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Joseph Robinette – “Joe” Biden Jr -, foi senador democrata por 36 anos pelo seu estado natal, Delaware, o sexto mais jovem a chegar ao Senado dos Estados Unidos, e um dos que registram menor patrimônio pessoal. Sua área de atuação abrange os temas das Relações Internacionais, Meio Ambiente, Segurança Pública e Justiça. Foi durante anos presidente da poderosa Comissão de Relações Exteriores e também de Justiça.
Nessa última, presidiu sessões de ampla cobertura, como a indicação de Clearence Thomas à Suprema Corte, em 1991 que, confuso com as prolixas perguntas de Biden, acusou-o de lhe atirar “beanballs” – bolas venenosas, na gíria do beisebol. Hoje, Joe Biden está 14 pontos à frente de Donald Trump em pesquisas de opinião e em números de votos para o colégio eleitoral, que é o que conta nos EUA.
Se ganhar, escreve a pergunta sobre os reflexos no Brasil da sua vitória. As três últimas declarações dele sobre o país foram negativas, indicando que tão cedo os democratas esquecerão o apoio do Presidente Jair Bolsonaro a Trump e a suas políticas. Como em Washington é tido como provável que os democratas venham a controlar o Senado, além da Câmara, e que Biden buscará alinhar-se com o Congresso em política externa e comercial, a vida do atual governo brasileiro não será fácil.
Exemplo disso, a poderosa comissão Ways and Means da Câmara adotou resolução exortando o Executivo americano a não firmar nenhum acordo de livre comércio com o Brasil. Se esse ano e meio de total alinhamento do atual governo com Trump não nos rendeu nada em termos de acordos, investimentos e facilidades na área comercial – o Brasil é o país que mais tem contribuído para o superávit comercial dos EUA, segundo o jornal Valor -, uma eventual vitória democrata certamente não reverterá esse quadro.
No plano global, Joe Biden deverá seguir posições democratas que se opõem às da “alt-right” republicana. Busca de uma melhoria nas relações com a Rússia, idem China. É provável um relativo distanciamento das atuais posições de Israel e uma maior aproximação com os árabes e apoio ao processo de paz baseado na solução de dois estados. Relançamento do multilateralismo, menor interesse na América Latina e retorno a formas de pressão diplomática sobre a Venezuela, porém sem abrir mão de sanções.
No caso do Brasil, é de se esperar do governo Biden uma relação fria, “stand still, renovada pressão sobre o desmatamento da Amazônia e direitos humanos. Tudo, ou quase, na contramão da atual política externa comandada pelo Itamarati e respaldada pelo governo Bolsonaro.
*Raul Jungmann - ex-deputado federal, foi Ministro do Desenvolvimento Agrário e Ministro Extraordinário de Política Fundiária do governo FHC, Ministro da Defesa e Ministro Extraordinário da Segurança Pública do governo Michel Temer.
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