segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Mathias Alencastro* - Direita populista veio para ficar

Folha de S. Paulo

País deve se preparar para uma política conflagrada, instável e imprevisível

Três consequências imediatas podem ser retiradas da resiliência, e talvez até do avanço, da direita bolsonarista no Congresso. No que pode ser um paradoxo, ela praticamente erradica o risco imediato de ruptura autoritária.

As vitórias das principais lideranças ideológicas do movimento garantem um espaço político privilegiado para Bolsonaro e seus aliados. Nesse contexto, o incentivo para uma aventura fora do jogo institucional se extingue sozinho.

Em seguida, o avanço bolsonarista encerra a história da direita moderada no Brasil. Predominava a impressão de que a direita, outrora unificada na grande tenda do PSDB, havia se dividido entre três direitas. A social, que aderiu à base petista via Alckmin, a liberal, que tentou se viabilizar eleitoralmente com João Doria e depois Simone Tebet, e por fim a bolsonarista.

A ilusão de que o poder eleitoral das três direitas seria redistribuído nesta eleição foi estilhaçada logo nos primeiros minutos de contagem dos votos. A derrota abismal de Rodrigo Garcia em São Paulo confirma o desaparecimento sociológico de uma categoria política, o eleitor de direta moderada.

Esse fenômeno tem sido observado em quase todas as democracias ocidentais, mas ele se manifesta no Brasil na sua forma mais extremada. À imagem de Trump, Bolsonaro estabeleceu uma hegemonia ideológica sob toda a direita, a despeito da fragilidade da sua base partidária.


Por último, o resultado do primeiro turno cria uma situação de altíssima ingovernabilidade devido ao diálogo quase impossível entre um eventual governo Lula e uma parte significativa do Congresso.

Esse impasse ameaça agendas cruciais para a recuperação do Brasil e para a própria condição humana, começando pela ciência e o meio ambiente.

A partir de hoje, o Brasil deve se preparar para uma arena política conflagrada, instável e imprevisível, à imagem da francesa depois da reeleição de Emmanuel Macron ou da norte-americana após a eleição conturbada de Joe Biden.

Apesar de Lula ter chegado perto da vitória no primeiro turno, o segundo turno deve ser apreendido como uma disputa aberta e competitiva entre Lula e Bolsonaro. O discurso de frente ampla ganha uma importância existencial, e todos os esforços devem ser feitos na direção da formação de uma coalizão democrática o mais ambiciosa possível.

Pesa nas lideranças históricas de centro e centro-direita a responsabilidade de garantir a transferência de votos do que resta de eleitores avessos ao bolsonarismo para a candidatura de Lula. O risco é real de uma vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno e de uma captura definitiva das instituições por atores sem compromisso com a democracia.

Para todos os observadores da política nacional, a capacidade demonstrada pela direita bolsonarista de mobilizar o eleitorado por baixo do radar das sondagens, dos canais de televisão, da imprensa e da sociedade civil nos obriga a repensar em profundidade a forma como a democracia é praticada no Brasil.

*Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC

8 comentários:

Anônimo disse...

Canalhas vocês não cansam de ser cínicos, depois dessa fragorosa derrota dos institutos de pesquisa e de vocês que tagarelavam a vitória do Lula, está todo mundo de conversa fiada dando uma de santo querendo saber o que aconteceu nunca vi uma imprensa tão partidária e o que é pior apoiam o candidato que assaltou o Brasil deixou nossa nação destroçada economicamente e porque não dizer social e espiritualmente
Instituto Datafolha e IPEC tem que fechar as portas e pedir desculpa ao povo brasileiro pelos seus erros grosseiros, provavelmente intencionais querendo induzir o eleitor a votar no ladrão

Anônimo disse...

Ih, o gado voltou.
Pergunto-lhe: e o datapovo do seu tocador de beeeeeeeeerrante q disse q ele teria PELO MENOS 60% não é uma derrota ainda mais fragorosa?
Eu mesmo respondo: bem, ele teve 42%.

Kkkkkkkkkk

MUUUUUUUUUito mais fragorosa.

JAIR VAI PERDER!

Anônimo disse...

E quantas fraudes eleitorais a turma do genocida registrou?? Canalhas mentirosos!

ADEMAR AMANCIO disse...

O País precisa apenas de paz.

ADEMAR AMANCIO disse...

A abstenção em massa explica muita coisa.

Anônimo disse...

Prisão para os donos da Datafolha e do IPEC por fraudar
às eleições
institutos criminosos!

Anônimo disse...

O doidinho do PT está de volta só falando besteira
Vamos vencer seu aloprado!
Kkkkk

Anônimo disse...

Pois é rapaz, concordo com você