- Folha de S. Paulo
Presidente se especializou em divulgar informações falsas para justificar absurdos
Em maio, Jair Bolsonaro ultrapassou mais um limite da realidade. Ao insistir na retirada de radares das estradas, ele disse que o controle de velocidade era uma das causas da violência no trânsito. “Prejudica. Causa mais acidente, até”, declarou.
Não era lapso ou distorção. Era mentira. O governo surfou nessa lorota e removeu os equipamentos móveis. Os acidentes não diminuíram, é claro. Ao contrário, houve aumento no número de mortos e feridos nos meses seguintes, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal.
O presidente se especializou em divulgar informações nitidamente falsas para embasar decisões disparatadas. Esse método, como se vê, tem consequências práticas sobre as políticas públicas e a sociedade.
Bolsonaro bateu recordes nesse quesito na área ambiental. Afirmou que o aumento da devastação da Amazônia captado pelo Inpe era falso (embora o alerta tenha se provado correto), culpou ONGs e incluiu até o ator Leonardo DiCaprio nessa trama fantasiosa. Tudo para mascarar sua leniência com grileiros, madeireiros e mineradores.
“Quer que eu culpe os índios? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que é esse pessoal de ONG que perdeu a teta deles, é simples”, afirmou o presidente, em agosto. Mentira.
Para continuar erguendo sua bandeira de ataques ao ensino público superior, Bolsonaro declarou, em abril, que “poucas universidades têm pesquisa, e, dessas poucas, a grande parte está na iniciativa privada”.
A fraude não foi pequena: das 20 melhores instituições do Ranking Universitário Folha na área de pesquisa, só uma escola era particular.
O presidente também disse que não havia fome no Brasil, repetiu que o nazismo era um movimento de esquerda e espalhou teorias da conspiração sobre médicos cubanos. Foi assim o primeiro ano de governo.
Tiro alguns dias de descanso nesta virada de ano e volto à coluna no dia 8 de janeiro. Um feliz 2020 a todos!
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