O Estado de S. Paulo
Comandante pode contar por que os planos de Bolsonaro o fizeram cancelar o desfile no Rio
Passava das 13 horas de 7 de setembro de 2022 quando o general André Luiz Novaes chegou ao Forte de Copacabana. Cruzou os jornalistas a passos largos pouco depois da salva das baterias dos canhões de 105 mm. Dali, o comandante militar do Leste ia presidir o palanque montado – pela primeira vez – na Avenida Atlântica. Dias antes, ele teve de cancelar o desfile tradicional na Avenida Presidente Vargas. Tudo porque Jair Bolsonaro exigia que o evento cívico-militar do ano do Bicentenário da Independência acontecesse na orla marítima, onde pretendia reunir seus apoiadores em um gigantesco comício.
Se os autores das ações contra o
ex-presidente no TSE quisessem arrolar uma única testemunha para provar a
intenção de Bolsonaro de usar a data da Pátria para fins eleitorais, bastava
convocar o general Novaes. Constrangido, ele cancelou o desfile do Rio. A mais
tradicional guarnição do País esteve ausente das comemorações naquele ano – só
duas bandas marciais se apresentaram diante de um palanque improvisado com a
Marinha, na Avenida Atlântica. Mesmo ele foi invadido às 15h15 por Bolsonaro e
um bando de apoiadores, que se comportavam como se estivessem na arquibancada
do Maracanã.
Ali não se respeitou nem mesmo a distância de
600 metros que separou o carro de som de Bolsonaro, em Brasília, da via na
Esplanada, por onde o desfile presidido pelo general Gustavo Henrique Dutra,
comandante militar do Planalto, passou. Naquele dia, a pressa de Bolsonaro para
seguir ao Rio era tanta que ele nem sequer esperou no palanque oficial a
tradicional apresentação de término do desfile do comandante do Planalto. Dutra
foi avisado pelo rádio, após a passagem dos últimos cavalos do Regimento de Cavalaria
de Guardas, de que o presidente havia descido do palanque para se dirigir às
pressas ao carro de som de seu comício enquanto a tropa se retirava, na outra
direção, para o Setor Militar Urbano.
Enquanto em Brasília só o encerramento do
desfile foi alterado em razão da ânsia eleitoral de Bolsonaro, no Rio tudo se
fez em razão do comício. O desfile Naval foi mantido pelo almirante Almir
Garnier – aquele que estaria disposto a apoiar um golpe de Estado – na orla de
Copacabana, passando diante da multidão que aguardava o presidente e outros
candidatos, como o governador Cláudio Castro.
O general Novaes ficou constrangido no
palanque. Estava horrorizado com o que fizeram da festa cívica. Não se sabe por
que seu nome não consta das ações de investigação judicial eleitoral do PDT e
da senadora Soraya Thronicke. Se estivesse, contaria por que o Rio ficou sem
desfile, desnudando o comportamento de Bolsonaro.
Um comentário:
O DESgoverno Bolsonaro foi uma sequência de crimes DIÁRIOS! Em alguns períodos, eram DEZENAS de crimes por dia... Seus crimes às vezes se igualavam em número às mentiras que ele dizia diariamente!
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