- Folha de S. Paulo
Às 17h45 de quarta-feira, a campanha presidencial de Lula se tornou o plano B do PT para as eleições deste ano. Cada vez mais distante das urnas, o ex-presidente vai usar o debate sobre sua candidatura não apenas como um foro de defesa pessoal, mas como mecanismo para manter vivo seu protagonismo político e um projeto partidário atrelado a sua imagem.
Depois da dura e unânime condenação de Lula em segunda instância, a disputa pelo Palácio do Planalto deixou de ser uma missão factível. A luta pelo registro de sua candidatura continuará, mas apenas como pretexto para mobilizar militantes, movimentos sociais e partidos aliados que possam dar fôlego suficiente ao PT para atravessar 2018.
A cúpula petista insiste que não há alternativas a Lula porque, de fato, não há. Ainda que Jaques Wagner ou Fernando Haddad sejam escalados para substituí-lo, as chances de vitória serão remotas e o partido provavelmente sairá menor das urnas.
A principal estratégia do PT para se manter relevante é transformar a campanha eleitoral em um longo debate sobre o direito do ex-presidente de se candidatar. Dirigentes da sigla creem que essa discussão é a única maneira de garantir a fidelidade do eleitorado historicamente alinhado a Lula e manter os partidos de esquerda próximos da órbita petista.
Essa tática será alimentada por uma sucessão de recursos, liminares e cassações que podem adiar uma decisão final sobre a candidatura do ex-presidente. Sob um ambiente desfavorável no Judiciário, Lula tentará se beneficiar da confusão indissociável entre a sentença criminal e a questão eleitoral para, ao menos, faturar politicamente.
Os petistas se escoraram por tanto tempo na figura de seu líder que ele se torna uma figura fundamental para a sobrevivência do partido mesmo sob ameaça de prisão e possivelmente barrado da disputa eleitoral. Não é surpresa que, para o PT, o pós-Lula também dependa de Lula.
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