Bolsonaro acerta ao ampliar estrutura de enfrentamento da violência e da corrupção
Se o candidato Jair Bolsonaro foi eleito com um discurso de apoio forte ao combate à corrupção, com citações favoráveis à Lava-Jato, seria um desdobramento natural ele, vitorioso, convidar o juiz Sergio Moro para o primeiro escalão do governo. Aconteceu, Moro aceitou, e a escolha é a de maior impacto positivo até agora.
A quem comentou com o juiz as repercussões negativas junto à oposição, principalmente o PT, Moro, com razão, disse que já é mesmo atacado desde sempre.
De fato, pois a militância petista sempre foi muito ativa dentro e fora do país em investidas contra o principal magistrado da já histórica Operação Lava-Jato.
A criativa banca de advogados de Lula, como esperado, já prepara recursos com argumentos de que a nomeação de Moro por um governo antipetista configuraria a parcialidade no julgamento do ex-presidente. Mas, para ter base sólida, a argumentação precisa atingir todos os juízes do TRF-4 (Porto Alegre), STJ e Supremo que já votaram contra Lula no tríplex do Guarujá, motivo pelo qual o ex-presidente está preso.
Mais importante que debater essas acusações de fundo político-partidário é destacar a estrutura reforçada que será colocada à disposição de Moro. Nos Estados Unidos e na Itália já se nomearam homens fortes, “czares”, para conduzir o Estado no enfrentamento do crime.
No Brasil de Bolsonaro, para reverter a séria crise econômica, cria-se um superministério para Paulo Guedes. No caso da seriíssima situação da segurança pública e da degradação moral da vida pública, a pessoa será Sergio Moro, que também contará com uma estrutura reforçada. Em sã consciência, não se pode deixar de concordar com a lógica da escolha de Moro.
Há tempos concluiu-se no Brasil que, sem que os governos, de maneira integrada, enfrentem o crime organizado, que já ultrapassou fronteiras internas e externas, o estado democrático de direito não terá chances. Cedo ou tarde, há o risco de leis de exceção serem propostas.
O relacionamento construído por Moro, na Lava-Jato, com a Polícia Federal, que volta para o Ministério da Justiça a fim de encorpá-lo, é um aspecto importante desta escolha de Bolsonaro. Outro é a experiência que o juiz acumulou no acompanhamento de processos de corrupção em que não falta o uso de esquemas de lavagem de dinheiro. Coibilos é uma das especialidades de Moro, desde antes da Lava-Jato.
Ter na sua jurisdição o Ministério da Transparência, a Controladoria-Geral da União e pelo menos parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) é outro ponto forte.
O Estado brasileiro pode ter começado a se estruturar para de fato fazer frente às máquinas da criminalidade que atuam no Brasil, fora e dentro da esfera pública. Da corrupção ao tráfico de drogas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário