Ex-integrantes criticam centralização de grupo da ex-ministra
Dimitrius Dantas e Tiago Aguiar* | O Globo
SÃO PAULO - Enquanto enfrenta dificuldades para fechar alianças para a précampanha da presidenciável Marina Silva, a Rede Sustentabilidade tem um histórico de dissidências que ajuda a entender a estrutura de poder do projeto político da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente.
Ex-integrantes da Rede apontam que a atuação do núcleo do partido, mais próximo de Marina, diminuiu a democracia interna no partido. Em São Paulo, as dificuldades da legenda vêm desde 2016, quando o então porta-voz estadual — como os presidentes de diretórios regionais são chamados — deixou o partido por discordâncias com a Executiva Nacional. Nelson Pedroso foi fiel ao projeto de Marina desde que o movimento da pré-candidata ocupou o PV para a disputa da eleição presidencial de 2010. Após seguidos desgastes, desligou-se do cargo e da sigla. Para ele, a Rede tem dono:
— A verticalização aplicada pelos “mais próximos” de Marina produziu um efeito devastador, fazendo com que muitos se afastassem. Ocorreram substituições de todos aqueles que foram afastados, por um boicote sincronizado. Mesmo assim, fizemos alguns “milagres”, sem nenhum suporte de qualquer ordem.
Samuel Braun, ex-porta-voz no diretório do Rio, deixou a legenda no fim do ano passado após discussões com a Executiva Nacional. Hoje no PSB, afirmou que, sobretudo durante o período em que discutia-se o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), os filiados mais à esquerda no partido foram escanteados e tachados de “puxadinho do PT”. Responsável por atrair movimentos sociais ao partido, Braun conta que alguns integrantes foram rejeitados.
— Virou uma burocracia partidária como qualquer outra — disse o ex-filiado, acrescentando que, para ele, a Rede ainda está acima da média dos outros partidos.
A influência da Executiva Nacional pode ser medida pelo número de comissões provisórias formadas ao redor do país. Dos 324 órgãos partidários da Rede, 275 são provisórios, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso significa que essas instâncias têm força limitada, pois podem ser destituídas numa canetada. A Rede não chega a ter a mesma situação que o PR, que tem 99% de comissões provisórias, mas tem 85%, acima da média de 70% verificada entre as 35 legendas do país. (*Estagiário sob supervisão de Leandro Loyola)
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