Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - O PDT vai apostar na construção de palanques regionais para alavancar a candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes. A pouco menos de um ano da eleição, o partido contabiliza pelo menos 11 pré-candidatos próprios nos Estados. A estratégia ainda passa por uma aproximação com o PSB. Em troca de uma aliança nacional, os pedetistas sinalizam com a possibilidade de apoiarem candidatos pessebistas a governador e até postulantes ao Senado.
Dirigentes das duas siglas se reuniram há cerca de um mês. As conversas giram em torno de disputas majoritárias. As negociações estão mais avançadas em sete Estados (RS, ES, PB, MG, PE, SE e SP). O PSB, no entanto, só vai bater o martelo em relação às alianças quando tiver uma resposta de Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi convidado a se filiar à sigla para concorrer ao Planalto em 2018 e tem até março para tomar sua decisão.
Uma liderança do PSB reconhece que, sem a candidatura presidencial de Joaquim Barbosa, o partido tende a apoiar Ciro, mesmo que o ex-ministro Aldo Rebelo, filiado recentemente à sigla, tenha manifestado suas pretensões presidenciais. O pedetista, diz o dirigente, também leva vantagem neste momento sobre os pré-candidatos ao Planalto do PSDB e do Rede Sustentabilidade, com os quais o PSB também discute a hipótese de aliança na corrida presidencial.
Presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi diz que o diálogo com o PSB tem sido produtivo, mas despista sobre um acordo. "É o início de uma caminhada", afirma. As alianças nos Estados, ressalta o pedetista, devem estar comprometidas com a candidatura a presidente de Ciro. "As realidades regionais são diferentes. Temos que levar isso em conta. É preciso respeitar a autonomia de cada Estado, mas desde que elas não venham a ferir nosso projeto nacional", acrescenta.
O secretário-geral do PSB, o ex-governador capixaba Renato Casagrande, diz que a oposição ao governo Michel Temer e a defesa da centro-esquerda reaproximaram os dois partidos. Ressalta, porém, que um acordo na esfera nacional exige reciprocidade regional. "Por ora, é só namoro, não tem casamento ainda. Há uma aproximação, mas sem contrato assinado", exemplifica. Enquanto não há definição no âmbito nacional, as duas legendas traçam seus planos nos Estados.
Em Minas Gerais, os pedetistas querem a vaga de senador para engrossar as fileiras do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB), que teve sua pré-candidatura ao governo estadual lançada em setembro. Em Pernambuco, o PDT deve apoiar a reeleição de Paulo Câmara (PSB), com a candidatura do ex-prefeito de Caruaru José Queiroz ao Senado. Em Sergipe, a tendência é que o senador Antonio Carlos Valadares (PSB) concorra ao governo e tenha o presidente estadual do PDT, Fábio Henrique, como vice ou candidato ao Senado.
Em São Paulo, as negociações dependem do vice-governador Márcio França (PSB), que ainda busca o aval do PSDB e do governador Geraldo Alckmin para disputar o comando do Estado. O ex-secretário Gabriel Chalita (PDT) é apontado como opção para uma das duas vagas de senador numa eventual coligação com os pessebistas. Os pedetistas têm pressa. "Se ele [França] continuar assim, esperando o PSDB, vai acabar sozinho", afirma Lupi.
No Espírito Santo, as tratativas envolvem Casagrande e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT). Ambos discutem os cenários e avaliam suas chances para o governo estadual e o Senado. No Rio Grande do Sul, o PDT aposta em Jairo Jorge, ex-prefeito de Canoas, como candidato a governador em uma aliança que teria o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB) na briga por um mandato de senador. Na Paraíba, a vice-governadora, Lígia Feliciano (PDT), disputaria a sucessão estadual com a candidatura do governador Ricardo Coutinho (PSB) ao Senado.
No Distrito Federal, um acordo ficou mais difícil depois que o PDT declarou em outubro independência em relação ao governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Os pedetistas são contra a proposta de reforma da previdência local. A crise impulsionou o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), a lançar seu nome na sucessão estadual.
Além do Rio Grande do Sul, Paraíba e Distrito Federal, o PDT pretende encabeçar a chapa em pelo menos outros nove Estados. No Amapá e no Amazonas, tentará a reeleição de Waldez Góes e Amazonino Mendes, respectivamente. O ex-senador Osmar Dias concorrerá ao governo do Paraná, enquanto a deputada estadual Martha Rocha desponta como pré-candidata no Rio de Janeiro.
No Mato Grosso do Sul, o partido terá o juiz aposentado Odilon de Oliveira. Já em Rondônia os pedetistas confiam no senador Acir Gurgacz. Além disso, Lupi quer convencer Ronaldo Lessa a disputar o governo de Alagoas e o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, o do Rio Grande do Norte. A lista pode crescer com a eventual filiação da senadora Kátia Abreu (TO).
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