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A maior notícia falsa da história recente do país
Sem perder a pose, como se expusesse a mais cristalina das verdades, a senadora Gleisi Hoffman, presidente do PT, em entrevista concedida, ontem, a jornalistas estrangeiros, disse sem franzir o cenho que seu partido não trabalha com a hipótese de o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad substituir Lula como candidato à presidência da República.
Haddad, segundo ela, será registrado apenas como vice quando o PT pedir amanhã à Justiça Eleitoral o registro da candidatura de Lula. Diante da incredulidade dos jornalistas, o máximo que Gleisi se permitiu foi dizer que o partido irá “às últimas consequências” para impedir que a candidatura seja barrada, e que Lula estará em campanha “de um jeito ou de outro”.
De duas, uma. Ou Gleisi quis dar a entender que Haddad será trocado por outro candidato no caso de a Justiça considerar Lula impedido de disputar com base na Lei da Ficha Limpa, ou então mentiu outra vez. É certo que mentiu. O candidato é Haddad, com Manuela d’ Ávilla (PC do B) de vice. O PT “não trabalha com essa hipótese” simplesmente porque deixou de ser hipótese.
No momento em que tanto se discute nos meios de comunicação, nas universidades e por toda parte o fenômeno das notícias falsas, um país do tamanho de um continente vive há meses sob o impacto da maior “fake news” da sua história política recente – a candidatura de um condenado e preso. Outras, no passado, produziram enormes estragos. Com essa não será diferente.
“Você não terá eleições livres e democráticas se proibir o principal candidato de disputar”, disse Gleisi aos jornalistas. Não disse por que mesmo assim o PT participará das eleições de qualquer maneira. Não seria mais coerente denunciá-las por sujas e pregar a abstenção ou o voto nulo? É o que promete fazer o minúsculo Partido da Causa Operária (PCO), por ora aliado do PT.
Gleisi comparou o que chama de “atuação política do Judiciário” no Brasil e em outros países da América Latina com as ditaduras militares que governaram tais países nas décadas de 1960 a 1980 – outra informação falsa. Sob uma ditadura, o Judiciário não atua. Pode atuar uma contrafação dele. Nada se compara a uma ditadura. E ditadura de direita ou de esquerda é a mesma coisa.
Não passou pela cabeça de nenhum ditador sugerir que seus partidários acrescentassem ao seu nome o nome dele. Tampouco passou pela cabeça dos partidários fazerem isso espontaneamente. A primeira coisa que fez a família Lula foi adotar “Lula” como sobrenome. Os petistas mais sabujos seguem seu exemplo. Dá-se como provável que Haddad fará o mesmo para atrair mais votos.
Dinheiro público pelo ralo
Quem paga as despesas do PT com a campanha de ficção do candidato a presidente da República encarcerado em Curitiba?
O dinheiro público. Dinheiro seu, meu, de todos nós e que poderia ser melhor empregado.
Quem pagou até ontem o salário da funcionária do gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PSL) que dava comida aos cachorros dele e na maior parte do tempo vendia açaí no Rio de Janeiro?
O dinheiro público.
Quem pagou a foto oficial de campanha de Ciro Gomes com mais cabelos do que ele tem de fato, e de Kátia Abreu com menos anos de vida do que aparenta?
O dinheiro público, ora.
A partir de 31 deste mês, o dinheiro público pagará os custos dos programas e comerciais de rádio e de televisão dos candidatos às eleições de outubro onde a verdade será a primeira vítima.
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