Divulgados nos últimos dias, resultados econômicos do início do ano mostram que há longo caminho pela frente até que se consolide a modesta recuperação esperada por analistas e investidores.
As vendas no varejo caíram 0,7% na comparação com dezembro, segundo o IBGE. Considerado todo o setor de serviços, a queda foi de 2,2% no mesmo período. O índice de atividade do Banco Central, que também leva em conta a indústria e a agricultura, recuou 0,26%.
O desemprego, previsivelmente, manteve a trajetória altista, atingindo em fevereiro 13,5 milhões de pessoas (13,2% da força de trabalho, que não inclui os que não procuram vaga no mercado).
Evidencia-se que a simples melhora da confiança de empresários e consumidores, também observada no primeiro bimestre, não se traduz de imediato em mais consumo e investimentos.
A retomada à vista neste 2017, por enquanto, não vai além de um crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto, a medida da produção e da renda do país. Imagina-se que, com a aprovação das reformas previdenciária e trabalhista, haja uma taxa melhor, de 2,5% a 3% no próximo ano.
Mesmo esse avanço lento não está livre de percalços -e não se concretizará sem providências complementares da política econômica.
Serão fundamentais, nesse processo, uma queda mais vigorosa dos juros do Banco Central e a aceleração do programa de concessões em infraestrutura, cujo progresso até aqui praticamente limitou-se aos leilões de quatro aeroportos.
No primeiro caso, as condições parecem consistentes, dado que a inflação cai de maneira mais rápida que o previsto. Já se espera a partir deste mês uma redução de 1 ponto percentual nos juros, em vez do 0,75 de dezembro e janeiro.
Restará, porém, que essa queda se reflita nas taxas efetivamente cobradas pelos bancos de empresas e consumidores.
Quanto às concessões, não se veem ações para destravar projetos em rodovias, ferrovias, energia e saneamento, entre outros. É fato, reconheça-se, que a conjuntura não é favorável.
No entanto, essas privatizações são hoje mais essenciais do que nunca para reativar os investimentos em infraestrutura, fulminados pela ruína orçamentária do governo e pelo impacto da Operação Lava Jato sobre grandes empreiteiras.
A melhora da confiança, sem estímulos palpáveis à economia real, já produziu expectativas frustradas de recuperação no ano passado. Um novo alarme falso precisa ser evitado com ímpeto reformista que não pode limitar-se às mudanças constitucionais em tramitação no Congresso.
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