‘Vai dar crush em quem admira esse sujeito?’, afirma comercial de Alckmin; programa do tucano dirá que problemas não se resolvem ‘na bala’
Adriana Ferraz / Pedro Venceslau | O Estado de S. Paulo
Em ação para atrair o voto feminino, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) estreou no horário eleitoral do rádio com comerciais em que Jair Bolsonaro (PSL) é acusado de agredir mulheres. No espaço aos candidatos a governador, João Doria (PSDB) citou sua renúncia à Prefeitura de SP. Paulo Skaf (MDB) falou do Sesi.
Depois de afirmar, no primeiro comercial veiculado na TV, que “as coisas não se resolvem na bala”, em um ataque indireto ao discurso do candidato Jair Bolsonaro (PSL), a campanha do presidenciável tucano Geraldo Alckmin (PSDB) passou a acusar o adversário de agredir mulheres, em ação clara para atrair o voto feminino.
Segundo a mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Bolsonaro tem a preferência de 28% dos eleitores homens, enquanto apenas 13% das mulheres dizem que pretendem votar no deputado.
Em inserção no rádio, duas amigas conversam sobre um aplicativo de paquera quando encontram um “gatinho” que vota em Bolsonaro. “Miga, sua louca, Bolsonaro agride mulher, xingou uma repórter e disse que não estuprava uma deputada porque ela não merecia. Você vai dar crush (combinar) num cara que admira esse sujeito? Se ele pensa igual ao Bolsonaro, ele pode agir como o Bolsonaro. Deus me livre”, diz o comercial.
Em seguida, a amiga indica a outra que escolha um “cara mais centrado, cabeça no lugar, que curta o Geraldo”. Em uma tentativa de criar empatia com Alckmin, a campanha adotou o mote “cabeça e coração” e segue, em outras inserções, com mensagens contra o presidenciável que lidera as intenções de voto no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Operação Lava Jato.
Em pelo menos metade das inserções já prontas para veiculação nas emissoras de rádio no primeiro dia do horário eleitoral gratuito, o tom é agressivo contra o deputado. Em função das alianças, Alckmin é o candidato com mais comerciais. Serão 434 no total, ou 12 inserções diárias até às vésperas da eleição. Bolsonaro tem uma inserção a cada três dias.
Procurada pela reportagem, a campanha de Bolsonaro não quis comentar o comercial.
‘Na bala’. Já o primeiro programa no horário eleitoral gratuito de TV do candidato do PSDB, que vai ao ar hoje, tentará convencer o eleitor de Bolsonaro de que os principais problemas no Brasil não se resolvem “na bala”. Em outra frente, o tucano buscará afastar de sua candidatura a imagem de um político burocrático e distante dos problemas do País.
Alckmin, conforme a mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, está com 7% das intenções de voto no cenário sem Lula, no qual o líder é justamente Bolsonaro, com 20%.
O vídeo do programa eleitoral enviado pela campanha à Justiça Eleitoral começa com uma atriz negra no meio de uma bandeira brasileira dividida. “Eu não sou diferente de você. Eu também tô ‘P’ da vida. Eu também acho que do jeito que tá não pode ficar. Mas por mais indignada que eu gente esteja, e eu tô, muito, eu decidi que nesse ano eu não vou votar com raiva. Com raiva a gente não pensa. E quando a gente não pensa a chance de fazer besteira aumenta.”
A atriz continua dizendo que é “só olhar o Facebook, o WhatsApp” e ver o “ódio, os amigos brigando e o País dividido”. Ela termina dizendo que é a hora do “equilíbrio”, do “bom senso” e de alguém que resolva “usando a cabeça e o coração”.
Na sequência, o programa repete a inserção que já foi compartilhada pela própria campanha nas redes sociais. Ao som de uma música calma, o projétil de um revólver atingem objetos que simbolizam o desemprego, o analfabetismo, a fome e outros. Na último segundo, a bala segue em direção à cabeça de uma criança. “Não é na bala que se resolve”, diz a legenda – em uma clara alusão ao discurso de Bolsonaro.
No último segmento, o programa mostra a história de Verônica. A legenda na tela é “Não é na bala que se resolve o problema da Verônica. Moradora de uma comunidade no norte do Pará, ela foi diagnostica com leucemia LLA e precisou viajar 3 mil quilômetros para se tratar em São Paulo.
Alckmin aparece vendo o mesmo vídeo e um monitor. “Como médico fico feliz em ver que a Verônica está vencendo o câncer, mas como homem público essa história me entristeceu profundamente...” A partir daí, o candidato crítica a situação da saúde pública no País.
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