Folha de S. Paulo
País deve se preparar para uma política conflagrada, instável e imprevisível
Três consequências imediatas podem ser
retiradas da resiliência, e talvez até do avanço, da direita bolsonarista
no Congresso. No
que pode ser um paradoxo, ela praticamente erradica o risco imediato de ruptura
autoritária.
As vitórias das principais lideranças
ideológicas do movimento garantem um espaço político privilegiado para Bolsonaro e
seus aliados. Nesse contexto, o incentivo para uma aventura fora do jogo
institucional se extingue sozinho.
Em seguida, o avanço bolsonarista encerra a história da direita moderada no Brasil. Predominava a impressão de que a direita, outrora unificada na grande tenda do PSDB, havia se dividido entre três direitas. A social, que aderiu à base petista via Alckmin, a liberal, que tentou se viabilizar eleitoralmente com João Doria e depois Simone Tebet, e por fim a bolsonarista.
A ilusão de que o poder eleitoral das três
direitas seria redistribuído nesta eleição foi estilhaçada logo nos primeiros
minutos de contagem dos votos. A
derrota abismal de Rodrigo Garcia em São Paulo confirma o desaparecimento
sociológico de uma categoria política, o eleitor de direta moderada.
Esse fenômeno tem sido observado em quase
todas as democracias ocidentais, mas ele se manifesta no Brasil na sua forma
mais extremada. À
imagem de Trump, Bolsonaro estabeleceu uma hegemonia ideológica sob toda a
direita, a despeito da fragilidade da sua base partidária.
Por último, o resultado do primeiro turno cria uma situação de altíssima
ingovernabilidade devido ao diálogo quase impossível entre um eventual governo
Lula e uma parte significativa do Congresso.
Esse impasse ameaça agendas cruciais para a
recuperação do Brasil e para a própria condição humana, começando pela ciência
e o meio ambiente.
A partir de hoje, o Brasil deve se preparar
para uma arena política conflagrada, instável e imprevisível, à imagem da
francesa depois da
reeleição de Emmanuel Macron ou
da norte-americana após a
eleição conturbada de Joe Biden.
Apesar de Lula ter chegado perto da vitória
no primeiro turno, o segundo turno deve ser apreendido como uma disputa aberta
e competitiva entre Lula e Bolsonaro. O discurso de frente ampla ganha uma
importância existencial, e todos os esforços devem ser feitos na direção da
formação de uma coalizão democrática o mais ambiciosa possível.
Pesa nas lideranças históricas de centro e
centro-direita a responsabilidade de garantir a transferência de votos do que
resta de eleitores avessos ao bolsonarismo para a candidatura de Lula. O risco
é real de uma vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno e de uma captura
definitiva das instituições por atores sem compromisso com a democracia.
Para todos os observadores da política
nacional, a capacidade demonstrada pela direita bolsonarista de mobilizar o
eleitorado por baixo do radar das sondagens, dos canais de televisão, da
imprensa e da sociedade civil nos obriga a repensar em profundidade a forma
como a democracia é praticada no Brasil.
*Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC
8 comentários:
Canalhas vocês não cansam de ser cínicos, depois dessa fragorosa derrota dos institutos de pesquisa e de vocês que tagarelavam a vitória do Lula, está todo mundo de conversa fiada dando uma de santo querendo saber o que aconteceu nunca vi uma imprensa tão partidária e o que é pior apoiam o candidato que assaltou o Brasil deixou nossa nação destroçada economicamente e porque não dizer social e espiritualmente
Instituto Datafolha e IPEC tem que fechar as portas e pedir desculpa ao povo brasileiro pelos seus erros grosseiros, provavelmente intencionais querendo induzir o eleitor a votar no ladrão
Ih, o gado voltou.
Pergunto-lhe: e o datapovo do seu tocador de beeeeeeeeerrante q disse q ele teria PELO MENOS 60% não é uma derrota ainda mais fragorosa?
Eu mesmo respondo: bem, ele teve 42%.
Kkkkkkkkkk
MUUUUUUUUUito mais fragorosa.
JAIR VAI PERDER!
E quantas fraudes eleitorais a turma do genocida registrou?? Canalhas mentirosos!
O País precisa apenas de paz.
A abstenção em massa explica muita coisa.
Prisão para os donos da Datafolha e do IPEC por fraudar
às eleições
institutos criminosos!
O doidinho do PT está de volta só falando besteira
Vamos vencer seu aloprado!
Kkkkk
Pois é rapaz, concordo com você
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