- Folha de S. Paulo
Datafolha traz más notícias para quem quer Bolsonaro longe do Planalto o quanto antes
O último Datafolha traz más notícias para a turma que quer ver Bolsonaro longe do Planalto o quanto antes. A reprovação ao governo parou de aumentar, estabilizando-se em torno dos 36%. É um índice muito ruim para quem está no primeiro ano do primeiro mandato --nessa mesma altura, FHC e Lula marcaram 15% de avaliações negativas; Dilma 6%--, mas o capitão reformado segue com o apoio de 30% do eleitorado.
O mais provável é que a polarização tenha acelerado um movimento de desgaste que, em condições normais, se distribuiria pelos quatro anos de mandato. Os eleitores que não são fãs ardorosos do presidente não esperaram para rejeitá-lo. A contrapartida disso é que o núcleo de apoiadores declarados também tende a ser mais sólido que o costumeiro numa avaliação de um ano de mandato.
O que deve tirar o sono dos antibolsonaristas é o fato de que a economia dá sinais de recuperação. Os 30% de apoio decidido, mais um crescimento moderado, mais a vantagem natural de quem disputa uma reeleição, que é da ordem de 80%, tornariam Bolsonaro um candidato bastante competitivo em 2022.
E, como eu já disse aqui, o prejuízo às instituições que Bolsonaro causaria com oito anos de governo é maior do que o dobro do que ele é capaz de impor em quatro. É que a resiliência dos agentes em condições de resistir às investidas autoritárias do governo diminui aceleradamente com a passagem do tempo. Os quadros da burocracia estável do Estado não são hoje bolsonaristas; serão um pouco mais dentro de quatro anos; e, em oito, poderemos até ter repartições com maioria terraplanista.
Para não terminar numa nota muito pessimista, a pesquisa revela fragilidades na imagem do governo que podem ser exploradas. Uma delas é a corrupção. Se as investigações no entorno familiar prosseguirem, poderão revelar a verdade sobre as rachadinhas --e, como Bolsonaro gosta de dizer, a verdade liberta.
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