Lula
x Bolsonaro na próxima eleição
As chamadas forças contrárias ao Bolsonaro e também ao PT estão perplexas diante da resiliência do primeiro, apesar de seu governo desastroso e indecente, e diante do crescimento do apoio ao Lula, apesar de todas notícias do ocorrido em estatais durante seu governo. É uma perplexidade diante do óbvio: o país e seu eleitorado estão divididos de maneira polarizada, o que facilita bases sectárias para os dois lados terem provavelmente lugar no segundo turno. Além disto, cada um destes lados tem se mobilizado no sentido de ampliar sua base de apoio, não só para fortalecer-se no primeiro turno, mas também para ganhar no segundo.
Apesar
de todo mal que faz, da incompetência reconhecida de seu governo, de
indicadores claros de corrupção na família e na relação com o Congresso, apesar
de quase 450.000 mortos pelo covid por relaxamento e negacionismo, apesar de
tudo isto, Bolsonaro amplia sua base junto ao Centrão e outros grupos
políticos, sem perder sua base central. Sobretudo, devido ao medo da volta do
PT ao poder. Por sua vez, o Lula circula desembaraçado, com a auréola de vítima
de perseguições jurídicas, fazendo aliança nos estados com partidos do centro e
conseguindo apoio em meios conservadores, políticos e empresariais, que nada
perderam e até ganharam durante os governos petistas.
Enquanto
isto acontece no lado do Lula e do Bolsonaro, o chamado bloco democrático e
seus candidatos, Ciro, Huck, Dória, Tasso, Leite, Mandetta, parecem perplexos
diante do óbvio. A sensação é de que estes candidatos se concentram tanto em
suas respectivas candidaturas, que caem na perplexidade ao óbvio: em tempo de
extremos, os partidos mais radicais têm facilidade para chegar ao segundo turno,
se os outros não se unificam desde o primeiro turno.
Prova
desta perplexidade é uma mensagem colocada pelo PSDB em suas redes com a capa
de um livro hipotético, tendo a foto de Bolsonaro e o título “Como trazer o PT
de volta ao poder”. Uma mensagem que passa perplexidade e derrotismo.
No
lugar de uma estratégia para ocupar ganhar os votos dos muitos que não desejam
um ou outro dos extremos, o chamado polo democrático se divide para saber quem
será o candidato. Ficam à espera de previas dentro do PSDB entre e da vontade
de outros postulantes dos demais partidos.Todos batendo cabeça e perplexos
quando percebem que os outros dois estão conseguindo apoio.
Está
na hora de os que não estão com Lula ou Bolsonaro darem um prazo aos que se
propõem a ser alternativa, para encontrarem um nome que os unifique, com uma
proposta que seduza, passando confiança aos eleitores. Talvez ainda seja tempo
de saírem da perplexidade do óbvio. Se não saírem e se unirem, não vai demorar
que seus apoiadores migrarão para um dos outros dois lados.
*Cristovam
Buarque foi senador, ministro e governador
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