Folha de S. Paulo
Governador de São Paulo constrói imagem de
Bukele à brasileira
O cenário do bolsonarismo revela um Tarcísio em alta e um Jair emparedado. Com a certeza de que o tempo se esgota e a cana dura se aproxima, o ex-presidente exibe a face de um golpista fracassado, enquanto seu principal herdeiro político ergue a construção de uma imagem —o Bukele à brasileira.
Bolsonaro se esforça para passar uma impressão de frieza. Alimenta a algazarra
da perseguição, conversa por videochamada com Trump, implora para reaver o
passaporte, viajar a Israel e beijar a mão de Bibi.
Trata o PL como seu puxadinho doméstico. No fim de semana esteve no Rio fazendo campanha em territórios dominados pela milícia. Deu a ordem de que a ex-primeira-dama Michelle só poderá ser candidata ao Senado, de preferência por Brasília ou na vaga do aliado Sergio Moro, se este perder o mandato.
O capitão observa a escalada de
Tarcísio. Não por acaso quer filiá-lo ao PL. Embora tenha declarado
que não disputará a Presidência em 2026, o governador de São Paulo está
se habilitando como o nome da extrema direita para disputar o Planalto.
Dependendo das relações com o ex-chefe, Michelle terá a chance de ser indicada
como vice e puxar os evangélicos.
Quando troca risos e afagos com Lula em
cerimônias oficiais, Tarcísio fortalece o cartaz de moderado, de quadro
técnico. Sabe que a rejeição a Bolsonaro é enorme. Recente Datafolha mostrou
que o apoio do ex-presidente afasta 63% dos eleitores de São Paulo. A avaliação
do governador fica na média: 33% consideram a gestão ótima/boa e 26% a veem
como ruim/péssima. Daí a importância, para seus planos, da reeleição de Ricardo
Nunes na capital.
Reeleito em El Salvador com 83% dos votos
—popularidade pau a pau com a de Putin—,
Bukele é hoje um político invejado no mundo. Sua estratégia é a segurança a
qualquer preço. Daí o retrocesso da PM paulista, disciplinada a matar bandidos e
inocentes.
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