Autoridades precisam dar exemplo, afirma presidente da Câmara após Bolsonaro divulgar vídeo
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu nesta quarta (26) respeito às instituições democráticas após a revelação de que o presidente Jair Bolsonaro divulgou a amigos vídeo em apoio à manifestação do dia 15, contrária ao Congresso.
"Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas", afirmou.
"Criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir", escreveu Maia em rede social.
O protesto contra o Congresso é motivado por fala do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), que na semana passada disse a colegas que o governo estava sendo chantageado por congressistas.
Bolsonaro compartilhou no WhatsApp na terça-feira (25) vídeo de convocação para esses atos.
Na manhã desta quarta, o presidente não negou ter enviado a amigos por WhatsApp essa peça.
"No WhatsApp tenho algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal", afirmou Bolsonaro.
Líderes políticos como os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso e o presidente nacional da OAB já haviam manifestado repúdio na noite de terça-feira à iniciativa de Bolsonaro de compartilhar vídeos que convocam manifestações.
No Congresso, também houve uma série de declarações críticas à iniciativa do presidente.
Embora tenha sido eleito para comandar a Casa com o apoio do partido do presidente à época, o PSL, Maia e Bolsonaro tiveram um histórico de rusgas ao longo da legislatura.
Em março do ano passado, o deputado disse que o presidente estava "brincando de presidir o país". Em dezembro, Maia afirmou que a relação com o Planalto havia melhorado no segundo semestre.
A Câmara despontou como o principal contraponto a medidas polêmicas adotadas pelo Palácio do Planalto, já tendo articulado, por exemplo, freios a pontos do pacote anticrime e do recém-enviado projeto que permite mineração em terras indígenas.
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