Pré-candidato do PSDB à Presidência evita defender colega que virou réu
Maria Lima | O Globo
-BRASÍLIA- Com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tornado réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e obstrução de Justiça, o pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, evitou defender o colega de partido e disse que a lei é para todos. O partido definiu como estratégia tratar o caso como um processo “pessoal” do parlamentar mineiro.
— Não existe Justiça amarela, azul, verde ou vermelha. Existe Justiça. E, primeiro, decisão judicial se respeita. E, segundo, a lei é para todo mundo — afirmou Alckmin.
Em um encontro de vereadores realizado ontem em Brasília, Alckmin foi questionado sobre o que faria, se eleito, para combater a corrupção. O pré-candidato respondeu que “quem fica rico na política é ladrão”. Depois, questionado se Aécio se enquadrava nessa sua afirmação, esquivou-se:
— Não vou fazer prejulgamento. Aécio é de família abastada — disse.
TUCANOS TEMEM CONTÁGIO
Com a condição de réu de Aécio, o PSDB tenta evitar que o episódio contamine a campanha presidencial de Alckmin. O temor dos tucanos é que Alckmin perca apoio nas urnas caso seja associado ao aliado. O senador mineiro, além de ter sido o candidato do PSDB à Presidência em 2014, presidiu o partido nos últimos anos e se manteve no comando da sigla até mesmo durante o período mais agudo do escândalo da delação da J&F, que o atingiu em cheio.
Já referendando a estratégia definida de separar a candidatura de Alckmin da situação judicial de Aécio, senadores do PSDB adotaram o discurso de que a situação do colega é de caráter “pessoal”.
— Esse é um assunto privado do senador Aécio Neves e nada tem a ver com o partido. Temos que separar o público do privado. O julgamento nos deixa numa situação de dificuldade dada à relação pessoal que temos com ele. Não é nada relacionado à sua atividade legislativa, como senador. Cabe à Justiça examinar — disse, antes do julgamento, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), candidato ao governo do Maranhão, que acertou a ida de Alckmin a São Luís no próximo dia 5 de maio para o primeiro evento da précampanha no Nordeste.
— Será um julgamento fora do partido. É um problema pessoal do senador Aécio, que está tendo toda a liberdade para se defender — completou, no mesmo tom, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que será o candidato tucano ao governo do Tocantins.
Apesar da estratégia, não há no PSDB qualquer movimentação para uma medida mais drástica, como a suspensão ou afastamento do senador mineiro até a conclusão do processo. Mas, nas entrelinhas, o sentimento é que Aécio deve tomar a decisão de não disputar as eleições, para não atrapalhar as candidaturas de Alckmin e do senador Antonio Anastasia, que vai disputar o governo de Minas Gerais.
— Cabe ao Aécio definir o que vai fazer — disse o tucano Alckmin.
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