Mas como é uma prerrogativa legal concertada
e ofertada a partir de iniciativa do Governo (isto sim passível de se fazer benchmarking
governamental), ele apresentou a proposta para fazer o SMI chegar aos 1000
euros mensais. Para, além disso, tal mudança teria vigência retroativos para 1
de janeiro de 2022. É um aumento de 35 euros em relação ao vencimento mínimo atual,
de 965 euros mensais.
Depois de se reunir com as organizações sindicais e as associações empresariais, o Governo confirmou que pretende chegar o SMI para aquele patamar de 1000 euros com 14 contraprestações.
Apesar das organizações sindicais terem informado
que o Ministério colocou para negociação o valor de 996 euros, um dos três
cenários propostos pela Comissão Assessora de Análise do SMI que aconselhou o
Governo, mas que esse número não era a decisão final.
Nenhuma das três recomendações da Comissão coincide
com os exatos 1000 euros que são a opção do Ministério. As sugestões eram,
respectivamente, 989 euros, 996 euros ou 1005 euros, mas a proposta do Governo buscou
um valor intermédio entre os dois mais altos. Ainda assim este será um
incremento inferior à inflação esperada para este ano.
Naqueles três cenários, a atualização seria
de 22 euros, de 31 euros ou de 40 euros. A opção do Governo pela melhoria em 35
euros coloca o vencimento num número redondo. A proposta está fechada, que está
a ser confirmada num diploma do Governo. As associações empresariais não estão
de acordo, na medida em que as afeta diante da gravidade da crise
econômico-financeira, além terem de operar diante de razões estranhas à lógica
do mercado.
O objetivo do Governo passa por aumentar o
salário de forma progressiva até a retribuição atingir 60% do salário médio conforme
indicou a Comissão Assessora de Análise do SMI para o atendimento a Carta
Social Europeia até o final da legislatura, no próximo ano. Para isso, o
salário terá que alcançar os 1063 euros em 2023.
Está claro que a trajetória de melhoria do SMI
- de 31% desde 2019, em 229 euros - parece estar oferecendo um impacto na
redução da pobreza.
Ocorre que as cidadãs e os cidadãos estão
sujeitos a trabalho precário e à incerteza de relações de trabalho. Não está
claro que a reforma da legislação trabalhista ajudará a superar esse problema.
Entre nós, o salário-mínimo também tem
aumentado nos últimos anos, e o Governo voltou a atualizar a retribuição mínima
no final de 2021 para este ano, no valor horário, a R$ 5,51 (cinco reais e
cinquenta e um centavos) que não perfaz nem 1 euro.
Em Portugal com as eleições vencidas pelo Partido
Socialista (PS), o mesmo comprometeu-se em negociar um acordo na concertação
social (com um horizonte até 2026) para seguir melhorando o salário mínimo anualmente,
em função da dinâmica do emprego e do crescimento económico, com o objetivo de
atingir pelo menos os 900 euros no ano apontado.
Claro está que a Península Ibérica segue
sua jornada como jangada de pedra de José Saramago só que dessa vez
acompanhando a complexa navegação oceânica europeia por estarmos numa cercania
de um cenário dificílimo, pois advindo de lide sistêmica que extrapola aquele
continente, bem como adentra na pandemia em curso, e quiçá, por isso, quem sabe
se possam encontrar os meios para que o justo prevaleça para todas e todos.
E aqui? Alguns fingem desconhecer o mundo e
às suas contingências, e se fala para o mundo da lua. Insistisse nas verborragias
fazendo de conta que vão dirigir a vida pela força de canetadas revogatórias ou
não. Ao se virar as costas as nossas instituições, desperdiçasse o chão para se
mostrar a nossa caminhada constitucional e que tem nos orientado no sentido de
criarmos uma sociedade mais justa.
*Professor do Instituto Devecchi, da Unyleya Educacional e da UniverCEDAE.
Um comentário:
Muito bom artigo,mas ecrever 'cidadãs e cidadãos','todas e todos' eu acho de uma desnecessidade sem fim.
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