Por André Guilherme Vieira | Valor Econômico
SÃO PAULO - Pré-candidata do Rede à Presidência, Marina Silva confirmou ontem que os economistas Eduardo Gianetti da Fonseca e André Lara Resende e o engenheiro Bazileu Margarido serão coordenadores do programa econômico de seu plano de governo. Marina disse também que o economista Bernard Appy está colaborando de forma "institucional" para seu projeto de reforma tributária, por intermédio do Instituto da Cidadania Fiscal.
"Não devemos aumentar tributos, devemos simplificá-los. Sou simpática ao imposto único, mas precisa ser debatido", disse, em evento promovido pelo Banco Santander, em um teatro em São Paulo. Ela estava acompanhada por Bazileu e Giannetti.
Marina sinalizou desinteresse em compor chapa com Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) recém-filiado ao PSB. "Como eu já disse, eu tenho muito respeito pelo ministro Joaquim Barbosa. Acho que ele vai dar uma grande contribuição para o debate político e tenho respeito pela dinâmica interna do PSB. Continuamos no processo de diálogo sem que necessariamente esse diálogo implique em que se tenha de abrir a mão das candidaturas", afirmou ontem, após palestrar a grupo de cerca de 600 investidores e agentes de mercado em São Paulo, durante evento promovido pelo banco.
Marina afirmou ainda que é necessário promover a reforma da Previdência, mas disse discordar do desenho proposto pelo presidente Michel Temer, que para ela não tem "legitimidade nem credibilidade para fazer reforma alguma".
"Ele [Temer] ganhou [a eleição de 2014 junto com a presidente Dilma [Rousseff] dizendo que o Brasil estava divino, maravilhoso, que não precisava fazer nada. Bastava continuar os dois de mãozinhas dadas que o Brasil estava cor de rosa. E inviabilizou o debate da reforma da Previdência por oportunismo político", criticou.
Marina disse que seus adversários políticos na eleição presidencial de 2014, da qual saiu derrotada no primeiro turno, formaram uma organização criminosa. No entanto, não citou nominalmente Dilma Rousseff e o atual senador Aécio Neves (PSDB-MG).
"Todos nós aprendemos que boa parte daqueles que estavam disputando a eleição não estavam disputando a Presidência, mas o controle de uma organização criminosa (...) É um aprendizado meu, saber que tem muita gente disputando uma espécie de salvo-conduto, quase um habeas corpus", ironizou a presidenciável. À noite, Marina divulgou nota sobre a abertura de ação penal no STF que tornou Aécio réu por obstrução de Justiça e corrupção passiva no caso JBS. Ela classificou o episódio como grave e disse que "ninguém pode ficar impune sob o manto do foro privilegiado!".
Ex-ministra do Meio Ambiente no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Marina aparece na mais recente pesquisa Data Folha como a maior beneficiária do impedimento legal para o petista concorrer - ele está preso em Curitiba após condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro atreladas ao esquema Petrobras, e deverá ficar de fora da disputa em razão da legislação da Ficha-Limpa.
Sobre medidas para a economia, a pré-candidata procurou passar uma mensagem de moderação, afirmando que não vai tirar "coelho da cartola".
"Ele já foi tirado pelo Plano Real. A gente vai tirar o coelho da gaiola, que ele foi enjaulado nos últimos anos e com isso nós voltamos a ter inflação, déficit público, um monte de problemas. Tivemos uma pequena recuperação de 1%, mas ainda é muito pouco", avaliou.
Marina disse também que pretende fazer uma campanha modesta, usando voos de carreira do início da manhã para economizar. "Chamei minhas amigas para fazer um brechó para renovar o guarda-roupa da candidata", disse.
Também palestrante do evento, o pré-candidato e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) disse que não quer ser vice em eventual chapa de Temer. Mas reconheceu que abrirá mão da candidatura se o presidente decidir concorrer.
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