Renata Bueno foi a primeira cidadã italiana nascida no Brasil a ser eleita deputada
Heloisa Traiano | O Globo
Na corrida para as próximas eleições legislativas da Itália do próximo domingo, 24 brasileiros ou italianos residentes no Brasil estarão concorrendo a uma vaga no Parlamento. Com quase 8% dos seus cidadãos vivendo no exterior, o país recorre a um sistema diferenciado para garantir representatividade a quem está fora do território, com cotas para legisladores residentes em diferentes partes do mundo. Aqueles que fazem campanha no Brasil representarão a América do Sul — circunscrição tradicionalmente dominada pelos candidatos argentinos — com a promessa de facilitar o caminho à obtenção da cidadania; aumentar a integração comercial, cultural e política; e participar de votações sobre temas-chave na Casa. Mas, antes disso, precisam vencer a baixa participação dos eleitores no país: o índice de comparecimento às urnas gira em torno de 35%.
Foi criada em 2001 a legislação que abriu 18 vagas a candidatos do exterior, dentre o total de 945 do Legislativo — 630 deputados e 315 senadores. Dentre eles, quatro são deputados e dois senadores vindos da América do Sul. Eles podem ter nascido na Itália ou não, mas devem ter cidadania italiana e residência em algum país sul-americano. Atualmente, as listas da região englobam 89 postulantes espalhados pelos países, e os eleitores votam diretamente nas siglas, podendo indicar seus candidatos de preferência.
DISPUTA ACIRRADA
Deputada eleita em 2013 para a legislação atual, Renata Bueno, de Curitiba, tentará uma nova vitória este ano. Ela foi a primeira cidadã italiana nascida no Brasil a ocupar um assento no Palazzo Montecitorio. Faz parte do Movimento Passione Italia, aliado à coligação centrista Civica Popolare, que estreia nesta votação. É o primeiro criado no território brasileiro para quem deseja fazer política na Itália — anteriormente, Renata fora eleita por um movimento argentino.
Ela conta que, durante seu mandato, concentrou-se em demandas de brasileiros em relação aos serviços consulares e em reativar acordos bilaterais, fazendo, por exemplo, com que as carteiras de motorista daqui valham lá também.
— Sempre atuei sozinha como deputada. Agora a ideia do movimento é ter um grupo para ampliar as ações — disse ela ao GLOBO.
Mas a disputa é acirrada. Entre os candidatos a deputado, está o sociólogo paulistano Daniel Taddone, que se lança na política pela União Tricolor da América Latina (Unital), após ter trabalhado nos consulados italianos de São Paulo e Recife. Sua promessa é facilitar a burocracia para quem busca a cidadania italiana:
— Uma batalha importante no exterior é que a Constituição possa abranger o direito à cidadania mediante outras iniciativas, e não necessariamente leis, como uma parceria para que arquivos italianos disponibilizem documentos de antepassados no Brasil — disse ele.
Entre os oito postulantes brasileiros ao Senado, estão Silvana Rizzioli, que recebeu apoio do prefeito de São Paulo, João Doria; a consultora de moda Helena Montanarini; e o jornalista Fernando Trezza. Também disputam candidatos de outras cinco forças, algumas atreladas a importantes partidos: Movimento Associativo Italiano no Exterior; Liga Norte; Liberi e Uguali; Partido Democrático; e a União Sul-americana de Emigrantes Italianos.
CÉDULAS DEVEM CHEGAR ATÉ DIA 1º
Apesar da articulação para incentivar os votos no exterior, o Brasil ainda tem índices baixos de comparecimento às urnas. Em todo o país, há 351 mil eleitores aptos a votar, dos quais 150 mil estão em São Paulo — terceiro maior colégio eleitoral, atrás de Londres e Buenos Aires —, e outros 25 mil no Rio de Janeiro. Um dos problemas é que grande parte dos votos não chega aos consulados por problemas técnicos, como atrasos no correio.
Neste ano, as cédulas devem chegar até as 16h do dia 1º de março às unidades consulares. As eleições na Itália ocorrerão três dias depois. Uma das missões dos candidatos tem sido aumentar a participação dos residentes no Brasil, com propagandas nas redes sociais. As campanhas se espalham entre as cidades com grande concentração de italianos, e os candidatos deverão dividir o seu tempo, se eleitos, entre os dois países, para garantir proximidade com os seus eleitores e participação ativa no Parlamento. Eles têm direito a
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