Folha de S. Paulo
Se tivermos em 2026 outro pleito apertado,
presidente poderá arrepender-se de não ter cultivado relações mais próximas
Lula foi
eleito —por um triz, registre-se— porque parte ponderável do centro político
decidiu opor-se a Jair
Bolsonaro. Durante a campanha, o petista disse várias vezes
que governaria
com uma frente ampla. Mas, por razões que não cabe aqui discutir,
Lula não quis
consolidar e perenizar essa aliança.
A principal figura desse grupo, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que, na transição, chegou a ser apontado como peça-chave do futuro governo, não encontrou muito espaço e anda apagadíssimo. Outra centrista, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, produz propostas que nem sequer são discutidas no entorno de Lula, pois são vistas como muito neoliberais. E nem falo do revisionismo histórico do PT, que gera teses que espantam potenciais aliados, como a de que a corrupção na Petrobras não passou de uma armação ou a de que o problema da Venezuela é excesso de democracia.
Parte dos centristas que apoiaram Lula já não
vê redenção possível e procura um candidato para 2026. Parecem dispostos a
comprar até um Tarcísio de
Freitas, um bolsonarista —é só ver sua política de
segurança pública—,
mas do tipo não histriônico.
O fato de Bolsonaro estar inelegível forçará
a direita a propor um nome alternativo. Se for uma figura capaz de agregar os
votos do centro que está órfão, será uma candidatura competitiva. Mas, como
Bolsonaro não quer perder o poder de influenciar, talvez corte "ab
ovo" qualquer postulante que não reze pela cartilha do radicalismo.
Significaria lançar Michelle em
vez de Tarcísio.
Seria o melhor cenário para o PT. Se em 2026 o governo estiver navegando de vento em popa, Lula até poderá dispensar o centro. Não sendo este o cenário —e nada indica que será—, teremos outro pleito a ser decidido no olho eletrônico, hipótese em que os votos dos centristas poderão mais uma vez revelar-se decisivos. Lula poderá arrepender-se de não ter investido na tal da frente ampla.
Um comentário:
Verdade.
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