O Estado de S. Paulo
Levantamento retrata melhora na avaliação
de governo no apoio à reeleição
As redes sociais e a democratização das
fontes de produção de conteúdo político exacerbaram a capacidade das campanhas
eleitorais em produzirem mensagens “nichadas” para segmentos específicos. A
pesquisas eleitorais e seus diferentes recortes reforçaria a necessidade de os
candidatos produzirem mensagens para grupos específicos de eleitores, seja
pensando no recorte por renda, raça, opção religiosa ou geografia. As
evidências recorrentemente frustram a expectativa de grandes impactos da
campanha. Grosso modo, o jogo eleitoral é fundamentalmente um cenário de
estabilidade dos demais candidatos com exceção da candidatura à reeleição do
presidente Bolsonaro.
O levantamento mais recente do Datafolha retrata o peso da melhora na avaliação de governo no apoio a reeleição, reforçando o peso do desempenho do incumbente no cargo como condicionante do comportamento eleitoral, reforçando a tendência da eleição caminhando para o segundo turno. Se confirmado, esse movimento apenas retrataria o equilíbrio entre esquerda e direita no Brasil nas últimas décadas.
As alterações mais expressivas nas
pesquisas de opinião pública se manifestam na percepção do eleitorado em
relação ao desempenho do governo. O movimento é natural; candidaturas
governistas tem peso mais forte na persuasão do eleitorado. Trata-se do poder
da caneta contra o poder da retórica, única arma dos nomes de oposição.
Na verdade, as chances eleitorais do
presidente esbarram no seu modus operandi no exercício do poder. Bolsonaro não
faz aposta em buscar o centro. Ao contrário, seu movimento é de distanciamento
da esquerda. O voto econômico segue com peso alto, mas menos intenso diante da
sua opção pelo extremo. A avaliação de governo melhora (se aproxima do patamar
da reeleição de FHC), mas 51% de acordo com o instituto dizem não votar de
jeito nenhum do presidente, contra apenas 39% do petista.
A pesquisa também reforçou a inutilidade da
campanha eleitoral para o petista. O petista vai bem em sabatina, escorrega em
debate, exagera na retórica e basicamente nada acontece com sua intenção de
voto. Afinal, o que de novo o eleitor pode pensar sob Lula depois de intensa
exposição; de presidente a condenado, a trajetória do petista é de conhecimento
público. A comparação histórica traz algum alento ao petismo. Bolsonaro venceu
com 55% dos votos válidos, Lula tem 53% de intenção de voto no segundo turno.
Trata-se da mesma balança de poder entre esquerda e direita com sinal
invertido.
Assim, a principal questão diz respeito aos
condicionantes do voto útil. Bolsonaro já encontrou sua estratégia (revisitar
2018), Lula ainda não encontrou um plano para chamar de seu na busca pelo
eleitor cansado da polarização.
*Sócio da Tendências Consultoria é Doutor em Ciência Política (USP)
Um comentário:
Eu sou pelo voto útil.
Postar um comentário