O Estado de S. Paulo
Em Brasília, crise entre os Poderes; no Brasil real, um mar de violência e de sangue
Enquanto os três Poderes se estranham, a
segurança pública está uma tragédia nas capitais, grandes cidades, em toda
parte, e passa a ser a preocupação número um dos brasileiros, governadores e
prefeitos e desaba na capital da República, onde o governo Lula articula uma
espécie de pacto nacional contra a violência, envolvendo Poderes, Estados,
municípios, mídia, academia e, onde couber, iniciativa privada.
Sob fogo cerrado, ou fogo amigo, o ministro da Justiça, Flávio Dino, corre contra o tempo para alinhavar um projeto ambicioso contra essa calamidade. Na segunda-feira passada, reuniu o ministro de Portos e Aeroportos, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, assessores e secretários e ouviu os governadores do Rio e da Bahia, onde a coisa está pior, e também a governadora de Pernambuco, às voltas com crise no sistema penitenciário.
Dino apresenta seu plano já amanhã, antes de
ser anunciado ministro do Supremo, como apostam em Brasília. O foco será a
maior interação do governo federal com Estados e DF, usando seus instrumentos
possíveis: inteligência da PF, fiscalização da PRF em avenidas centrais e de
acesso a portos e aeroportos, Força Nacional e, em último caso, Forças Armadas.
Não adianta despachar tudo isso para a guerra, sem alvos claros e estratégia.
Planejamento é fundamental.
Ao assumir a presidência do Supremo, na
quinta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso deu o parâmetro: “O combate à
criminalidade não é incompatível com o respeito aos direitos humanos”. Sem
barbárie, tudo dentro da lei e da Justiça. Na sexta, o ministro Edson Fachin,
vicepresidente e relator de ação sobre responsabilização de agentes públicos,
votou, em tradução livre, a favor do devido processo legal, do devido processo
investigativo e da devida punição para policiais que cometam “excessos” contra
crianças, inocentes, suspeitos e... culpados.
É um claro contraste com o bolsonarismo, o
“bandido bom é bandido morto” e o “excludente de ilicitude”, cartabranca para
policiais e militares até matarem, sem processo. O bolsonarismo só tem um voto
e meio no Supremo, mas tem força no Congresso, em especial nas bancadas da
bala, do boi e da bíblia, não exatamente identificadas com direitos humanos e a
“pacificação nacional” defendida por Barroso.
A segurança pública é questão de vida ou
morte, de urgência urgentíssima. Mortes de crianças pretas e pobres e a granada
num ônibus no Rio, tiro no peito de um bebê em Minas, dezenas de assassinatos
na Bahia e em São Paulo... O Estado está perdendo a guerra, os radicais querem
trocar justiça por vingança e nossas cidades estão virando um mar de sangue.
2 comentários:
Excelente! O DESgoverno Bolsonaro liberou as armas para quem quisesse, 1/3 deste tempo com Sergio Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública. A situação, que já não era boa antes de 2019, PIOROU MUITO! E os primeiros meses do governo Lula não mudaram isto.
Verdade.
Postar um comentário