No Recife havia um dialeto
família, o Gonçalves de Melo.
Nele falava minha mãe
e escrevia seu primo Gilberto.
Ele me aflora quando falo
Distraidamente ou sem ecos.
Nele nunca soube escrever:
Deve escrever-me um super-ego.
Depois de anos-luz de outras falas,
De viver de línguas alheias
p. ex, o esperanto carioca,
que menos que fala, canteia,
caio de volta no dialeto
com oito dias no Recife:
volta na fala, que na escrita
o super-ego não desiste
*In O Globo / Segundo Caderno, 4/1/2020
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