Folha de S. Paulo
A
responsabilidade por conter o racismo institucional é do Estado
O
dia depois de amanhã merece atenção dos brasileiros antirracistas e interessados em
transformar uma realidade que, mais do que injusta, é inconstitucional.
É
que na quarta-feira (15) deverá ser retomado o julgamento sobre a validade de
prova obtida em abordagem policial baseada na cor da pele.
As
vítimas diretas dessa ilegalidade, como de praxe, são os negros. Mas numa
sociedade que se pretenda justa e igualitária, é importante que todos
desempenhem seu papel social.
Contudo, a responsabilidade por conter o racismo institucional é do Estado.
Semana
passada, as Nações Unidas denunciaram novamente a disparidade de tratamento
dispensado pela polícia brasileira aos cidadãos em razão da cor da pele.
Segundo o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, as chances de um negro
ter um encontro fatal com a polícia aumentaram cerca de 6% em 2021. Entre os
não negros, a tendência foi de queda de 31%.
Os
dados reforçam os resultados da pesquisa Elemento Suspeito, que em duas edições
(em 2003 e 2022) explicita o racismo na atividade policial e revela a
"dimensão traumática" das abordagens.
Os
levantamentos, feitos no RJ pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
(CESeC), apontaram que os maiores alvos dos agentes de segurança são os jovens negros.
Enquanto
48% da população da capital fluminense é negra, o percentual de pretos e pardos
abordados pela polícia chegou a 63%. E fica pior: 17% foram parados mais de 10
vezes! Coincidência? Com certeza não.
Em
suma, o que deveria ser visto como atividade corriqueira torna um preto
"elemento suspeito cor padrão", como dizem os policiais pelo rádio
das viaturas, conforme revelou a pesquisa pioneira do CESeC.
É
isso o que o faz um negro ser abordado por: andar a pé na rua ou na praia;
andar de moto (com ou sem capacete); estar numa van; dirigir um carro; ou estar
num bar.
Afinal,
quais critérios objetivos levam a polícia a suspeitar de uma pessoa?
Um comentário:
Pois é!!!
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