- Folha de S. Paulo
A sinalização de Henrique Meirelles de que pode disputar a Presidência da República com Michel Temer tem o efeito de demarcar terreno. Atesta que o chefe da Fazenda está vivinho da silva na corrida eleitoral, mesmo após o presidente galgar alguns milímetros com o tiro —aparentemente certeiro— da intervenção na segurança do Rio e o ministro pender para baixo na gangorra, com a derrocada da reforma da Previdência e o arremedo de nova agenda econômica.
Meirelles vai se lançar candidato e defender o legado reformista/governista contra o próprio Temer? Em tese, poderia. Mas não é com essa estratégia que trabalham os articuladores políticos do ministro. Diante do mirrado 1% de intenção de voto que cada um dos dois registra, não faz sentido se estapearem pela mesma raia na disputa ao Palácio do Planalto, enquanto outras eventuais candidaturas correm por fora.
O ex-presidente do Banco Central tem dito que a tática viável é ter apenas um candidato com o selo de reformista. Enquanto Temer tenta se cacifar apostando na pauta da segurança, o ministro invocará a melhora da economia, com o mantra do aumento do emprego e da renda e da queda da inflação.
A aposta do Ministério da Fazenda é de geração de 2,5 milhões de postos de trabalho neste ano. Com o argumento da ocupação crescente, o discurso de Meirelles desembocará na redução dos índices de violência. Da mesma forma, a retomada da atividade elevará a arrecadação federal, abrindo espaço para investimento em segurança, acrescentam auxiliares do goiano.
O calendário favorece Temer, que deve definir sobre a candidatura até junho. O ministro do PSD tem 40 dias para decidir se entra no pleito e sob qual legenda. Pelo sim, pelo não, o publicitário Fábio Veiga já cuida nas redes sociais da imagem de Meirelles, que também abriu tratativas com Duda Mendonça, ex-marqueteiro de Lula.
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