Bate-boca entre Janot e Gilmar estabelece novas fronteiras da crise
Flávio Tabak | O Globo
Típica das tribunas do Congresso, a fúria verbal atravessou a Praça dos Três Poderes, andou mais um pouquinho e estacionou na Procuradoria-Geral da República (PGR). Não é a primeira vez e nem será a última que integrantes da Justiça Federal e do Ministério Público trocam farpas. Mas, com a “disenteria verbal’’ propalada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o nível de zero a dez chega quase ao limite. Externa uma minúcia do que deve dizer dentro de seu gabinete.
Diferentemente de outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se pronunciam somente — ou principalmente — nos autos, Gilmar Mendes, também presidente do TSE, tem se manifestado rotineiramente desde que a crise chegou ao seu último dos vários ápices recentes, com a nova lista de Janot baseada na delação da Odebrecht.
Gilmar promoveu reunião em sua casa, na semana passada, com o presidente Michel Temer e políticos da base governista para discutir a reforma política.
Foi apenas uma de suas agendas. Frequentemente, aparece em títulos de notícias, entrevistas de TV e áudios de rádio. Está em todas. Seu último alvo foi a PGR. Ou melhor, o PGR, Rodrigo Janot. Acusou a instituição de vazar investigações, fazer “chantagem”, cometer “crimes”.
Guardadas as proporções, Janot também já teve suas incontinências. Não precisou abrir a boca para isso quando, por exemplo, exibiu cartaz, há dois anos, com os dizeres “esperança do Brasil” — atitude que também não combina com seu cargo. A resposta de ontem direcionada a Gilmar, com direito a “decrepitude moral” e “mentes ociosas”, estabelece um novo marco desse jogo.
Janot dobrou a aposta contra Gilmar.
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