Folha de S. Paulo
Atual titular da pasta da Justiça será o novo
ministro do Supremo Tribunal Federal
A frente de extrema-direita formada por PL e Novo promete
fazer um Carnaval contra Dino no Senado, que ainda precisa aprovar a indicação.
Mas, se essa turma soubesse o que está fazendo, Lula talvez
tivesse indicado outra pessoa.
Se o grupo de Alcolumbre não precisasse do
apoio dos senadores bolsonaristas na próxima eleição para presidente do Senado,
talvez não tivesse apresentado a PEC que limitou o poder dos ministros do STF. Se essa
medida não tivesse sido aprovada, talvez Lula não precisasse apaziguar o STF
indicando o candidato favorito dos atuais ministros: Flávio Dino.
Ou seja, é possível que os bolsonaristas tenham ajudado Alexandre de Moraes a indicar seu próximo colega de trabalho. Se for o caso, o troféu "Deixa que a natureza marca" de 2023 já tem um vencedor, e é o mesmo do ano passado.
Flávio Dino foi o primeiro ministro da
Justiça desde a redemocratização a ter que lidar com uma tentativa de golpe de
Estado. O ódio que os bolsonaristas lhe dirigem é prova de que cumpriu com seu
dever.
Mas não podemos deixar de lamentar que nenhum
jurista negro e nenhuma jurista mulher tenham sido sequer cogitados para a vaga
de Rosa Weber.
Até a próxima aposentadoria de ministro, que só deve acontecer em 2028, o
perfil étnico e de gênero no STF continuará sendo mais parecido com o do
eleitorado de Jair
Bolsonaro do que com o do eleitorado de Lula.
O que acontecerá com o governo Lula após a
saída de Flávio Dino do Ministério da Justiça?
Há gente no governo defendendo a criação do
Ministério da Segurança Pública, que assumiria algumas das responsabilidades do
Ministério da Justiça atual.
Em tese, o responsável pela segurança
pública, seja em que ministério estiver, terá uma vitrine para mostrar serviço
e se fortalecer para eleições futuras.
Pesquisas apontam a segurança pública como uma das fragilidades do governo Lula
junto à opinião pública. Quem entregar resultados nessa área subirá de divisão
no campeonato da política nacional.
O PSB, partido de
Flávio Dino, tentará manter o controle da pasta. Defende a nomeação do atual
secretário-executivo Ricardo Cappelli, que foi interventor no Distrito Federal
após o 8 de janeiro.
No PT, fala-se do advogado
Jorge Messias, que disputou a vaga no STF com Dino até o último minuto. Até a
presidente da sigla, a deputada Gleisi
Hoffmann (PT-PR), já foi cogitada. Mas a promoção de uma
adversária de Haddad, nesse momento, enfraqueceria a Fazenda. Lula não quer
isso.
Na última semana, cresceram as especulações
sobre a indicação da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS), para a
Justiça. Alguns petistas gostariam de desmembrar o ministério, entregar a
Justiça para Tebet, indicar um petista para a segurança pública e outro para a
vaga aberta no Planejamento, talvez como contraponto a Haddad. Não acho que
ganharão tudo isso.
Outro nome cogitado é o de Ricardo
Lewandowski, ex-ministro do STF. É obviamente qualificado, mas sua
indicação reacenderia o debate sobre politização de ministros do STF.
O que parece claro é que a mudança de ministro da Justiça deve representar uma inflexão de agenda, do combate ao golpismo para o combate à criminalidade urbana. Ao que tudo indica, alguém no governo Lula terá um emprego pior que o de Fernando Haddad.
Um comentário:
Alguém que classifica ideologicamente o Partido Novo (mesmo depois que o "Novo" forçou a saída do espetacular João Amoêdo) como um partido de extrema-direita , ele mesmo, o "classificador", deve ser classificado ideologicamente como o quê?
Como nada, não é?
Alguém que classifica o Partido Novo como sendo ideologicamente de extrema-direita é apenas um doidivanas com retórica de ultra-esquerda e sem ser nem mesmo isto, como a grande maioria dos que se dizem "de esquerda" no Brasil e não mostram nenhuma coerência e conhecimento para se posicionarem.
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