À medida que desce do palanque, presidente procura ponto de equilíbrio acerca do assunto
Na noite de terça-feira passada, em Davos, quando fez seu pronunciamento no Fórum Mundial, o presidente Jair Bolsonaro, à saída do jantar oferecido pelo presidente do encontro, Klaus Schwab, foi perguntado pelo jornal “Valor Econômico” se o Brasil ficará no Acordo de Paris. “Por ora”, foi a resposta.
No seu discurso, mais cedo, o presidente defendera a compatibilização entre atividades produtivas e a preservação do meio ambiente, algo desejável e possível.
Neste contexto, a resposta meio evasiva do presidente significou um avanço em relação à campanha, quando dissera que retiraria o país do pacto multilateral.
Outra mudança de postura para melhor ocorreu em relação ao destino do Ministério do Meio Ambiente, que se tornaria um apêndice da Agricultura, mas foi mantido independente.
O fato é que o Brasil só tem a ganhar na preservação ambiental. Pois assim evitará sanções no comércio exterior a suas commodities agropecuárias, em que tem poucos concorrentes. Conquistou posições de liderança na soja e em carnes, e precisa proteger essas exportações de barreiras criadas como retaliação ao desmatamento.
O próprio presidente, ao mostrar no discurso que o país usa, em termos relativos, pequena extensão de terras na sua agropecuária, e que cresce mais em função dos avanços de produtividade, deu a entender que reconhece não ser necessário desmatar a Amazônia para elevar a produção. E é fato.
O Brasil tem vantagens na busca por uma economia de baixo carbono. Apesar do aumento do uso de termelétricas a óleo, mantém uma matriz energética das mais limpas do mundo. Enquanto amplia o parque eólico no Nordeste. Não faz sentido, até por estratégia de política externa, jogar fora esta vantagem.
Há, ainda, o aspecto científico. A contaminação ideológica dos debates sobre o aquecimento global transforma o assunto em fonte de inspiração de grandes conspirações ilusórias. Mas não é mais possível negar provas científicas das mudanças no clima. Como da interferência da Humanidade no atual ciclo de aquecimento, por meio de atividades que geram perigosas emissões de carbono.
Sair do Acordo de Paris, como os EUA de Trump, seria isolar-se na comunidade mundial. O poder dos americanos os torna atores de peso no jogo diplomático, em qualquer circunstância. Não é o caso do Brasil, parece entender Bolsonaro.
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