terça-feira, 29 de outubro de 2019

Eleições locais na Colômbia são golpe para governo conservador

Candidata homossexual é eleita primeira mulher prefeita de Bogotá

- O Globo

As eleições locais realizadas ontem na Colômbia são consideradas um marco nas duas principais cidades do país, Bogotá e Medellín. Com 35,23%, Claudia López, candidata da Aliança Verde, torna-se a primeira mulher eleita prefeita na capital. Ela, que em meados da década passada denunciou o conluio entre política, tráfico de drogas e paramilitares, e provavelmente foi a representante pública que mais defendeu a luta contra a corrupção nos últimos anos, venceu Carlos Fernando Galán, filho do candidato presidencial morto em 1989, com 32,47%. ex-senadora,

de origem popular, lésbica, forte defensora do processo de paz com a extinta guerrilha das Farc, López ocupará o segundo lugar em relevância política em um país conservador e principalmente católico. Em seu primeiro pronunciamento como prefeita eleita, prometeu “unir Bogotá”.

—Vamos fazer um governo para todos, não apenas para aqueles que confiaram em nós — disse López, que falou sobre educação, transporte, mudança e igualdade. — Bogotá votou para derrotar o machismo e a homofobia. Não duvide: mudança e igualdade são imparáveis.

O beijo entre a prefeita eleita e sua mulher, Angélica Lozano, no salão onde o partido acompanhava os resultados, foi muito compartilhado nas redes sociais, no domingo, e ontem despertou críticas e elogios. “Um beijo, que pode ser um ato tão cotidiano, foi tomado como agressivo por certos setores ultraconservadores”, observou a revista colombiana Semana.

Daniel Quintero, candidato independente, teve uma vitória esmagadora na segunda maior cidade da Colômbia: Medellín. Foi uma das surpresas das eleições, que domingo renovaram os governos de mais de 1.100 municípios e os 32 departamentos do país, pela primeira vez em paz. A vitória de Quintero tem uma leitura que vai além do gabinete do prefeito, porque representa uma dura derrota para o Centro Democrático , na terra do ex-presidente Álvaro Uribe. O partido, que há um ano e meio elegeu o atual presidente Iván Duque, também não governa mais o departamento de Antioquia, um dos bastiões do uribismo.

— Perdemos, reconheço a derrota com humildade. A luta pela democracia não tem fim — disse o ex-presidente quando soube dos resultados.

O mais relevante para a política nacional, com vistas aos próximos meses, é o golpe recebido pelo Centro Democrático e por Duque.

— Esta eleição é um golpe para o uribismo, não há dúvida — diz Sergio Guzmán, diretor da consultora Colombia Risk Analysis.

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