- Folha de S. Paulo
Os brasileiros não suportam o governo de Michel Temer, o rejeitam como nenhum outro desde o fim da ditadura, mas topam que ele termine o mandato em 2018.
A nova pesquisa do Datafolha, mesmo que não surpreenda o Planalto, não deixa de ser um desastre para um governo que busca, publicamente, transparecer naturalidade diante da reprovação do seu comandante, que atingiu o recorde de 73% de "ruim" ou "péssimo".
Confrontado com os números pífios, Temer tem adotado o discurso de que prefere ser impopular a populista. Apostou que um pacote de reformas reverteria no longo prazo a ojeriza das ruas por sua gestão.
O problema é que a principal delas, a da Previdência, agoniza nos corredores da Câmara. Nem o mais otimista dos deputados acredita em sua votação nos próximos meses —e muito menos em 2018, um ano eleitoral, de Congresso às moscas, querendo fugir de assuntos delicados.
Temer tem uma certa benevolência da maioria da população, que, traumatizada pela terremoto político recente no país, prefere que ele conclua o mandato (sem alternativa, seria melhor não correr risco e empurrar o governo com a barriga).
Um dado do Datafolha derruba qualquer tentativa de análise pró-Temer dessa tendência por sua permanência: 89% dos entrevistados querem que a Câmara receba a denúncia da PGR contra ele por corrupção e organização criminosa.
Para alívio do peemedebista, deputados de sua base de apoio, maioria na Câmara, integram os 7% de brasileiros contrários à acusação.
Por fim, o presidente poderia desejar que sinais positivos da economia dessem um gás no otimismo popular –essa era uma aposta de assessores dele. Mas nem esse cenário parece viável. Segundo a pesquisa, a expectativa de reversão da crise é baixa e a maioria diz que a inflação e o desemprego vão aumentar. Sobra a Temer a torcida para que o tempo voe até o dia 31 dezembro de 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário