- Blog do Noblat | Veja
Até segunda ordem
O fato mais extraordinário notado nas duas últimas semanas pelos que acompanham a República de perto é a mudança de comportamento do presidente Jair Bolsonaro.
Ele parou de dar entrevistas à saída do Palácio da Alvorada, embora não tenha de deixado de estancar por ali para cumprimentar seus devotos e posar com eles para fotos.
Parou também de falar em solenidades corriqueiras que acontecem quase diariamente no Palácio do Planalto. O encarregado do cerimonial passou a ouvir mais amiúde dele que não irá falar.
Parece mais cordial com as pessoas que costumam cercá-lo, e também mais paciente. Em sua mais recente apresentação no Facebook, não atacou ninguém nem tentou fazer gracinhas.
A que se deve isso? A duas ou três coisas pelo menos. Lula está livre e à vontade para dizer o que quiser, uma vez que não ocupa nenhum cargo público. Bolsonaro ocupa e não quer dar trela a ele.
O Supremo Tribunal Federal está pronto para confirmar a decisão do ministro Dias Toffoli que suspendeu as investigações sobre os negócios suspeitos de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz.
O melhor a essa altura para o pai de Flávio é não provocar barulho. Talvez tenha sido por isso que ele mandou que seu outro filho, Carlos, desaparecesse temporariamente das redes sociais.
Sim, e o caso do porteiro que ligou o nome de Bolsonaro ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) carece ainda de um ponto final. O porteiro segue de férias e recluso.
O momento é delicado para a família que perdeu a briga pelo controle do PSL. Terá que suar muito para criar outro partido a tempo de concorrer às eleições municipais do próximo ano.
Daí o pé no freio. Daí o que seria o mais parecido com um Jairzinho paz e amor. Devido ao personagem em questão, tudo isso poderá ir para o espaço de repente, ficando o dito pelo não dito.
Mourão com o pé na estrada
Agenda de candidato
Nunca se sabe, não é? Mas para quem se diz disposto a vestir o pijama sem reclamar se o presidente Jair Bolsonaro preferir outro vice para disputar a reeleição, o general Hamilton Mourão se comporta como se admitisse um voo solo na eleição de 2022.
É verdade que reduziu o número de entrevistas e de declarações pontuais que fazia. Muitas delas irritaram Bolsonaro e, principalmente, seus filhos. Mas, nos últimos 90 dias, pós o pé na estrada como quem se prepara para ser candidato.
O vice esteve em pelo menos 15 cidades para encontros com empresários, palestras, homenagens, visitas a fábricas e inaugurações, segundo levantamento do TAG Reporter, relatório semanal das jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros.
Em Jaraguá do Sul e Joinville, falou em associações comerciais. Em Piracicaba, visitou o grupo Hyundai Motors do Brasil. Em Maceió e em Aracaju reuniu-se com integrantes do LIDE, grupo de líderes empresariais. Fez o mesmo no Rio, em Vitória e Palmas.
A agenda de Mourão em Brasília foi pesada. Recebeu em audiência presidentes de federações de indústria e CEOs de bancos e empresas, como Citibank, Santander e Airbus. Conversou com Wilson Witzel, governador do Rio e desafeto de Bolsonaro.
Aconselhado por assessores, não passou recibo da mais recente desfeita que Bolsonaro lhe fez. A deputados do PSL, Bolsonaro disse que se arrependeu de não ter escolhido o deputado Philippe de Orléans e Bragança, “O Príncipe”, para ser seu vice.
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