‘Deixa as investigações continuarem, tá ok?!’, disse o presidente, sobre suspeitas de envolvimento do titular do Turismo em esquema de candidatas laranjas
Karla Gamba / O Globo
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro evitou ontem comentar as acusações de envolvimento do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, em um suposto esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. Perguntado sobre a situação do ministro, na saída de um evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro não quis responder e disse que as investigações deveriam continuar.
—Deixa as investigações continuarem, tá ok?! —disse o presidente. Em entrevista ao GLOBO, anteontem, Adriana Moreira Borges, candidata a deputada federal pelo PSL de Minas Gerais, disse que um ex-assessor de Álvaro Antônio condicionou repasse de R$ 100 mil do fundo partidário à devolução de R$ 90 mil . A garantia, segundo ela, deveria ser dada por meio de nove cheques com valores em branco. Adriana não aceitou e recebeu apenas R$ 4 mil. Em depoimento ao Ministério Público, a ex-candidata reafirmou o que disse na entrevista.
TRÊS CASOS EM MINAS
Adriana é a terceira integrante do PSL, em Minas, a denunciar a existência de um esquema para desvio de verbas públicas do fundo de campanha do partido de Bolsonaro. Ela afirmou que não levou o assunto ao presidente e que se sentiu traída pelo partido:
— Não quis levar (o assunto a Bolsonaro), fiquei tão frustrada, quis retirar a candidatura. Nós que entramos no PSL achávamos que este era um partido do bem. Queríamos mudar este país. Foi um choque tão grande, que, quando fui embora, entrei no carro e fiquei cinco minutos respirando. Como pode? Que nojeira. Assim como Bolsonaro, o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), disse que é preciso aguardar as investigações que envolvem o ministro do Turismo:
— Eu acho que devem ter prosseguimento todas as apurações. A minha preocupação nesse momento é não prejulgar. Nas apurações que devem estar por serem concluídas, se houver culpa, que seja exonerado, demitido do ministério. Mas, na presunção de inocência, que se conclua as investigações para que não seja um assassinato de reputação. Se houver a identificação de culpa, já terá arranhado a imagem do governo e do PSL. Essa é a minha visão como dirigente do PSL aqui no estado (de São Paulo).
O senador admitiu que o caso desgasta o governo:
— Desgastou, já desgastou, tanto que estamos falando disso. O ministro do Turismo disse que “não autorizou pedidos de devolução de recursos do fundo partidário”, que “desconhece e repudia essa prática”. Em nota, afirmou esperar que a “denúncia seja apurada para mostrar a verdade dos fatos”.
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