- Folha de S. Paulo
Entre eleitorado cativo e espaço limitado, deputado pode chegar ao 2º turno
A um mês do início oficial da campanha presidencial, as pesquisas mostram o seguinte cenário para Jair Bolsonaro (PSL):
1) Seu eleitorado parece consolidado; 2) Embora tenha espaço para crescer, o campo é relativamente estreito; 3) Ainda assim, o núcleo que construiu até agora pode levá-lo ao segundo turno.
O deputado conquistou uma fatia razoável de eleitores nos grupos mais ricos e escolarizados. Nesses segmentos, ele aparece estável nas pesquisas há quase um ano, mas cresceu o número de pessoas que citam espontaneamente seu nome —antes de ver uma lista de candidatos.
Os dados sugerem que Bolsonaro tem um eleitorado cativo, disposto a carregar seu nome durante uma campanha em que outros candidatos terão estrutura partidária forte e mais projeção do que o deputado.
Para o militar reformado, pode ser mais importante sobreviver aos ataques dos rivais e sustentar seu patamar de votos de 20% do que investir na conquista de novos territórios.
Embora enfrente rivais impopulares, a taxa de rejeição de Bolsonaro não é exatamente baixa. Um terço dos brasileiros não votaria no presidenciável do PSL de jeito nenhum.
Sua rejeição é mais alta exatamente nos segmentos que mais o conhecem e mais o apoiam: ricos e escolarizados. Entre os mais pobres, os números indicam que Bolsonaro ainda teria um eleitorado inexplorado. Não será fácil, porém, atrair esse grupo.
A postura antipetista também limita seus movimentos, embora tenha rendido votos até aqui. O eleitorado de baixa renda e indeciso é composto por uma boa fatia de órfãos do ex-presidente Lula. Nas simulações de segundo turno, esse eleitorado se aglomera contra Bolsonaro: no eleitorado mais pobre, ele não passa de 30% das intenções de voto.
Bolsonaro larga de uma posição relativamente confortável. O caminho pela frente é acidentado e ele só tem um fusquinha para atravessar o circuito, mas o combustível acumulado pode ser suficiente para mantê-lo vivo entre os adversários.
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