Racha no PSDB havia distanciado da sigla nomes como Armínio Fraga e Elena Landau
Talita Fernandes | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A escolha do ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida para coordenação econômica de sua campanha à Presidência deu ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a esperança de trazer de volta ao seu partido nomes do meio econômico que haviam se distanciado.
O racha pelo qual os tucanos passaram no último ano, especialmente sobre o apoio ao presidente Michel Temer e as denúncias envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), fez com que quadros que tradicionalmente estavam no espectro da legenda debandassem.
É o caso do ex-presidente do BC Armínio Fraga, que migrou para o movimento político Renova, ligado ao apresentador Luciano Huck; eda ex-diretora do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) Elena Landau, integrante do movimento Livres, que integrava o PSL, partido ao qual o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pretende se filiar para disputar a Presidência da República.
Em passagem por Brasília na última semana, o governador paulista disse não ter conversado com Armínio, mas comemorou suas declarações de apoio. "Fiquei feliz porque li uma entrevista dele no [jornal] "Valor" dizendo que vai nos ajudar, vai nos apoiar", comentou.
A fala do economista foi citada por Alckmin em reunião com a bancada tucana dos deputados federais. Ele se mostrou otimista com o apoio e defendeu uma agenda de privatizações e parcerias público-privadas, fazendo um apelo aos parlamentares para que deem suporte para o tema.
Tucanos ligados ao governador afirmam que, em encontro recente com Elena, a economista indicou reaproximação com o PSDB. O movimento integrado por ela, o Livres, se distanciou do PSL depois que o partido anunciou a filiação de Bolsonaro, no começo do ano.
Com essas movimentações, aliados de Alckmin esperam que a escolha de Arida e a desistência de Huck de disputar o Palácio do Planalto deem um fôlego extra ao tucano na corrida presidencial de outubro.
Embora seja o favorito dentro do PSDB para concorrer ao cargo, a possibilidade de o governador ganhar as eleições é vista com desconfiança por quadros do partido. De acordo com a última pesquisa Datafolha, ele tem apenas 7% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente Lula aparece no topo, com 37%, seguido por Bolsonaro, com 16%.
"Sem dúvida, o convite ao Pérsio Arida e o fato de ele ter aceitado aproximou muito o governador da comunidade econômica do país", afirma o deputado Carlos Sampaio (SP), um dos vice-presidentes do partido.
O deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) vê na desistência de Huck a chance de grupos ligados a ele, como o Renova, somarem apoio a Alckmin. "Você tem uma vantagem muito grande com o fato de Hucknão ser candidato. E ele e ter simpatia por Alckmin é ótimo, agrega", disse.
O secretário-geral do partido, deputado Silvio Torres (PSDB-SP), disse que a diminuição de "outsiders" na corrida presidencial favorece o candidato tucano. "Esses 'outsiders' que estão sendo citados são sem dúvida nenhuma pertencem ao mesmo espectro político e ideológico", afirma. "Quanto menos 'outsiders' melhor para candidatura dele, já consolidada dentro do partido."
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