Segundo o presidente, a medida 'é uma jogada de mestre', mas ele nega ser candidato
Débora Bergamasco | O Globo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira em entrevista à "Rádio Bandeirantes" que a intervenção no Rio de Janeiro é " um jogo de alto risco, mas um jogo necessário". Temer disse também ter convicção que a medida dará certo.
— É um jogo de alto risco, mas um jogo necessário. E não vou ficar apenas na intervenção. Vou anunciar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública - disse o presidente, completando:
— Se não der certo a intervenção, não deu certo o governo. Porque o comandante supremo das Forças Armadas é o presidente da República. Então o que as Foças Armadas nada mais fizeram foi responder ao comando do seu comandante supremo.
Indagado se seria candidato à reeleição, Temer negou:
— A intervenção na segurança do Rio de Janeiro é uma jogada de mestre, mas nada eleitoral. Eu sou candidato a fazer um bom governo — garantiu.
Ainda segundo o presidente, o Rio precisava da intervenção e o estado será "um exemplo para o país". Indagado se há a possibilidade de o interventor general Valter Souza Braga Netto afastar agentes de segurança pública que hoje atuam no Rio, Temer foi categórico.
— Claro que há.
Para Temer, as Forças Armadas terão a função de garantir apoio para que a Polícia Militar desempenhe suas funções.
— Não sei se vai haver confronto entre militar, isso o momento lá é que vai dizer. Mas se houver confronto entre marginal, bandido armado, que sai dando tiro em um militar, é claro que ele não vai se deixar matar, deixar a segurança ficar absolutamente impune, não vai. Nós esperamos que não aconteça. Se for necessário, é partir para o confronto.
Depois, apressou-se em se explicar.
— 'Pera' um pouquinho. É que a gente diz essas coisas e a imprensa pega uma frasesinha e diz: 'Temer agride os diretos humanos'.
E argumentou que está montando um grupo do Ministério de Direitos Humanos para acompanhar as ações, bem como conversas com grupos do Ministério Público. Ele destacou também a necessidade de engajamento do poder Judiciário para garantir agilidade no deferimento de pedidos urgentes.
NOVO MINISTÉRIO
Temer disse que anuncia na segunda-feira quem será o titular do novo Ministério Extraordinário de Segurança Pública e que há "uns dez nomes" cotados, ainda sem definição de quem será o escolhido. A função da nova pasta será "coordenar a ação de segurança pública no país". Ele negou que haverá interferências nas investigações a crimes de corrupção e de colarinho branco.
— Vai ter até um reforço.
Ele admitiu que ainda não decidiu se a pasta será criada por meio de um decreto ou de uma medida provisória e prometeu que não haverá aumento de impostos para custear as ações nacionais de segurança pública no país.
NOTA ZERO
O chefe do Executivo negou que o clima de intervenção possa estimular um eventual golpe militar.
— Vou dar uma nota para hipótese de golpe militar: zero. Não existe mais no país absolutamente nem clima interno nas Forças Armadas, nem clima na população para um golpe militar.
E reiterou apoio à maior participação dos militares em áreas administrativas do país.
— (Participação) Não política, mas administrativa.
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