"Um presidente simboliza, mais que um partido, uma nação. É preciso perceber que o exercício da Presidência requer pôr de lado a visão partidária. Não é fácil equilibrar, mas enquanto está no exercício da Presidência tem que escutar o outro.
A democracia envolve a aceitação da diversidade e de que alguns ganham e outros perdem. Quando um líder personalista ganha uma eleição e se acha o senhor de tudo, há um problema. Ninguém tem a garantia que a democracia vai prevalecer, por isso creio que temos de cuidá-la. Há um momento de nacionalismo autoritário em várias partes, será que isso vai predominar?
A geopolítica está mudando e nossos países têm que olhar a longo prazo, como fazem os chineses. O poder não deriva apenas do lado econômico, é mais complexo. Os chineses têm estratégia, visam o longo prazo, é um país antigo. Isso temos de aprender
A capacidade de ganhar dinheiro, hoje, não está vinculada em ter muitos empregados senão com a tecnologia moderna, que requer uma preparação específica. isso gera uma angustia grande nas pessoas. Há muito mais pessoas que se chama desamparadas e isso abre espaço ao populismo. O populismo de Perón e de Vargas incluía aos que estavam fora; agora é excludente: 'não quero o imigrante, o estrangeiro, o diferente'. É complicado... Qual vai ser a ideologia que vai reproduzir esse pensamento? O que tem de mudar são as instituições. É duro para um democrata, como eu, dizê-lo, porém, neste momento se necessitam lideranças."
*Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República, em palestra no Seminário Democracia & Desenvolvimento, jornal Clarín, Argentina, 22/8/2019
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