- Folha de S. Paulo
Geraldo Alckmin resistiu o quanto pôde, mas o fato foi consumado: deverá ser eleito por aclamação para presidir o PSDB e tocar seu projeto de candidatura presidencial em 2018 chefiando a máquina partidária.
Quando a hipótese conciliadora foi levantada, conforme a Folha antecipou, o governador elencou bons motivos para não querer assumir a missão. O principal foi o fato de que ele se colocaria numa colocação de vantagem na disputa interna pela candidatura e atrairia dissensos.
Hoje apenas o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, já se colocou como postulante a uma disputa em prévias. Nos últimos dias, aliados do senador José Serra (SP) vêm relatando uma maior vontade do tucano de tentar a Presidência —seja pelo seu partido, seja pelo PSD do aliado Gilberto Kassab.
Mesmo que Serra mire o Planalto para buscar atingir o Bandeirantes, Alckmin tem nele e no grupo dos "cabeças pretas" liderados por Tasso Jereissati fonte grande de ruídos no caso de assumir o partido. Outro risco óbvio é o de ser acusado de manipular o jogo em seu favor, o motivo alegado para a remoção de Tasso da presidência interina da sigla.
Mas a realidade se impôs. O grupo capitaneado pelo decano tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, encampou a ideia de união partidária.
Rachado, o que a vitória de Tasso ou Marconi Perillo poderia garantir, o partido tenderia a ser jantado na composição de alianças estaduais para sustentar o plano presidencial de 2018.
Para Alckmin, foi a primeira do que deve ser uma série de concessões. Habituado à política paulista, onde pratica no poder desde 1995 o famoso "jogar parado", o tucano começou a se movimentar pelos Estados, visitando o Pernambuco do PSB que ele namora para reforçar sua posição no Nordeste.
Os desafios da consolidação da candidatura são múltiplos. O principal é convencer aliados em potencial de sua viabilidade, o que as pesquisas neste momento não autorizam. Na prática, o que ocorre é o preço subir na fatura, uma vez que a alternativa João Doria parece ter desistido mesmo de planos nacionais em 2018.
No comando tucano, Alckmin poderá cobrar ordem unida no partido e obrigar alianças estaduais mais espinhosas, em nome do projeto nacional. Foi assim que Aécio Neves, também à frente da sigla, se lançou candidato e quase ganhou em 2014. Ganhará musculatura na discussão com o DEM, que tem um forte ativo nordestino na figura do prefeito de Salvador, ACM Neto, e peso político com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
Salvo alguma intercorrência, a decisão de Alckmin sacramenta sua pré-candidatura na prática.
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