Folha de S. Paulo
Num bom sinal para a seleção, eles
desistiram de usar a camisa canarinho
O golpismo financiado é a única razão de viver para os
bolsonaristas que não suportam a realidade nem aceitam passar à condição democrática
de oposição ao futuro governo.
Para manter a ilusão acesa se alimentam de teorias conspiratórias e soluções inexistentes e delirantes: intervenção federal, artigo 142, regaste do código-fonte, mensagens cifradas, ajuda divina. Na visão distorcida deles, o Brasil já virou uma ditadura — "as saídas constitucionais se encerraram", escreveu no Twitter um golpista que vive nos EUA — e é preciso enfrentar um arquivilão de história em quadrinhos: o Cabeça de Ovo.
À falta de alvos específicos para insultar
e agredir, arruma-se qualquer coisa. Até a seleção brasileira, cuja camisa
amarela eles usaram e abusaram a ponto de provocar rejeição no verdadeiro
torcedor. Agora não a querem mais vestir, temendo os golaços de Richarlison e Casemiro e a mobilização em torno da Copa, que
atrapalham a vigília em frente aos quartéis. "Quero que a Copa se dane!
Estamos aqui para ser libertos do comunismo", rosnou uma patriota.
Com a volta da Covid também retornou o
negacionismo científico em relação a como se deve combater a doença, prática
que, se não foi tão decisiva quanto se esperava, contribuiu para a derrota do
capitão. O filho 03 — que viajou com a mulher para assistir ao Mundial — irá
apresentar um projeto na Câmara para interromper a determinação da Anvisa de exigir o uso de máscaras em
aviões e aeroportos. A obrigatoriedade, segundo ele, é uma
"imbecilidade", esquecendo-se de que imbecil é quem retarda uma
vacinação que teria poupado milhares de vidas.
Sentindo-se impune, o deputado está com
saudade da matança de brasileiros. A PGR trava há três meses o acesso da PF a dados da CPI da Covid nos autos de uma
investigação contra o líder dos charlatões. Mas daqui a pouco ele deixa a
Presidência e perde os privilégios.
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