Por Marcelo Ribeiro | Valor Econômico
BRASÍLIA - Relatos do jantar oferecido na terça-feira para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na residência oficial da Câmara, sob o comando do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mostram que o DEM deve manter o jogo duplo na relação com o PSDB. Sempre de olho na disputa presidencial de 2018, representantes da sigla têm se revezado em encontros com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, João Doria. A questão interna é se o partido reafirma sua tradicional aliança com o PSDB em 2018 ou se decide alçar voos mais altos e lançar candidatura própria.
Alckmin já afirmou publicamente mais de uma vez que quer ser candidato a presidente. Doria, ligeiramente melhor nas pesquisas, é cotado para disputar e dá repetidos sinais de que também pretende concorrer.
Segundo apurou o Valor, o DEM está dividido em duas alas. Uma quer embarcar na candidatura de Alckmin à Presidência. Outra defende ampliar as investidas sobre Doria com o intuito de trazê-lo para o DEM e apresentar uma candidatura própria.
Para alguns convidados do jantar oferecido por Maia a Alckmin, a reunião representou um aceno de aproximação do DEM e do presidente da Câmara ao PSDB e ao próprio governador.
Ao sair do jantar antes do final, o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) afirmou que o DEM é "muito simpático ao governador Geraldo Alckmin". De acordo com ele, o tucano é um político acostumado a fazer "o dever de casa". "Já está na luta há muito tempo. Acho que ele conseguirá se candidatar à presidência", disse Pauderney.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), era um dos mais entusiasmados com a eventual aproximação. De acordo com ele, Maia e o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), deram sinais de que a aliança entre o DEM e o PSDB será mantida em 2018.
"O Democratas fez um gesto impressionante para o governador Alckmin. Tanto a fala de Maia quanto a do presidente Tasso convergiram de que vão buscar manter a aliança entre PSDB e Democratas para 2018", disse.
Ao ser questionado se Maia e outros representantes do DEM fizeram um aceno em apoio a uma eventual candidatura de Alckmin à Presidência da República, Tripoli disse que estava "acreditando muito nisso pelas conversas que tiveram [no jantar]".
Outros nomes do DEM garantem que o flerte com Doria continua firme e que o partido aposta em candidatura própria. De acordo com fontes ligadas à cúpula do DEM, a "dobradinha dos sonhos" da legenda seria uma chapa puro-sangue Doria-ACM Neto, atual prefeito de Salvador.
Sem confirmar o assédio a Doria, o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), disse que o jantar oferecido por Maia não foi um aceno de aproximação, mas uma tentativa de manter um canal de comunicação aberto com o PSDB e um gesto de que o DEM não pretende "se meter na disputa interna de Alckmin e Doria para concorrer ao Planalto". "O DEM vai brigar por uma candidatura própria", disse.
A interlocutores, Maia também negou que o encontro teve natureza eleitoral e garantiu que, durante o jantar, sinalizou que o DEM deve apostar em uma candidatura própria no ano que vem. Cauteloso, o presidente da Câmara teria passado o recado com sutileza para não fechar as portas para uma eventual parceria na disputa de 2018.
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