Governo e PSL são afetados por denúncias de que titular do Turismo fez desvios
A descoberta, feita pela “Folha de S.Paulo”, de duas candidatas laranjas do PSL em Pernambuco, expôs mais um esquema de corrupção desenvolvido nos porões da política, para, a partir de uma lei com intenção meritória, surrupiar do Tesouro dinheiro do contribuinte. Pois foi com base na cota de 30% dos candidatos reservada a mulheres, para aumentar a diversidade de gênero na representatividade política, que se teve a ideia de lançar candidatas fajutas apenas para desviar dinheiro do Fundo Eleitoral. Criado, ironicamente, com a intenção de combater a corrupção eleitoral, enquanto se proibia, no Supremo, o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas, como se o caixa 2 não fosse uma das especialidades brasileiras.
O que parecia uma prática apenas do PSL foi revelado por sucessivas reportagens da imprensa profissional de que se tratava de um golpe multipartidário — assim como demonstrou a Lava-Jato. Mas o partido do presidente Jair Bolsonaro contribui para o escândalo com pelo menos um caso emblemático. Ele envolve o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, deputado reeleito pelo PSL mineiro, e presidente do diretório regional da legenda.
Marcelo Álvaro é denunciado pela candidata não eleita a deputada federal por Minas, pelo PSL, Adriana Moreira Borges, de ter proposto a ela, por meio do assessor Roberto Silva Soares, receber do fundo eleitoral do partido R$ 100 mil, desde que ficasse com apenas R$ 10 mil e devolvesse os R$ 90 mil restantes. Este estorno por baixo da mesa de dinheiro público é a falcatrua. Na versão mais cândida, seriam recursos a serem investidos em outras candidaturas mais promissoras, ou poderosas, dentro da legenda.
Entrevistada pelo GLOBO, Adriana Moreira, representante comercial, apoiadora de Bolsonaro, relatou que lhe foi pedido para assinar cheques em branco, para os R$ 90 mil serem supostamente transferidos a outras candidaturas, talvez à do próprio então futuro ministro. Adriana não aceitou, diz.
Há veementes desmentidos, como de praxe, mas o importante são as investigações abertas pela Justiça.
Contra o ministro há o agravante de uma outra candidata, esta a deputada estadual, Zuleide de Oliveira, ter revelado à “Folha” haver sido convidada pelo próprio Marcelo Álvaro a candidatar-se, desde que concordasse devolver parte dos recursos recebidos do partido. A mesma falcatrua.
As histórias têm implicações especiais no PSL, porque foi no desdobramento dos casos de Pernambuco, dentro da família Bolsonaro, que o ministro Gustavo Bebianno terminou demitido por Bolsonaro, influenciado pelo filho Carlos, vereador no Rio.
O próprio partido precisa tomar cuidados especiais, por ser a legenda de um presidente eleito com a bandeira da anticorrupção. Além do golpe no Fundo, que não é exclusivo, reconheça-se, ainda paira no ar a história mal explicada de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, sobre altas cifras que transitaram por sua conta bancária.
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