIMENTO DO BRASIL
Ayres Brito avaliou ainda que um dos piores traços da democracia brasileira é o patrimonialismo.
— A antieticidade de todo gênero, perpetrada no Estado contra ele, deita raízes do terrível mal do patrimonialismo. Esse ovo da serpente de toda corrupção enquadrilhada ou de colarinho branco. Chave de ignição de desperdício de bens, valores e dinheiros públicos.
O professor Joaquim Falcão, diretor da FGV Direito Rio, afirmou que Britto se destaca pelo conhecimento da realidade do país.
— Antes de ler a Constituição, a gente tem que ler o Brasil. E isso o senhor faz com extrema competência.
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