- Folha de S. Paulo
A decisão do Supremo Tribunal Federal de submeter ao crivo do Senado o afastamento de Aécio Neves é um alívio para o mineiro. O processo, porém, renova o desgaste do PSDB com a imagem daquele que, há um ano, era tratado como seu líder mais poderoso.
Quando o Supremo emitiu a ordem para tirar Aécio do cargo, no fim de setembro, encontrou reação feroz de diversos partidos. No calor do momento, formou-se um espírito de corpo para reverter a decisão, com o apoio óbvio dos tucanos.
A demora na resolução do episódio, porém, deu ao caso contornos de um "acordão", em que ficaram gravadas as digitais do PSDB.
Não foi coincidência que o presidente interino da sigla, Tasso Jereissati, tenha ficado em silêncio na sessão em que o Senado discutiu se deveria adiar a votação do caso, no início deste mês. Só pediu a palavra no fim: solicitou a inclusão na pauta da autorização de um empréstimo para Fortaleza e fez piada com um colega.
Mesmo aliados fiéis de Aécio reconhecem o embaraço. O mineiro pode se salvar no plenário do Senado, mas não sem constrangimentos. Opositores do PSDB, que inicialmente pegaram em armas para defendê-lo, ameaçam desertar na votação prevista para terça (17). A sangria deve perdurar com a proposta de abertura de um processo de cassação do tucano no Conselho de Ética.
O episódio dá munição ao grupo de Tasso e de Geraldo Alckmin, que pretende tomar o comando do partido até o fim do ano para pavimentar a candidatura do governador paulista ao Palácio do Planalto. Aliados da dupla se movimentam para forçar a renúncia formal de Aécio da presidência do partido logo depois da votação sobre seu afastamento.
Não apenas dirigentes tucanos buscam distância. Em sua última pesquisa, o Datafolha perguntou em quem os eleitores haviam votado para presidente em 2014. Aécio, que teve 48% dos votos naquele ano, só foi citado por 26% dos entrevistados.
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