César Felício e Ricardo Mendonça | Valor Econômico
SÃO PAULO - Vinte e seis anos após a fundação do Partido Popular Socialista (PPS), oriundo do antigo Partido Comunista Brasileiro ou "Partidão" (PCB), a legenda comandada pelo atual suplente de deputado federal Roberto Freire (SP) deve trocar de nome. O político aceitou a sugestão de novos dirigentes militantes de movimentos que pregam renovação e autorizou a realização de estudos para criação de uma marca partidária.
"O diretório ficou de definir em reunião que vamos convocar em breve. Depois da troca de nome que fizemos em 1992, que mexia com a história das pessoas, mudar de novo agora não tem problema", afirmou. A sigla recebeu a filiação de diversos integrantes de movimentos como o Agora!, Renova BR, Livres e Acredito. Grande parte deles orbitava em torno do apresentador Luciano Huck, que foi cogitado como candidato a presidente, mas desistiu de concorrer e não se filiou este ano.
"Nós temos motivo para mudar de novo, porque o partido mudou com estas filiações. Estamos nos aproximando do modelo da Alemanha, onde governa uma coalizão de democratas-cristãos, liberais e sociais-democratas. Só que a gente repete isso no microcosmo de uma sigla", afirmou.
Os envolvidos preferem não citar as sugestões de nomes em análise. Um que tem sido mencionado em conversas informais é Movimento 23, em alusão ao número eleitoral. Freire afirma que, caso haja concordância no diretório nacional, é possível fazer a mudança até junho, a tempo de ser usado nas campanhas deste ano.
Um dos entusiastas da ideia é o economista Humberto Laudares, recém-filiado, integrante do movimento Agora!. Ligado a Luciano Huck e bolsista do RenovaBR (que financia a formação de jovens interessados em exercer influência na política), ele é pré-candidato a deputado federal em São Paulo. A sugestão de aposentar a sigla PPS foi feita por meio de uma carta à direção partidária, assinada em conjunto com representantes de outros dois movimentos, o Livres e o Acredito.
"O nome do PPS não diz muito para os movimentos. Popular Socialista não combina nem com os posicionamentos do partido no Congresso", diz ele. "A ideia é ouvir profissionais que possam trazer sugestões de nomes que tenham mais identidade com os movimentos que estão ingressando no partido."
Quatro representantes de movimentos pró-renovação ganharam assento no Diretório Nacional do PPS, formado por 90 filiados. Laudares, um deles, também ganhou posição na Executiva do partido, que reúne 30 dirigentes.
Ele demonstra entusiasmo com a missão: "Há uma crise de descrédito muito grande com os partidos e a política. O PPS reconhece essa crise e está se mostrando aberto a pensar como deve ser o partido do futuro. Com mais participação, mais engajamento. Os partidos grandes não abriram nenhuma porta para renovação".
Embora patrocine o ingresso de novos nomes no PPS, Freire é o mais longevo comandante de partido político relevante no país. A última troca de presidente foi em 1991, quando a sigla ainda se chamava PCB. Laudares reconhece a contradição, mas louva o que chama de disposição do PPS em começar a agir diferente. "O PPS não é diferente dos outros, quase todos até hoje controlados por grupos que lideraram a redemocratização. Ele [Freire] tem honrado tudo o que a gente combinou. Vai ter democracia interna? Vamos ver. É uma construção em conjunto."
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