Andrea Jubé, Fabio Graner e Raymundo Costa | Valor Econômico
BRASÍLIA - As conversas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com o MDB para uma possível filiação avançaram e algumas lideranças graúdas do partido do presidente Michel Temer chegam a garantir que o destino dele já estaria certo nessa direção. Na contagem regressiva para se afastar do cargo, o ministro tem um mês e meio para se viabilizar como candidato e construir apoio político em torno de seu nome, tarefa que não é fácil.
No fim da tarde do último sábado, Meirelles tratou do assunto com o presidente Michel Temer, em reunião no Palácio do Jaburu. Os dois falaram de sucessão presidencial, da candidatura Meirelles e da cogitação do ministro de se filiar ao MDB.
Meirelles, que conversa também com o PRB, gostaria de se candidatar por um partido grande, como o MDB, com tempo de televisão e estrutura em todo o país. Mas em princípio, o candidato do MDB chama-se Temer.
Embora demonstre cada vez mais apetite pela sucessão presidencial, Meirelles ainda tem dúvidas sobre esse caminho, segundo apurou o Valor. Por isso, ele está na fase de pedir pesquisas qualitativas para verificar a viabilidade de seu nome.
O que se pretende saber é que tipo de figura majoritariamente o eleitorado brasileiro está procurando, e se esse perfil condiz com as suas características e sua agenda política.
Essa etapa será crucial nas próximas semanas para que ele decida se vale a pena se aventurar. Outra questão chave é por qual partido e em que condições políticas se dará essa eventual candidatura.
Meirelles reconheceu publicamente que cogita deixar o PSD (embora ainda não haja decisão final), sigla que deu sinais claros no sentido de apoiar a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). O partido
Conta a favor de Meirelles hoje no xadrez político governista a crescente indisposição do Planalto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nesse sentido, há tendência do Palácio apoiar Meirelles, se Temer resolver não entrar na disputa.
O ministro tem até 7 de abril para tomar essa decisão, mas ainda assim pode ser um movimento no escuro. A principal incerteza remonta ao que fará o próprio Michel Temer, que nas últimas semanas tem mostrado mais disposição de encarnar a candidatura do governo. E o presidente só quer se decidir em maio.
Quanto mais Temer nega sua candidatura, mais estimula a desconfiança sobre sua real disposição. Fontes do governo avaliam que a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro atropelou não apenas a reforma previdenciária, como a candidatura Meirelles, ao abrir uma brecha para reverter a baixa popularidade de Temer.
Como nenhum dos dois desponta nas pesquisas, Temer sai na frente em relação à Meirelles ao contar com o MDB, uma base política e o comando da máquina pública. Ao se desincompatibilizar, Meirelles perderá a caneta de ministro (e, portanto, poder), sem saber se ganhará a chance de ser candidato.
Meirelles corre o risco de se filiar ao MDB, tentar a candidatura e ficar sem legenda, como aconteceu com Anthony Garotinho em 2006. Uma fonte do MDB lembra que a sigla tem a tradição de cristianizar os candidatos, como fez até mesmo com Ulysses Guimarães, em 1989. Nesta hipótese, Meirelles estaria sujeito a ser abandonado na estrada pelo partido.
Se o ministro deixar o cargo, fontes apontam três possibilidades para sua sucessão. O secretário de Assuntos Fiscais, Energia e Loterias, Mansueto Almeida, seria o favorito por ter melhor trânsito no governo do que o atual secretário-executivo da pasta, Eduardo Guardia, também apontado como sucessor.
Guardia é atacado no Palácio do Planalto e no Congresso por sua postura nas discussões dos temas do governo. Correndo por fora na bolsa de apostas estaria o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
Sua indicação, contudo, seria uma mudança mais significativa de perfil da pasta e poderia gerar, inclusive, uma debandada dos atuais secretários no ministério da Fazenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário