Senador Renan Calheiros afirma que a união de partidos que tentam viabilizar a terceira via é 'somar nada com pouca coisa'
Matheus Teixeira / Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Um grupo de caciques do MDB
aproveitou o jantar com o ex-presidente
Lula (PT), nesta segunda-feira (11), para fritar a candidatura
da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República.
Integrantes do partido fizeram uma
comparação entre a parlamentar e o ex-ministro da Fazenda Henrique
Meirelles em 2018, que representou o partido na disputa presidencial
e acabou o pleito com 1,2%.
Colega de partido de Tebet, o senador Renan
Calheiros (MDB-AL) afirmou que não há espaço para sua correligionária crescer
nas pesquisas de intenção de votos devido aos altos índices de Lula e do presidente
Jair Bolsonaro (PR).
Segundo ele, nem a união de MDB, União
Brasil e PSDB, que anunciaram que divulgarão o
nome de uma candidatura única em maio, terá potencial para alterar o
cenário.
"Se você somar quem tem 1% com quem tem 2%, não vai alterar a fotografia das pesquisas. É somar nada com pouca coisa", disse.
Renan afirmou que considera Tebet uma
"grande parlamentar" e disse que acredita que existe a possibilidade
de ela recuar da candidatura à Presidência.
"Nós temos o maior respeito por ela,
mas se não houver mudança na fotografia das pesquisas acho que ela própria vai
tomar a iniciativa de levar ao partido para não ter candidato", disse.
O parlamentar afirmou que o partido não
pode "brincar" de participar do pleito presidencial. "Quando
brincaram com candidatura a presidente, como na eleição passada com Meireles, o
MDB pagou um preço terrível", disse.
Segundo ele, o MDB tem três alternativas
neste pleito: ter um nome próprio no páreo com viabilidade, não ter candidato
ou apoiar alguém de outra sigla.
Além de integrantes do MDB, o jantar também
contou com a presença de senadores do PSD, como Omar Aziz (PSD-AM), do PSB,
como Dário Berger (PSB-SC), e do próprio PT. O encontro foi realizado na casa
do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).
Os senadores Marcelo Castro (MDB-PI) e
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) também estiveram presentes, além dos senadores
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Acir Gurgacz (PDT-TO).
Outros nomes de peso do MDB, como Garibaldi
Alves Filhos e Renan Filho, ex-governador de Alagoas, também participaram do
encontro.
Lula chegou ao local no mesmo carro do
ex-governador do Piauí Wellington Dias. A presidente do PT, deputada Gleisi
Hoffmann (PT-PR), o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e o ex-ministro Aloizio
Mercadante acompanharam Lula na reunião.
No jantar, o petista disse aos convidados
que é necessário formar uma aliança forte para derrotar o presidente Jair
Bolsonaro (PL).
Ele fez críticas ao atual governo e citou a
necessidade de eleger uma bancada forte de deputados e senadores para conseguir
governar caso seja eleito. Lula disse que é necessário mudar, por exemplo, o
funcionamento das chamadas emendas de relator do Congresso.
Anfitrião do encontro, Eunício Oliveira
também elogiou Simone Tebet, mas disse que não acredita na possibilidade de
algum candidato ultrapassar Lula ou Bolsonaro para chegar em um eventual
segundo turno. Ele também afirmou que tem simpatia pelo petista.
"Querendo ou não, já está
polarizada", disse. E completou: "Todos nós que acompanhamos o dia a
dia da política, sabemos que ela está polarizada entre Lula e Bolsonaro, quem
acompanha sabe que isso é verdade".
Ele disse que o objetivo do encontro, em
que serão servidos frutos do mar e carne de carneiro, será discutir a situação
do país. Segundo ele, não será selada nenhuma coligação no jantar.
"O intuito de hoje é se fazer um
debate sobre as questões do país, sobre democracia que a gente vê todo dia em
risco, custo de vida, inflação que está galopante, taxas de juros que está
insuportável".
Segundo o ex-senador, em ao menos 17
estados o MDB tem grande simpatia pela candidatura de Lula.
Nesta segunda, Lula teve um encontro em
separado com o ex-presidente José Sarney, que também mantém grande influência
dentro do MDB.
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