terça-feira, 19 de março de 2024

Alvaro Costa e Silva -Tarcísio, o candidatíssimo

Folha de S. Paulo

Governador de São Paulo constrói imagem de Bukele à brasileira

O cenário do bolsonarismo revela um Tarcísio em alta e um Jair emparedado. Com a certeza de que o tempo se esgota e a cana dura se aproxima, o ex-presidente exibe a face de um golpista fracassado, enquanto seu principal herdeiro político ergue a construção de uma imagem —o Bukele à brasileira.

Bolsonaro se esforça para passar uma impressão de frieza. Alimenta a algazarra da perseguição, conversa por videochamada com Trump, implora para reaver o passaporte, viajar a Israel e beijar a mão de Bibi.

Trata o PL como seu puxadinho doméstico. No fim de semana esteve no Rio fazendo campanha em territórios dominados pela milícia. Deu a ordem de que a ex-primeira-dama Michelle só poderá ser candidata ao Senado, de preferência por Brasília ou na vaga do aliado Sergio Moro, se este perder o mandato.

O capitão observa a escalada de Tarcísio. Não por acaso quer filiá-lo ao PL. Embora tenha declarado que não disputará a Presidência em 2026, o governador de São Paulo está se habilitando como o nome da extrema direita para disputar o Planalto. Dependendo das relações com o ex-chefe, Michelle terá a chance de ser indicada como vice e puxar os evangélicos.

Quando troca risos e afagos com Lula em cerimônias oficiais, Tarcísio fortalece o cartaz de moderado, de quadro técnico. Sabe que a rejeição a Bolsonaro é enorme. Recente Datafolha mostrou que o apoio do ex-presidente afasta 63% dos eleitores de São Paulo. A avaliação do governador fica na média: 33% consideram a gestão ótima/boa e 26% a veem como ruim/péssima. Daí a importância, para seus planos, da reeleição de Ricardo Nunes na capital.

Reeleito em El Salvador com 83% dos votos —popularidade pau a pau com a de Putin—, Bukele é hoje um político invejado no mundo. Sua estratégia é a segurança a qualquer preço. Daí o retrocesso da PM paulista, disciplinada a matar bandidos e inocentes.

 

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