Uma das primeiras vítimas, foi a política imobiliária, geradora de negócios e de emprego, Teve seu o índice potencial de vendas revisto de 300 mil para 160 mil compradores, o que pode provocar um maior desaquecimento do setor e agravar o número de desocupados no País.
Por sua vez, a inflação (IPCA) fechou janeiro, no acumulado, com uma elevação de 10,38 %, sendo que alguns produtos, inclusive de primeira necessidade, como as carnes, atingiram patamares superiores a 50%. A inflação de 3,5% com tolerância, perseguida pelo BC, de mais 1,5%, fechou o ano em 10,38%. Para 2022, é estimada em 5,4% (Meta?!...) O pico da inflação previsto pelo Ministério da Fazenda para o último trimestre do ano, ou seja, para depois das eleições, segundo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai acontecer em abril e maio. O Ministério da Fazenda previra para o último trimestre do ano, depois das eleições.
As políticas públicas estão, algumas, sem direção e outras quase falidas. Para agravar esse quadro, as chuvas no Leste e no Centro-Oeste, e as secas no Sul coincidem com ano de safras ruins. Não tem magia que resolva essas coisas, adverte o presidente do Banco Central.
Diante de um quadro como esse, fica
evidente que a avidez eleitoral de alguns para chegar à Presidência da
República não passa de fantasias pessoais. Revela uma falta de conhecimento ou
um total desprezo pelo quadro da economia que se anuncia para todo o ano de
2022, com previsões sombrias para 2023.
Em palestra, para banqueiros e empresários de São Paulo, o presidente do Banco Central deixou transparecer algumas dessas preocupações, e advertiu aos bancos, pontualmente, sobre a volta dos esquecidos negativados. Sempre foram muitos, mas agora são milhares, os que foram estimulados pela euforia das falsas estatísticas.
Por precaução, o Banco Central “já tem definida uma política para aqueles que estão comprometidos na cadeia de crédito”, revelou. Existem leis protegendo o consumidor e o cliente bancário, mas a desqualificação da governabilidade deixa credores e devedores inseguros e desconfiados. Em quem e em que dado se pode confiar! A recessão bate às portas de uma visível estagnação.
Pelo discurso oficial, a atividade econômica expandiu 4,5% em 2021. Ora, não é essa a questão. A economia brasileira está presa a verdadeiras “armadilhas”, representadas nos favores estatais, nas aplicações improdutivas e em baixas taxa de investimentos. Os governantes parecem ter perdido o controle dos indicadores, e a política fiscal sobre a economia, de tal forma que as metas para a inflação não conseguem mais dar certo. O BC esquiva-se, tentando amparar-se em cenários e metas, que não se confirmam, e o Congresso faz prenúncios ainda de uma flexibilização fiscal. Conserta-se depois ou nunca: empurrando com a barriga.
A contrapartida empresarial é insistir na redução dos impostos e na manutenção dos privilégios fiscais, que não são poucos. Os estados reivindicam o direito ou a prerrogativa de eles mesmos estabelecerem os percentuais do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias, pelo qual guerreiam entre si, ignorando o Governo Federal e os consumidores. Não estão nem aí para um endividamento astronômico, pressionando, seguidamente, por novos ajustes para a dívida astronômica, sempre acompanhado de novos pedidos de repasses federais. Em época de eleição tudo é possível.
Voltando aos endividados e aos negativados mesmo, a assistência aos sem renda deve sofrer uma peneirada a partir de 2023. O empresariado está sendo aconselhado pelos think tanks da economia a ter em mente a “sustentabilidade”. A política de “renda básica” para a população carente não deveria amparar-se mais somente na ideia de que a “demanda gera oferta”, porque esta pode estar escassa também.
As empresas são advertidas a prestar atenção aos ativos intangíveis (ambientais, humanos, sanitários, e na distribuição mais justa dos salários), chamados de ESG, uma Governança Ambiental, Social e Corporativa. O modelo obriga os contadores a se tornarem especialistas em dados ambientais, sociais e de governança. Os outrora cabulosos, hoje simples relatórios ambientais, baseados nos ISOs (International Standard Organization), poderão ser enterrados, conforme prevêm esses senhores donos das novas tendências econômicas. Vem aí a cobrança por uma “avaliação da consciência”, dizem.
Enfim, cada vez há menos espaço para as vulgaridades populistas: essa busca dos protagonismos pessoais nas eleições traçando quadros equivocados da realidade, geradores de falsas esperanças. A economia está requerendo esforços mais criativos e pragmáticos, o que, aparentemente, nenhum dos candidatos ofereceu até agora. Uma coisa é certa: endividados, negativados, desempregados, carentes, doentes e analfabetos não só não estão mais sozinhos neste mundo, como já se reconhecem.
*Jornalista e professor
Um comentário:
O pior foi a inflação alimentícia,bem acima dos 10%.
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