terça-feira, 9 de setembro de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Estamos falando de uma área que foi conduzida, liderada, pela atual presidente da República nos últimos 12 anos. Eu não faço acusação pessoal de ela ter se beneficiado desses recursos, mas pelo menos o benefício político foi dado ao seu governo, por isso ela tem responsabilidade e satisfação a dar à população. Ela tinha a obrigação de saber aquilo que acontece no seu entorno. Administrar é tomar decisão. Administrar é coibir malfeitos. Administrar é apresentar resultados positivos, tudo o que esse governo não vem fazendo.

Aécio Neves, senador (MG) e candidato a presidente da República. O Globo, 9 de agosto de 2014.

Sindicatos aliados ao PT farão atos contra ex-ministra

• Entidades filiadas à CUT e aliadas ao PT preparam protestos para criticar o que chamam de ‘pontos vulneráveis’ no programa do PSB

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

Em reação à subida de Marina Silva nas pesquisas e ao favoritismo da candidata do PSB em um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff, entidades sindicais ligadas ao PT preparam uma série de manifestações contra pontos do programa de governo da ex-senadora.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que anunciou formalmente apoio à candidatura petista, fez um chamamento às entidades de todo o País para que se mobilizem contra a proposta de disciplinar a terceirização de mão de obra incluída no programa de Marina.

“ Estamos discutindo formas de reação ao programa dela (Marina) em alguns pontos, como a terceirização. Isso atende a um chamamento da CUT nacional. Não sei se ela (Marina) vai voltar atrás.

Se não voltar, vamos fazer o que fazíamos no governo Fernando Henrique Cardoso, já que a linha é a mesma”, disse Adi dos Santos Lima, presidente da CUT São Paulo e coordenador do comitê sindical em apoio ao candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha.

O programa de Marina, no capítulo sobre “Economia para o Desenvolvimento Sustentável”, defende “disciplinar a terceirização de atividades com regras que a viabilizem”. Além da CUT, várias entidades sindicais preparam manifestações contra pontos do programa de governo de Marina. O Sindicato dos Bancários de Brasília e a CUT Brasília prepara para esta terça-feira um ato na porta do Banco Central (BC) contra a promessa da candidata do PSB de dar autonomia formal ao órgão, caso seja eleita.

A Confederação Nacional dos Bancários, também ligada à CUT, trabalha na elaboração de material de divulgação sobre a autonomia formal e também contra a proposta de Marina de reduzir o papel dos bancos públicos no mercado financeiro.

“Alguns pontos do programa nos preocupam muito. Um deles é a redução da atuação dos bancos públicos e o fim do crédito direcionado. O Comando Nacional dos Bancários se reuniu na quinta-feira e decidiu fazer um material para esclarecer a sociedade e a categoria que essas propostas são um risco”, disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.

Na página 59, o programa de governo de Marina diz que em 2008, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, “os bancos governamentais expandiram agressivamente sua atuação (...) e a ampliação do crédito continuou à custa de redução da participação do setor privado. A expansão do crédito corporativo concedido por bancos públicos teve caráter concentrador”.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político de Lula, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, ambos ligados à CUT, também preparam manifestações contra as propostas de marina. Nos dois casos o objetivo é a defesa do pré-sal.

Petrobrás. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne a maior parte dos funcionários da Petrobrás, marcou um grande ato para o próximo sábado de manhã, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Na convocação, a federação promete a presença de Lula, que ainda não confirmou a participação. Na sexta-feira o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido apoia a manifestação dos petroleiros e insinuou que o programa do PSB pode levar à privatização da Petrobrás.

O programa de Marina cita apenas uma vez o pré-sal, defende a redução da dependência da matriz energética brasileira em relação ao petróleo, mas admite que a mudança será lenta. Em entrevistas, Marina negou que vá negligenciar o pré-sal e disse que vai destinar o dinheiro do petróleo para projetos nas áreas da saúde e da educação.

Marina afirma que governo manteve quadrilha na estatal

• Candidata diz ainda que, "doa a quem doer", investigação deve ser feita

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - Dentro da linha de ataque que adotou desde sábado, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, acusou ontem o governo federal de manter uma quadrilha na Petrobras. Novamente questionada sobre a suspeita de participação do ex-governador Eduardo Campos (PSB) no esquema de propinas na estatal, ela defendeu rigor nas investigações "doa a quem doer".

- Afinal de contas, quem manteve toda essa quadrilha que está acabando com a Petrobras foi o atual governo, que, conivente, deixou que todos esses desmandos acontecessem numa das empresas mais importantes de nosso país - disse Marina ontem pela manhã, ao ser questionada sobre o fato de Campos, falecido em agosto em acidente aéreo, ter sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiário de propina, segundo reportagem da revista "Veja".

Marina defendeu a apuração de todas as suspeitas.

- Queremos que as investigações sejam feitas com todo rigor. Doa a quem doer - disse.

Candidata cita bíblia
Marina recorreu até a uma passagem bíblica para explicar a sua postura diante do caso:

- Conheceis a verdade e ela vos libertará.

À noite, em entrevista ao "Jornal da Record", a candidata destacou que a empresa está "quatro vezes mais endividada e tem o seu patrimônio equivalente a apenas a metade do que era quando a presidente Dilma assumiu o governo".

Questionada se não tratava o escândalo de uma forma quando o citado era Campos, e de outra quando os citados eram os petistas, Marina citou a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos:

- Na Petrobras, esse não é um único escândalo. Uma empresa que era eficiente e hoje está numa situação de completa insolvência em função da incompetência.

Também destacou que a sua postura, ao falar da citação a Campos, não é incoerente.

- Queremos a verdade. Isso não tem nada a ver com dois pesos e duas medidas. Dois pesos e duas medidas é querer se promover à custa de escândalo - disse ela, para quem a responsabilidade da presidente Dilma no escândalo da Petrobras é "política" e "não direta".

A linha de ataques à gestão da Petrobras no governo petista deve ser levada por Marina ao horário eleitoral. O principal objetivo da campanha do PSB é responder à estratégia petista de propagar que, num governo Marina, a exploração do petróleo do pré-sal seria deixada em segundo plano.

Não há preocupação, por enquanto, com a relação que os adversários possam fazer do envolvimento de Campos com o esquema. Para o PSB, o PT não teria como fazer isso sem jogar luz sobre um escândalo que envolve diretamente o governo federal. Já Aécio tem centrado seus ataques aos petistas.

Pela manhã, a candidata visitou uma creche conveniada da prefeitura de São Paulo, no Centro da capital paulista. Marina criticou o governo federal por não ter cumprido a meta de construção de creches, apresentada por Dilma na campanha eleitoral de 2010:

- Havia um compromisso do atual governo de construir 6.000 creches; foram construídas apenas 400, e tem 700 em processo de construção. É uma diferença muito grande.

Sem meta para creches
Apesar da crítica, ela evitou se comprometer com um número de creches a serem feitas em seu eventual governo:

- Não estamos trabalhando com promessas de um número. Queremos que os recursos que serão destinados à Educação, com investimento de 10% do PIB na área, possam nos ajudar a ampliar significativamente o número de creches.

Indagada se seria pior não cumprir uma promessa ou não se comprometer com uma meta, ela citou sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente:

- Nunca caí nessa pressão de apresentar um número de redução do desmatamento e, no final, a redução foi maior do que todos esperavam.

Dilma diz que 'não tinha menor ideia' de crimes na Petrobras

• Dilma diz que não sabia sobre corrupção na estatal, mas afirma que problema já foi resolvido

Luiza Damé, Catarina Alencastro e Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA - Após as denúncias de supostos casos de corrupção na Petrobras envolvendo políticos da base aliada do governo, a presidente Dilma Rousseff saiu ontem em defesa da estatal e de sua presidente, Graça Foster. O vazamento dos primeiros nomes que teriam sido delatados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, entre eles governadores e ex-governadores aliados de Dilma, além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, jogaram a empresa no centro do embate eleitoral. Candidata à reeleição, a presidente disse que "não tinha a menor ideia" de que havia um esquema criminoso na empresa. Com a frase, Dilma lembrou seu antecessor, o ex-presidente Lula, que disse que nada sabia quando veio à tona o caso do mensalão.

Dilma, que foi ministra de Minas e Energia e presidiu o Conselho de Administração da Petrobras durante o governo Lula, evitou ficar na defensiva com as novas denúncias e apresentou o governo como o responsável pela investigação.

- Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso te garantir que todas, vamos dizer assim, as sangrias que eventualmente pudessem existir estão estancadas - disse a presidente.

Na tarde de ontem, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Dilma disse ter pedido informações à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para tomar providências em relação aos funcionários do governo denunciados por Costa. A presidente não citou o nome de Costa, mas disse que, embora tenha mudado a direção da Petrobras mais de um ano após assumir a Presidência, não recebeu pressão dos partidos aliados para mantê-lo e que não havia desconfiança sobre seu comportamento.

- Eu substituí aqueles que não considerava que eram os melhores para a minha equipe. Eu não tinha nenhuma avaliação de valor quanto a nenhum deles, quanto a malfeitos e atos de corrupção, porque, se tivesse, teria tomado as providências cabíveis - afirmou a candidata, ressaltando que Costa era funcionário de carreira da Petrobras.

Acusações de telhado de vidro
Mais tarde, em entrevista coletiva, Dilma partiu para o ataque contra seus principais adversários, a ex-senadora Marina Silva (PSB) e o senador Aécio Neves (PSDB). Indagada se havia "exploração eleitoreira" dos problemas na Petrobras, a presidente rebateu:

- Hoje há. Os dois candidatos não podem esquecer seus telhados. Eu não vou ficar aqui falando do telhado de ninguém, mas eles devem olhar os seus telhados. O meu telhado tem a firme determinação da investigação, então ele é cobertinho pela Polícia Federal investigando, Ministério Público com autonomia e lei anticorrupção que aprovamos - afirmou a presidente.

Aliado de Marina Silva, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo, é citado pelo ex-diretor da Petrobras, segundo a revista "Veja", como um dos beneficiários do esquema de corrupção na estatal. Para minar Aécio, Dilma citou na entrevista o acidente que levou ao afundamento de uma plataforma de petróleo durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Mais uma vez, Dilma defendeu a presidente da Petrobras e o corpo de funcionários.

- Acho que a Graça é uma gestora extremamente competente e capaz e que tomou todos os cuidados para que, cada vez mais, as práticas mais transparentes, efetivas e corretas sejam adotadas dentro da Petrobras - afirmou.

A presidente também disse ter pedido informações ao ministro Edison Lobão, que, segundo ela, negou com veemência qualquer participação no caso. Ela afirmou, no entanto, que se for comprovada ligação de funcionário do governo federal com esquema de desvio de dinheiro, ele será demitido:

- Eu determinei ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que fizesse um ofício à Polícia Federal pedindo que, se houvesse algum funcionário do governo federal envolvido, eu gostaria de ter acesso às informações para tomar todas as providências. É prudente saber primeiro se isso é verdade. Como a Polícia Federal respondeu que não pode, fiz um ofício para o Procurador Geral da República, pedindo ao Ministério Público que me informe para proceder com as providências cabíveis. E elas serão proporcionais ao comprometimento da pessoa. Se a pessoa estiver comprometida, é afastamento puro e simples do governo.

A presidente destacou que, até este momento, as acusações partem apenas da imprensa, que teve acesso a políticos citados por Costa. Segundo Dilma, como presidente da República, ela precisa de informações oficiais da PF e do Ministério Público Federal para decidir o que fazer. Se for o caso, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso às declarações de Costa.

- Eu não quero dentro do meu governo quem esteja comprometido com qualquer malfeito, mas também não quero dar à imprensa um caráter que não tem perante as leis brasileiras. A imprensa não tem fórum inequívoco para dizer para mim se uma pessoa é corrupta ou não - afirmou.

Petrobras pede acesso a depoimentos
A Petrobras também se pronunciou ontem pela primeira vez desde que surgiram as novas denúncias. Em nota, a estatal informou que solicitou à PF, encarregada da Operação Lava-Jato, o acesso ao depoimento prestado pelo ex-diretor da estatal. A empresa destaca que continua trabalhando em todas as suas atividades e que eventuais irregularidades cometidas por uma pessoa ou um grupo não representam a maioria dos funcionários.

De acordo com a revista "Veja", Costa teria dito que os políticos envolvidos no esquema da Petrobras recebiam 3% de comissão sobre o valor de cada contrato da estatal no período em que ele comandava a diretoria de Abastecimento, de 2004 a 2012. A Petrobras afirmou que pediu ao juiz responsável pela Lava-Jato acesso às informações sobre a Petrobras que Costa já teria fornecido no âmbito da delação premiada, "bem como enviou cartas às empresas citadas nos veículos de comunicação, solicitando informações sobre a existência de seus contratos com empresas ligadas ao Sr. Alberto Youssef e sobre qualquer envolvimento com as atividades objeto desta investigação". (Colaborou Ramona Ordonez)

Se Dilma não sabia, deve sair por 'absoluta incapacidade', diz Aécio

- Valor Econômico

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, rebateu na noite desta segunda-feira (8) afirmação da presidente Dilma Rousseff (PT) de que jamais imaginou haver "malfeitos" em negócios da Petrobras.

O tucano ironizou a argumentação de Dilma, que durante o governo Lula comandou o conselho diretor da Estatal, e disse que, se realmente não sabia de nada, a petista deve sair do governo por "absoluta incapacidade".

"A presidente da República repete aquilo que já se transformou num mantra desse governo: 'eu não sabia'", inicia Aécio, lembrando frase dita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando estourou o escândalo do mensalão, em 2005. Na ocasião, em pronunciamento, Lula disse: "eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das qu ais nunca tive conhecimento".

Ao relacionar a declaração do antecessor de DIlma à petista, Aécio lembrou que Dilma comandou a área energética do governo e que foi presidente do conselho da Petrobras. "Será que é possível que alguém que por doze anos comandou com mãos de ferro a nossa maior empresa [...] não soubesse de nada? De duas, uma: se não sabia, não pode governar mais o Brasil por absoluta incapacidade. Se sabia, a coisa é mais grave", atacou em um vídeo publicado em suas redes sociais.

"Nós esperamos que a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) possa receber todas as informações sobre esse depoimento para que aqueles que eventualmente tenham assaltado a nossa maior empresa pública possam ser exemplarmente punidos", concluiu o tucano.

Aécio: houve 'benefício político' a Dilma

• Candidato do PSDB cobra da presidente explicações à população sobre esquema de corrupção na Petrobras

- O Globo

BELÉM e MARABÁ (PA) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff se beneficiou politicamente do suposto esquema de corrupção na Petrobras, denunciado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Em agendas de campanha em Belém e Marabá, no Pará, ele cobrou, mais uma vez, que a presidente se posicione claramente sobre as investigações e disse que o "governo do PT enlameou nossa principal empresa".

- Estamos falando de uma área que foi conduzida, liderada, pela atual presidente da República nos últimos 12 anos. Eu não faço acusação pessoal de ela ter se beneficiado desses recursos, mas pelo menos o benefício político foi dado ao seu governo, por isso ela tem responsabilidade e satisfação a dar à população. Ela tinha a obrigação de saber aquilo que acontece no seu entorno. Administrar é tomar decisão. Administrar é coibir malfeitos. Administrar é apresentar resultados positivos, tudo o que esse governo não vem fazendo - criticou Aécio, que se referiu ao escândalo como "mensalão dois".

"Esse governo acabou"
Assim como havia feito no domingo, o candidato do PSDB defendeu a necessidade de "respostas diretas" sobre o caso:

- Não adianta o governo dizer que não sabia. As denúncias são absolutamente graves, e é preciso que haja por parte da presidente da República uma posição mais clara em relação a tudo isso.

O candidato do PSDB condenou ainda o fato de Dilma, semana passada, ter indicado, em discurso para empresários, que haverá mudanças na equipe econômica em um eventual novo governo.

- Esse governo acabou antes da hora. A presidente da República já demite por antecipação o seu ministro da Fazenda. Nossa proposta busca encerrar esse ciclo perverso de governo do PT, que tão mal vem fazendo ao país, para iniciarmos um novo ciclo de seriedade e respeitabilidade na gestão do recurso público.

Apesar das críticas relacionadas ao escândalo da Petrobras, Aécio defendeu o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um acidente de avião em agosto. Segundo a revista Veja, Campos foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em depoimento à Polícia Federal, como um dos integrantes do suposto esquema de corrupção.

- Eu não faço nenhuma acusação desse gênero à candidata Marina e vou até além. Em relação às acusações sobre o ex-governador Eduardo Campos, conheci Eduardo durante 30 anos. Isso não combina com ele. Eduardo era um homem de bem. Eu faço toda essa ressalva - destacou.

O candidato no entanto, atacou novamente a candidata do PSB, Marina Silva, a quem acusou de mudar constantemente de opinião.

- Se alguém tem uma semelhança ou uma identidade com o PT é ela (Marina), pelos seus mais de 20 anos de militância no partido, não somos nós. A nossa cobrança em relação a ela é uma cobrança política. Eu quero saber sim qual é o compromisso da Marina com o agronegócio, se vale o de hoje ou vale o de 1999, quando ela apresentou um projeto proibindo o cultivo de transgênicos no país? Qual é o compromisso dela com a estabilidade econômica do país? É o de agora ou aquele quando ela, no PT, votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, e dentro do PT, tentaram inviabilizar o Plano Real? O Brasil tem o direito de saber em qual candidata eventualmente vai votar.

Combate às drogas
Aécio defendeu ainda uma "nova relação" com países produtores de drogas. Sem citar nomes, o candidato afirmou que os governos de alguns países fazem "vista grossa" para a questão.

- O Brasil não é produtor de cocaína e de maconha. E os países que são os principais produtores, vemos seus governos fazendo vista grossa para aquilo que lá acontece. Vem para o Brasil e, aqui, vimos no ano passado 56 mil assassinatos. Mais de 30 mil em função do tráfico de drogas. Vamos estabelecer uma nova relação, onde as parcerias com esses países serão condicionadas a ações efetivas desses governos para coibir o cultivo das drogas no seu território - afirmou.

CPI mista e Petrobrás pedem à Justiça acesso à delação de ex-diretor

• Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) solicita que a Vara Federal do Paraná dê acesso à comissão aos depoimentos

Ricardo Brito/ Mariangela Gallucci e Fernanda Nunes - O Estado de S. Paulo

O presidente da CPI mista da Petrobrás, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), apresentou nesta segunda-feira um pedido para que a Justiça Federal do Paraná dê acesso à comissão a todas as informações da delação premiada que está sendo feita pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Vital quer que o juiz Sérgio Moro, responsável pela condução do caso, compartilhe com a comissão os depoimentos e os vídeos da delação.

Ele pediu ainda que o Supremo Tribunal Federal compartilhe com a comissão os documentos decorrentes de desdobramentos da Operação Lava Jato que chegarem até a Corte. A Petrobrás também solicitou à Justiça acesso às informações fornecidas por Costa.

O compartilhamento não afeta a validade da delação. Mas cabe ao Supremo autorizá-lo. Na quarta-feira, integrantes da CPI mista e líderes partidários devem se reunir no gabinete de Vital para discutir qual a melhor estratégia para cuidar do caso. Parlamentares da base e da oposição passaram a defender a presença de Paulo Roberto na CPI somente após o acesso a todas as informações da delação premiada.

O ministro Teori Zavascki, que é relator de processos sobre a Operação Lava Jato no Supremo, deverá decidir nos próximos dias sobre o pedido.

O ofício foi protocolado no STF após a revelação de que Costa citou nomes de políticos que teriam recebido pagamentos de comissões sobre contratos da Petrobrás. Diante das revelações de Costa, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá analisar a possibilidade ou não de pedir a abertura de inquéritos no Supremo para investigar suspeitas de envolvimento de parlamentares. No Brasil, autoridades como senadores e deputados somente podem ser investigadas e processadas perante o STF. Se receber algum pedido de Janot, a tendência de Teori Zavascki é determinar a abertura de inquéritos, com a realização de diligências.

Conforme a revista Veja, o ex-diretor da estatal citou na delação nomes de 12 políticos. Não foram divulgados, porém, documentos, detalhes ou valores. Citada, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB-MA), negou ontem, por meio de nota, que tenha participado de esquema de desvio de recursos na estatal. “Nunca participei de nenhum esquema de corrupção e muito menos solicitei ao ex-diretor da Petrobrás recursos de qualquer natureza”, afirma a governadora em nota oficial.

Auditorias. No pedido que fez à Justiça, a estatal informa que quer ter acesso aos depoimentos para utilizá-los em suas auditorias internas. Atualmente, a Petrobrás tem três comitês de auditoria investigando irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), e nas construções da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

A nota oficial foi o primeiro pronunciamento da estatal sobre o conteúdo dos depoimentos do ex-diretor. A empresa nega que falte transparência na divulgação de informações internas que deem margem a suspeitas de corrupção.

Petrobras: Marina cobra Dilma

• Para a candidata do PSB, a presidenta Dilma tem responsabilidade política sobre suposto esquema de pagamento de propinas na Petrobras, mas é "leviano" tentar culpá-la pessoalmente pelas irregularidades cometidas

Leonardo Fuhrmann – Brasil Econômico

A presidenciável Marina Silva (PSB) usou as denúncias de supostas irregularidades na gestão da Petrobras para atacar a presidenta Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição, e Aécio Neves (PSDB). Para Marina, Dilma tem responsabilidade política pelos desvios que teriam ocorrido na gestão da estatal pelo governo petista. A socialista, no entanto, considerou "leviana" a tentativa de Aécio de responsabilizar a presidenta pessoalmente pelo escândalo, com as declarações de que seria impossível que ela não soubesse das propinas na empresa. "Não vou ganhar as eleições a qualquer custo e preço", afirmou ontem, em uma visita a um centro de educação infantil mantido pela comunidade judaica na capital paulista. Na semana passada, foram divulgados trechos do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa, em que ele envolveria deputados federais, senadores e governadores da base aliada em um esquema de corrupção na empresa.

Entre os nomes apontados está o do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), de quem Marina era vice. Ele morreu em um acidente aéreo no mês passado e a ex-ministra do Meio Ambiente assumiu a cabeça da chapa. Marina afirmou que aguarda uma investigação das instituições nacionais. Lembrou que, por se tratar de uma delação premiada, o Ministério Público Federal não deve permitir denúncias sem provas contra políticos supostamente envolvidos no esquema. Segundo ela, quem é culpado será punido, mas quem manteve nos quadros da empresa as pessoas envolvidas em corrupção foi conivente com os desmandos praticados. A candidata também demonstrou confiança no trabalho da Polícia Federal. "Foi uma instituição importante no combate ao desmatamento na época em que eu era ministra do Meio Ambiente", explicou Marina.

A presidenciável citou escândalos anteriores, como "o mensalão do governo Lula" e o "mensalão mineiro do PSDB" para cobrar mais eficiência no combate à corrupção. Ela defendeu o fim das indicações políticas para cargos técnicos no governo federal e a criação de comitês de busca para selecionar profissionais para exercer essas funções. A proposta já era defendida pela coligação quando Campos era o presidenciável. Evangélica da Assembleia de Deus, a candidata citou o versículo 32 do capítulo 8 do Evangelho Segundo São João para reafirmar a sua confiança no desfecho das investigações: "E conhecereis a verdade e ela vos libertará", disse. Acompanhada de Neca Setúbal, uma das coordenadoras de seu programa de governo, a candidata esteve na creche Betty Lafer -mantida pela Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) - no Bom Retiro, região central da capital paulista.

Marina chamou a sua passagem pelo local de "visita técnica" a um trabalho que considera "modelo". Ela defendeu que o governo consiga repetir e multiplicar em escala as boas iniciativas privadas e do terceiro setor, além de manter parcerias. A presidenciável lembrou que a atual gestão prometeu 6 mil creches, mas entregou apenas 400 e tem 700 em construção. Sem apontar uma meta de unidades construídas, ela repetiu a promessa de aplicar 10% do orçamento em educação.

Aécio ataca, Dilma se defende, Marina tenta se afastar

- Zero Hora (RS)

Aécio ataca PT e o Planalto
Articulador da CPI da Petrobras, Aécio Neves deverá concentrar suas críticas na presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, a suspeita também representa uma chance de recuperar o terreno perdido para Marina Silva.

A primeira ação foi associar o episódio ao mensalão, como forma de fazer o eleitor relacionar o caso com o PT. Aécio afirma que se trata do "mensalão 2". O candidato vai tentar vincular Dilma ao esquema pelo fato de ela ter sido ministra de Minas e Energia e ter presidido o conselho de administração da Petrobras.

Apesar de Eduardo Campos estar entre os supostos beneficiados pelo esquema, Marina será poupada por Aécio. As críticas à ex-senadora serão mais relacionadas ao seu vínculo com o PT e às posições controversas. Ontem, Aécio defendeu Campos, dizendo que era um "homem de bem".

Dilma diz que nunca desconfiou
Na entrevista que falaria como presidenciável, Dilma Rousseff acabou fazendo pronunciamento sobre a delação do ex-diretor da Petrobras e afirmou que em nenhum momento teve conhecimento sobre suspeitas de corrupção na estatal

A presidente Dilma Rousseff afirmou que jamais imaginou haver "malfeitos" em negócios envolvendo a Petrobras, tanto no período em que esteve à frente do conselho de administração da estatal quanto nos três anos e meio de seu governo. E também disse que, nesse período, não teve "qualquer desconfiança".

Ontem, no Palácio da Alvorada, em Brasília, Dilma participou de sabatina do jornal O Estado de S. Paulo. Era para ser mais uma das entrevistas com os presidenciáveis. Mas, diante do novo escândalo da Petrobras, a vez de a presidente falar sobre seus planos para o segundo mandato ficou marcada por um pronunciamento sobre o escândalo que veio à tona no fim de semana, após revelações da revista Veja.

Para a presidente, o envolvimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, "é estarrecedor". Preso desde março, Costa começou a contar, em um acordo de delação premiada, sobre um esquema de propina na Petrobras. De acordo com a reportagem da Veja, Costa teria citado como beneficiários o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), e os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Alves (PMDB-RN), respectivamente. Estariam envolvidos também políticos do PT e do PP.

Contas relativas a pessoas ligadas à Petrobras serão investigadas pela Justiça da Suíça. O anúncio foi feito por Michel Lauber, procurador-geral do país. Em maio, a justiça suíça entregou ao Brasil informações apontando que um colaborador do doleiro Alberto Youssef mantinha uma conta de US$ 5 milhões. O dinheiro foi bloqueado. Também foi decretado o embargo de outros US$ 23 milhões em 12 contas de Costa. A Suíça abriu processo penal contra o ex-diretor da Petrobras por lavagem de dinheiro.

Marina tenta se isolar do caso
Candidata no lugar de Eduardo Campos, Marina Silva não poderá explorar o episódio em ataques aos adversários. A delação feita por Costa acabou atingindo sua candidatura pelo fato de o ex-governador pernambucano figurar na lista de supostos beneficiados pelo pagamento de propina.

Diferentemente de Aécio, a ambientalista vai contornar o assunto e acusa uma suposta "campanha difamatória" dos adversários. Ontem, evitou culpar diretamente Dilma pela suposta fraude. Mas disse que o governo foi conivente com uma quadrilha e com irregularidades e que a adversária teria "responsabilidade política".

Marina, que chamou de ilação o suposto envolvimento de Campos, tentará evitar que a denúncia impacte na proposta de "nova política". Vai manter o discurso de que é a política do toma lá dá cá que abre as portas para a corrupção.

Marina é quem mais pode tirar voto de adversários

Márcia Cavallari Nunes – O Globo

Marina Silva terminou a eleição presidencial de 2010 com cerca de 20 milhões de votos, um capital eleitoral bem significativo. Neste ano, a candidata entra na campanha com um patamar de intenções de voto bastante expressivo e já conquistou metade dos eleitores que, até a oficialização da sua candidatura, votariam em branco ou nulo ou não sabiam em quem votar. Este contingente de eleitores, que era de 24% na última pesquisa realizada antes da morte trágica de Eduardo Campos, passa para 12% na mais atual.

Ela também conquista parte dos votos dos candidatos de oposição (Aécio Neves, Eduardo Campos e demais candidatos), que, até aquele momento, não estavam conseguindo se apropriar do desejo de mudança que tanto almeja o eleitorado brasileiro. Com isso, ela conquista mais 21 pontos, chegando hoje aos 33% das intenções de voto. Por outro lado, a presidente Dilma segue estável no patamar de 37%, e Aécio Neves tem hoje 15%. A grande pergunta que se coloca é se Marina tem espaço para crescer mais. O potencial de voto da candidata é alto: 65% do total de eleitores dizem que com certeza votariam ou poderiam votar nela, contra 52% e 48% da presidente Dilma e do senador Aécio Neves, respectivamente. O único espaço disponível para crescimento das candidaturas é a migração de voto entre elas, pois o patamar de votos brancos e nulos já está bem próximo das médias históricas de eleições anteriores.

Analisemos, então, o perfil dos eleitores de cada candidato para poder entender uma possível migração de votos entre eles. Dentre todos os eleitores que já escolheram em quem votar, aqueles que optam por Dilma são os que mais declaram que sua escolha é definitiva e são, em sua maioria, homens, têm menor escolaridade, menor renda, moram no Nordeste, são de municípios pequenos e médios localizados no interior do país, católicos e petistas. Entre os que têm intenção de votar em Aécio há mais homens, com maior escolaridade, maior renda, moradores de municípios pequenos e do Sudeste, católicos e simpatizantes do PSDB. Por fim, os eleitores de Marina são, em sua maioria, mulheres, os jovens de até 34 anos, pessoas com ensino médio e evangélicos. Nos demais segmentos, como região do país, porte de município e renda familiar, ela consegue obter votos na proporção do eleitorado, o que significa dizer que ela tem um alcance mais homogêneo nestes segmentos em comparação com seus adversários. Assim, pode-se concluir que Marina é a candidata que mais pode conquistar votos dos seus adversários porque tem simpatizantes em todos os segmentos, enquanto seus oponentes contam com maior apoio de eleitores com perfis mais específicos, quase antagônicos.

Acompanhemos as próximas pesquisas.

Marina faz ato pelo pré-sal no Rio para combater estratégia petista

- Folha de S. Paulo

RIO - A campanha de Marina Silva (PSB) prepara um encontro na próxima quinta-feira (11) para rebater críticas da presidente Dilma Rousseff às propostas do PSB sobre o pré-sal.

Marina afirma ser vítima de "boatos" e "mentiras" sobre o tema no Estado, que vai receber investimentos com a exploração do petróleo.

O PT acusa a candidata do PSB de querer "acabar com o pré-sal", como afirmou Dilma na televisão.

O encontro vai se antecipar ao evento marcado pelo PT sobre o tema, que ocorrerá na semana que vem. "É uma resposta antecipada a essa mobilização do PT", disse o vereador Jefferson Moura (PSOL), coordenador da campanha de Marina no Rio.

O programa do PSB diz que o petróleo e seus derivados "continuarão a ser fonte importante na matriz energética brasileira". Enfatiza, contudo, a necessidade de investimento em energia limpa.

"Ninguém vai acabar com o pré-sal. Ele é como se fosse uma reserva de valor. Mas é preciso entender que o futuro da Petrobras não é como uma empresa exclusivamente de petróleo, mas de energia", disse o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB).

Marco Antonio Villa: O silêncio de Lula

• Ao escolher candidatos sem consulta à direção partidária, ele transformou o PT em instrumento de vontade pessoal

- O Globo

Na história republicana brasileira, não houve político mais influente do que Luiz Inácio Lula da Silva. Sua exitosa carreira percorreu o regime militar, passando da distensão à abertura. Esteve presente na Campanha das Diretas. Negou apoio a Tancredo Neves, que sepultou o regime militar, e participou, desde 1989, de todas as campanhas presidenciais.

Quando, no futuro, um pesquisador se debruçar sobre a história política do Brasil dos últimos 40 anos, lá encontrará como participante mais ativo o ex-presidente Lula. E poderá ter a difícil tarefa de explicar as razões desta presença, seu significado histórico e de como o país perdeu lideranças políticas sem conseguir renová-las.

Lula, com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro de destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas lideranças. Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este método foi utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se submeteram ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era impedir que florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal. Todos os líderes da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver no mundo sindical, receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há na CUT — e em nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida própria.

No Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já tem uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que possa se transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se opuseram ao domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se sujeitaram a meros estafetas.

Lula humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados "postes", transformou o partido em instrumento da sua vontade pessoal, imperial, absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não. Era uma estratégia de impedir que outras lideranças pudessem ter vida própria, o que, para ele, era inadmissível.

Os "postes" foram um fracasso administrativo. Como não lembrar Fernando Haddad, o "prefeito suvinil", aquele que descobriu uma nova forma de solucionar os graves problemas de mobilidade urbana: basta pintar o asfalto que tudo estará magicamente resolvido. Sem talento, disposição para o trabalho e conhecimento da função, o prefeito já é um dos piores da história da cidade, rivalizando em impopularidade com o finado Celso Pitta.

Mas o símbolo maior do fracasso dos "postes" é a presidente Dilma Rousseff. Seu quadriênio presidencial está entre os piores da nossa história. Não deixou marca positiva em nenhum setor. Paralisou o país. Desmoralizou ainda mais a gestão pública com ministros indicados por partidos da base congressual — e aceitos por ela —, muitos deles acusados de graves irregularidades. Não conseguiu dar viabilidade a nenhum programa governamental e desacelerou o crescimento econômico por absoluta incompetência gerencial.

Lula poderia ter reconhecido o erro da indicação de Dilma e lançado à sucessão um novo quadro petista. Mas quem? Qual líder partidário de destacou nos últimos 12 anos? Qual ministro fez uma administração que pudesse servir de referência? Sem Dilma só havia uma opção: ele próprio. Contudo, impedir a presidente de ser novamente candidata seria admitir que a "sua" escolha tinha sido equivocada. E o oráculo de São Bernardo do Campo não erra.

A pobreza política brasileira deu um protagonismo a Lula que ele nunca mereceu. Importantes líderes políticos optaram pela subserviência ou discreta colaboração com ele, sem ter a coragem de enfrentá-lo. Seus aliados receberam generosas compensações. Seus opositores, a maioria deles, buscaram algum tipo de composição, evitando a todo custo o enfrentamento. Desta forma, foram diluindo as contradições e destruindo o mundo da política.

Na campanha presidencial de 2010, com todos os seus equívocos, 44% dos eleitores sufragaram, no segundo turno, o candidato oposicionista. Havia possibilidade de vencer mas a opção foi pela zona de conforto, trocando o Palácio do Planalto pelo controle de alguns governos estaduais.

Se em 2010 Lula teve um papel central na eleição de Dilma, agora o que assistimos é uma discreta participação, silenciosa, evitando exposição pública, contato com os jornalistas e — principalmente — associar sua figura à da presidente. Espertamente identificou a possibilidade de uma derrota e não deseja ser responsabilizado. Mais ainda: em caso de fracasso, a culpa deve ser atribuída a Dilma e, especialmente, à sua equipe econômica.

Lula já começa a preparar o novo figurino: o do criador que, apesar de todos os esforços, não conseguiu orientar devidamente a criatura, resistente aos seus conselhos. A derrota de Lula será atribuída a Dilma, que, obedientemente, aceitará a fúria do seu criador. Afinal, se não fosse ele, que papel ela teria na política brasileira?

O PT caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá sobreviver sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A derrota petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o país retome seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho para explicar um fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se submeteu durante tantos anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.

Marco Antonio Villa é historiador

Dora Kramer: Sob nova direção

O Estado de S. Paulo

À presidente Dilma Rousseff não restava outra saída a não ser dizer o que disse no primeiro momento a respeito do que transpirou de parte dos depoimentos do acordo de delação premiada feito pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

Descontada a (remota) hipótese de ocorrerem novos vazamentos até o fim dos interrogatórios e a conclusão do inquérito pela Polícia Federal, será preciso mesmo aguardar a divulgação do que ela chamou de "dados oficiais".

A saber, os depoimentos propriamente ditos com todos os autores e as provas dos crimes que Costa precisa entregar para livrar não só a si de longa estada na cadeia, mas também os familiares de punições criminais.

A impropriedade, talvez decorrente da necessidade de uma reação qualquer no calor dos fatos, está na segunda parte da declaração de Dilma. A presidente afirmou que só depois de conhecer os referidos dados tomaria as "medidas cabíveis".

Ora, ora, quais medidas? A não ser a demissão de um ou outro atual ocupante de cargo no Executivo, tais providências estão fora do alcance da presidente. Nessa altura, encontram-se sob a jurisdição da polícia, do Ministério Público (MP) e da Justiça. Pedir mediante ofício acesso às informações é objetivamente inútil porque elas não podem ser oficialmente fornecidas.

O governo sabe perfeitamente disso. Pede, não leva e com esse movimento de pura cenografia pretende dar ao que foi até agora publicado o caráter de mero boato e ganhar tempo até as eleições, contando que os prazos não levem o MP a se pronunciar sobre o conteúdo do material fornecido por Paulo Roberto Costa antes de divulgados os resultados do pleito.

A presidente não pode demitir senadores, deputados, ex-ministros, governadores, ex-governadores. Ao mesmo tempo não pode negar nem se livrar do fato de que os até agora citados são todos seus aliados e que o esquema denunciado funcionou ao tempo em que ela foi ministra das Minas e Energia, ministra da Casa Civil.

O delator promete à promotoria provas de que o propinoduto por ele operado permeou os dois governos de seu antecessor e criador, Luiz Inácio da Silva. Gerente rigorosa, as "medidas cabíveis" Dilma Rousseff, se quisesse, poderia ter posto em prática no devido tempo. Agora as providências não são mais de sua alçada.

Mas, digamos que nunca tenha ouvido falar de nada que ensejasse a necessidade de abrir algum tipo de investigação interna. Poderia tê-lo feito inclusive sobre os dois casos ocorridos no governo Fernando Henrique (afundamento de uma plataforma e troca de títulos da Repsol) que sempre cita como exemplos de episódios obscuros que não foram devidamente investigados.

Ao assumir a Presidência da República, pôs no comando da Petrobrás Graça Foster, uma funcionária de carreira, profissional respeitada e de acordo com o que disse ontem a presidente na entrevista ao Estado, extremamente "minuciosa".

No convívio diário da companhia, uma gestora com essa característica dificilmente deixaria de perceber algum indício da existência de um esquema daquela magnitude. No entanto, o que se viu não foi a iniciativa do governo de investigar. Muito ao contrário.

Dificultou o quanto pôde o envio de informações ao Tribunal de Contas da União, recorreu a todos os métodos ao seu alcance para impedir que as comissões de inquérito do Congresso fizessem um trabalho sério e durante todo o tempo atribuiu aos inimigos, aos pessimistas, aos detratores da estatal, aos não patriotas o desejo de investigar.

Se a Petrobrás, como afirma e repete a presidente da República, prima pela lisura, não há melhor prova que um certificado de correção resultado de uma investigação limpa e rigorosa. Estaria dada a resposta sem tergiversações nem espaços para ilações outras.

Merval Pereira: Delenda Marina

- O Globo

Se fosse possível definir em uma frase esta etapa da campanha eleitoral para a Presidência da República, ela seria uma adaptação da famosa frase de Catão "Delenda Cartago", instando que a cidade de Cartago, que disputava com Roma a liderança política e econômica da época, fosse destruída.

Pois "Delenda Marina" é a frase que move as campanhas de Dilma e Aécio Neves, com estratégias distintas, mas com o mesmo objetivo. Dilma sabe que hoje sua principal rival é a ex-senadora petista, e quer, no mínimo, vê-la chegar ao 2º turno debilitada.

Já Aécio busca recuperar o segundo lugar na disputa para ir ao segundo turno com chances de vitória. Sua campanha está convencida de que quem for para o segundo turno com Dilma vence a eleição, ainda mais agora com os novos escândalos na Petrobras.

A campanha de Dilma tem sido de uma agressividade reveladora, pois não tem pruridos em explorar até mesmo contradições que não existem, como o suposto menosprezo do programa de Marina pelo pré-sal. Não há nada no programa que indique isso, mas o PT é especialista em criar fantasmas, tática do medo que esteve na raiz de campanhas contra o próprio Lula em 1989 e hoje é usada por seus aliados sem o menor constrangimento.

Collor, hoje aliado político, espalhou boatos contra Lula: ele iria confiscar a poupança, ideia que o próprio Collor tornou realidade depois de eleito. Os apartamentos dos ricos seriam divididos com os pobres. E por aí vai. Hoje, o PT não tem vergonha de comparar Marina ao Collor de 89, embora o Collor de 2014 seja de sua base de apoio no Congresso. E repete a velha e vil manobra de acusar Marina de querer privatizar a Petrobras, que já deu certo em 2006 contra Geraldo Alckmin.

Desta vez, o efeito tende a ser menor, pois, além de a acusada ser uma política oriunda do petismo e da esquerda, os problemas da Petrobras estão justamente na "privatização" branca da estatal feita pelos petistas e partidos aliados, que gerou uma série de escândalos de corrupção cuja investigação em curso ainda deve dar muito o que falar.

Os vazamentos dos depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa, retirado de uma "geladeira" na companhia para, durante 8 anos de gestão petista com Dilma Rousseff à frente da área de energia, capitanear um mega esquema de corrupção para financiamentos de partidos políticos, estão reafirmando a face mais perversa dessa "velha política" que o PT aprofundou ao chegar ao poder.

Por duas vezes, aliás, essa prática foi admitida implicitamente pela própria presidente Dilma, ontem na entrevista ao "Estadão", e pelo ministro Gilberto Carvalho. A presidente disse: "Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso te garantir que todas, vamos dizer assim, as sangrias que eventualmente pudessem existir estão estancadas".

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, elaborou uma tese sobre o caixa dois das campanhas: "Enquanto houver financiamento empresarial de campanha e a campanha se tornar momento de muitos ganharem dinheiro e movimentar muito recurso, quero dizer que não há quem controle a corrupção enquanto houver este sistema eleitoral. E isso é com todos os partidos, não há, infelizmente, nenhuma exceção".

Os dois, portanto, tentam reduzir a importância do que acontece nas entranhas do governo, da mesma maneira que Lula tentou relativizar o mensalão dizendo que era uma prática que "todo mundo faz".

Já Aécio, que andou batendo forte em Marina a ponto de ter provocado nas hostes da adversária a advertência de que a possibilidade de acordo num segundo turno e num futuro governo estava comprometida, vai calibrar a pontaria mais em Dilma do que em Marina na questão da Petrobras, na certeza de que "esse escândalo é dela".

Marina, envolvida nessa trama indiretamente devido à citação do falecido governador de Pernambuco Eduardo Campos, vai continuar sendo atacada na alegada inexperiência e nas contradições de seu programa de governo "porque nós precisamos ganhar a eleição".

Na avaliação da campanha de Aécio, deixar que só a presidente Dilma ataque Marina seria abrir mão de disputar a vaga no segundo turno a favor de Marina, em busca de um acordo futuro.

Mesmo não prescindindo desse eventual acordo, Aécio não pretende abrir mão da chance que vê de retomar a disputa presidencial, na esperança que um segundo turno será especialmente difícil para a presidente Dilma, diante das informações sobre o esquema de corrupção que devem circular nesses próximos 45 dias de campanha.

Eliane Cantanhêde: Mantega e a rebelião

- Folha de S. Paulo

"Não queremos mais o tipo de governabilidade que temos, amorfa e mesquinha. Não queremos tampouco o governo autoritário. Queremos, sim, uma nova forma de fazer política. (...) Queremos um governo de pessoas sensatas, eleitas por votantes sensatos."

Começa assim o esboço de um manifesto que passa de mão em mão entre ex-ministros de Lula, inclusive ex-petistas. Termina assim: "Com Marina Silva, por um país melhor!"

Um detalhe que não é detalhe: quem tenta botar de pé o manifesto pró-Marina são colegas de ministério tanto dela (então ministra de Meio Ambiente) quanto de sua principal adversária, Dilma Rousseff (ex-Minas e Energia e ex-Casa Civil).

Outro detalhe, que talvez também não seja tão detalhe, é que essa onda surge exatamente quando Dilma cria uma situação surreal no seu governo e no próprio país. Ela demitiu Guido Mantega pela imprensa, faltando quatro meses para terminar o governo. Um morto-vivo.

Ok, a demissão foi para um segundo mandato, mas só com muita boa vontade ou sendo muito alienado (a) alguém pode achar que Mantega tem mínimas condições de tocar a economia e de ser levado a sério até o próximo governo. Ele mantém a cadeira, não a autoridade.

Marina, claro, aproveitou para uma boa sacada irônica. Disse que a demissão pode ter sido tarde demais, quando o eleitor brasileiro já está se encarregando de trocar não apenas o ministro, mas a presidente e o governo todo.

A sério, sem ironias: Dilma demitir Mantega agora, depois de quatro anos de erros em cima de erros na economia, soa não só eleitoreiro --ou marqueteiro, se preferirem-- como hipócrita e injusto.

Alguém tem dúvida de quem manda na economia? Aliás, de quem manda em tudo no governo? É Dilma, Dilma e Dilma. O que é bom usa-se a favor dela na campanha. O que é ruim usa-se contra o Mantega. Ele é um bode expiatório. Haverá outros?

Luiz Carlos Azedo: Aviso prévio

• No domingo, Mantega foi ao encontro de Dilma Rousseff, com quem almoçou no Palácio da Alvorada, e pediu demissão. Dilma fez um apelo para que fique até depois da eleição presidencial

- Correio Braziliense

Como antecipamos na quinta-feira passada, o ministro Guido Mantega foi mesmo descartado pela presidente Dilma Rousseff. É o bode expiatório de seu fracasso econômico, que ontem registrou uma previsão de PIB para 2014 que começa a se aproximar do crescimento zero. Na semana passada, Dilma anunciou que mexeria na equipe econômica para tentar se reaproximar dos setores empresariais que apoiam Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), uma sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No domingo, Mantega foi ao encontro de Dilma Rousseff, com quem almoçou no Palácio da Alvorada, e pediu demissão. Dilma fez um apelo para que fique até depois da eleição presidencial. Ontem, durante entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, transmitida pela internet, Dilma anunciou que Mantega não permanecerá no governo na hipótese de ela vir a ser reeleita. Resultado: o país tem um ministro da Fazenda que recebeu aviso prévio.

“O Guido já me comunicou que ele não tem como ficar no governo em um segundo mandato por razões eminentemente pessoais que peço que vocês respeitem”, disse Dilma. É conversa para boi dormir. Não existe a menor possibilidade de Mantega, o mais longevo ministro da Fazenda da história republicana, continuar no cargo sem agravar a situação da economia. A única saída de Dilma para restabelecer a confiança do mercado antes das eleições seria anunciar logo o nome do futuro ministro. E deixar Mantega pegar o boné e ir pra casa.

Dilma resiste a abrir mão do comando da economia. Não aceita ninguém do mercado que tenha luz própria, como o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que seria a solução ideal na avaliação do ex-presidente Lula. Economista, Dilma prefere alguém que seja bem mandado, para continuar ela própria comandando a economia.

Não pode, porém, anunciar uma solução desse tipo sem fechar de vez as portas do mundo empresarial para sua reeleição. Esse é o impasse no qual se encontra, que tende a tornar ainda pior o ambiente econômico. A versão eleitoral, porém, é outra: “Não vou nunca dizer quem vai ser ministro no meu segundo mandato, se porventura eu tiver. Quem indica ministro antes da hora, eu acho que dá azar (…)”, desconversa.

Segundo o relatório de mercado divulgado ontem pelo Banco Central, com base em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, a previsão dos analistas para o crescimento da economia brasileira em 2014 recuou de 0,52% para 0,48%. Foi a 15ª queda seguida do indicador, que funciona como uma espécie de bússola para os investidores. Como a eleição será em outubro e, muito provavelmente, haverá segundo turno, dificilmente a tendência de crescimento zero será revertida.

Petrobras
Circula no Congresso que a “delação premiada” do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa é mais cabeluda do que se imagina. Não se tratariam apenas de depoimentos gravados em vídeo, como se imaginava, mas de acusações fundamentadas em provas materiais — extratos bancários, contratos, ligações telefônicas etc. —, que comprometeriam todos os suspeitos de receberem propina.

Ontem, o presidente das duas comissões parlamentares de inquérito que investigam as denúncias contra a Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encaminhou ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo acesso ao conteúdo dos depoimentos, como requereu o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR).

Sem dar detalhes ou apresentar documentos, a revista Veja revelou que Paulo Roberto Costa, em depoimentos ao Ministério Público Federal (MPF), na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, teria denunciado três governadores, seis senadores, um ministro e, pelo menos, 25 deputados federais. Com exceção de um dos citados, que morreu e não pode se defender, todos negam ter recebido propina do ex-diretor da Petrobras.

A presidente Dilma Rousseff também pediu informações à Polícia Federal sobre o caso, mas a resposta foi que a solicitação deveria ser encaminhada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Se o Ministério Público não for capaz de responder, vou pedir ao Supremo Tribunal Federal”, avisou Dilma, que, até agora, por causa disso, não tomou nenhuma providência em relação ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, supostamente envolvido.

A oposição bate no governo por causa do escândalo. “Essas novas denúncias têm que ser apuradas. Não vou fazer prejulgamento. Espero que a Justiça seja acionada e apure tudo o que foi denunciado”, disse ontem Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República, em Marabá (PA).

“Quem manteve toda essa quadrilha que está acabando com a Petrobras é o atual governo, que, conivente, deixou que todo esse desmande acontecesse em uma das empresas mais importantes do nosso país”, disparou Marina Silva em São Paulo. Segundo a candidata à Presidência pelo PSB, Dilma “tem responsabilidade política” pelo que acontece na Petrobras.

O mensalão 2

• Na era PT, o surgimento de novos escândalos é apenas questão de tempo. Impassível, Dilma mostra-se conivente com malfeitos e age de forma temerária ao comandar o país

- Instituto Teotônio Vilela

No Brasil da era PT, tornou-se difícil saber onde começa e onde termina o mar de corrupção. A única certeza é que, enquanto o mesmo time se mantiver no comando do país, o surgimento de novos e mais escabrosos casos é apenas questão de tempo. O escândalo da hora é sempre pior que aquele que o antecedeu.

O partido que se notabilizou por institucionalizar a compra de votos como método de governabilidade também se destaca por ter transformado o mensalão numa prática permanente. O que muda é o caixa de onde saem os recursos para irrigar bolsos dispostos a vender apoio político: são cada vez mais polpudos.

Estamos agora diante do que se pode chamar de “mensalão 2”: a sangria de dinheiro da Petrobras para remunerar uma imensa e escusa rede de sustentação ao governo do PT no Congresso. Pelo pouco que já se sabe, ministros de Estado, governadores, senadores e deputados estão na lista da grossa propina. Deve haver muito mais.

As revelações foram feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e divulgadas na edição da revista Veja desta semana. Preso em março, depois solto e novamente encarcerado em junho, ele decidiu entregar nomes de quem se beneficiou de esquema que, calcula-se, pode ter lesado os cofres públicos em R$ 10 bilhões nos últimos anos.

Pelo que Costa afirmou, a rede de corrupção era alimentada com o equivalente a 3% do valor dos contratos que a área que ele comandou fechava. Se considerados apenas os investimentos realizados pela diretoria de Abastecimento, daria R$ 3,4 bilhões, num cálculo linear feito pelo Valor Econômico com base nos balanços da estatal entre 2004 e 2012.
A consequência política e eleitoral é cristalina: neste período, a candidata-presidente Dilma Rousseff foi a figura de proa da Petrobras. Como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, como presidente do Conselho de Administração da estatal e como presidente da República. O mensalão 2 é obra de Dilma e do PT, assim como o mensalão 1 foi obra de Lula e seus 40 réus.

Assim como seu tutor, a atual presidente insiste em dizer que nada sabia e que, enquanto comandou a administração da Petrobras, suas decisões mais importantes foram tomadas com base em documentos falhos. Será que ela acha que isso é abonador?

Agora, confrontada com as novas revelações, diz que “não lançam suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado”. Das duas, duas: Dilma é conivente com malfeitos que se acumulam em sua gestão e age de forma temerária ao comandar o país. Tanto numa hipótese quanto na outra, a conclusão é uma só: não merece continuar por mais quatro anos assistindo impassível ao mar de lama avançar.

Raymundo Costa: Aécio aposta na "terceira onda"

• Há 12 anos fora do governo, PSDB é um partido sob pressão

- Valor Econômico

A campanha de Aécio Neves não quer falar em segundo turno antes de 6 de outubro, dia seguinte à eleição, contrariando aliados de dentro e fora de sua coligação, para os quais o mais sensato, a esta altura da eleição, é pavimentar o caminho para compor com Marina Silva na grande final contra Dilma Rousseff.

Pode-se dizer que parte do Democratas embarcou nesta ideia, apesar do recuo do senador José Agripino (RN), coordenador-geral da campanha de Aécio, em uma declaração que fez nesse sentido há uma semana. Um conhecedor profundo tanto da alma tucana quanto do antigo PFL, diz que o DEM ficou pequeno mas não ficou burro. A ficha do PSDB é que ainda não teria caído, embora os sinais estejam por todas as partes.

O mais escandaloso deles seria a intenção de votos de Aécio Neves em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Segundo pesquisa Datafolha, o senador tucano está em terceiro lugar em sua terra natal, atrás de Dilma e Marina. Pimenta da Veiga, candidato do PSDB, no momento tem mais intenções de votos para o governo do Estado que Aécio para a Presidência da República. Talvez seja comparar abacate com banana, mas o que se esperava é que Aécio estivesse "puxando" a eleição de Pimenta para o governo.

A campanha de Aécio espera por uma "terceira onda", para usar a expressão do tucano mineiro Marcos Pestana. A primeira teria sido a "onda reeleição da presidente Dilma no primeiro turno"; a segunda, a "comoção" causada pelo acidente aéreo que matou o ex-governador Eduardo Campos, faz um mês no dia 13. A terceira seria a da "razão" entre a continuidade representada por Dilma e a "aventura" que seria a eleição de Marina Silva, uma candidata sem equipe nem maioria para governar, de acordo com o discurso do PSDB.

Em desvantagem, Aécio fez uma inflexão na sua campanha de televisão, sem mudar as pessoas da equipe, e avançou sobre um terreno que os marqueteiros brasileiros, em geral, preferem evitar: o ataque aos adversários. É menos marketing e mais política, como se faz na Argentina. O adversário prioritário é o PT, mas sem perder Marina de vista.

Entende-se, no arraial de Aécio, que essa é uma contradição própria do processo eleitoral em dois turnos. A campanha tucana tem o dever de ressaltar as diferenças entre os candidatos, sem grosseria, para não inviabilizar as conversas no segundo turno eleitoral. Pode ser. Na prática, Aécio subiu o tom do discurso também em relação à candidata do PSB, ao ligar Marina ao PT e ao mensalão.

Para aliados do PSDB, coligados ou não, essa é uma visão míope do processo eleitoral. Essas forças consideram fundamental ganhar do PT, mas também já estão olhando para a composição de um eventual governo do PSB. É evidente que Marina formará sua maioria de governo, em primeiro lugar, com quem estiver com ela no segundo turno. Aécio não precisa abandonar sua candidatura. O que ele não deve fazer, segundo esses aliados, é partir para cima de Marina Silva. O PSDB deve liderar a composição de segundo turno. A campanha de Marina já sinalizou que a escalada dos ataques de Aécio pode prejudicar o entendimento.

O tratamento que o PSDB dará às denúncias de corrupção na Petrobras deve modular o tom da campanha do partido, até a eleição. A primeira reação de Aécio foi chamar as denúncias de "mensalão 2", pois as acusações, ainda sem provas, apontam para a existência de um "condomínio da governabilidade" integrado pelos partidos da base aliada.

O PSDB mais que o PSB - restrito a poucos minutos na televisão - pode fazer uso de seu tempo no horário eleitoral gratuito para fazer a notícia chegar a todos os recantos do país. Notícia que caiu como uma luva no discurso de Marina Silva, num momento em que sua candidatura era atacada pelos dois adversários e dava sinais de desaceleração. Ela não perdeu a oportunidade para botar PT e PSDB no mesmo balaio: "Quero que todos os casos sejam investigados, seja o mensalão na época do Lula, seja o mensalão do PSDB em Minas Gerais, seja este caso lamentável de desmanche da maior empresa brasileira".

Há quase 12 anos longe do governo, o PSDB é um partido sob pressão. Uma nova derrota pode ter repercussão profunda sobre o futuro da sigla, que deve sair da eleição como um partido de médio porte.

O "filhotismo" está em alta nas eleições de 2014, segundo pesquisa do analista político Antonio Augusto Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que identificou quase uma dúzia de candidaturas à Câmara de parentes nos casos em que o titular ou chefe político desiste de concorrer ou disputa um cargo majoritário. "Ao contrário do que se imagina, essa não é uma característica exclusiva de regiões menos desenvolvidas nem de determinados partidos políticos", diz Queiroz.

Os casos mais difundidos são as candidaturas aos governos estaduais dos filhos de Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL) e do ministro Edison Lobão (MA). Mas a lista é bem mais extensa quando se trata de candidatos a deputado federal. No Nordeste, Garibaldi Alves (PMDB-RN), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Wilson Santiago (PTB-PB), lançaram os filhos, enquanto o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e o deputado João Maia (PP-RN), lançaram irmãos, e o deputado Oziel Oliveira (PDT-BA), a mulher.

No Sudeste, Anthony Garotinho (PR-RJ), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Newton Cardoso (PMDB-MG) e Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) lançaram os filhos, assim como os deputado Armando Vergílio (SD-GO) e Maguito Vilella (PMDB-GO), no Centro-Oeste. No Sul, os deputados Vilson Covatti (PP-RS) e João Pizolatti (PP-SC) lançaram seus filhos. No Norte, Marcelo Miranda (PMDB-TO) lançou a mulher, e Arthur Virgílio (PSDB-AM), prefeito de Manaus, o filho, assim como Neudo Campos (PP-RR), candidato ao governo de Roraima.

O número chega à centena, se forem computadas candidaturas às assembleias.

José Casado: O governo acabou

• Mantega sustentou a vaidade de ser recordista no comando da Fazenda. Agora, Dilma deseja que ele fique 112 dias arrastando correntes na Esplanada dos Ministérios

- O Globo

Governos têm prazo de validade constitucional. A presidência Dilma Rousseff tem mais 112 dias de duração, a partir de hoje. A novidade é que, daqui para a frente, ela pretende administrar o país com 39 ex-ministros.

Dilma, virtualmente, anunciou o fim do seu governo na semana passada, quando subtraiu do poder quem está ministro. “Alguns poderão ficar, outros eu irei trocar” — confirmou no domingo, em entrevista numa varanda do Palácio da Alvorada, em Brasília.

Numa poltrona, dentro do palácio, estava Guido Mantega, 65 anos de idade, dos quais um terço dedicado à militância no Partido dos Trabalhadores. Ele está há uma década no poder na Esplanada dos Ministérios: ficou um biênio no Planejamento e acaba de completar oito anos e quatro meses na Fazenda.

A última conversa com Dilma sobre sua permanência na Fazenda data do primeiro trimestre. Na época, Lula fazia eco às críticas de empresários à condução da economia. Mantega foi ao palácio e pediu para sair. Alegou razões familiares e insinuou abril como época propícia, quando se tornaria o mais longevo ministro da Fazenda. Dilma recusou, deixando Mantega surpreendido e Lula pasmado, como ele relatou em reuniões de cúpula do PT.

Agora, diante das ameaças na disputa eleitoral, a candidata fez a presidente realizar uma proeza política: há cinco dias seguidos, Dilma demite em público Mantega e 38 ministros.

Nunca antes “na história dos anos recentes deste país”, como ela diz, um presidente insistiu em anunciar o fim de seu governo com tanta antecedência e de forma, para alguns, vexatória.

Lula demitiu ministros e foi demitido por um, Marina Silva. Dispensou Cristovam Buarque da Educação quando ele estava em viagem ao exterior. Telefonou e o demitiu, mas numa conversa privada. Buarque resgatou seu mandato de senador e foi para a oposição, onde permanece.

Dilma inovou ao criar 39 ministros-zumbi na Esplanada a um trimestre do fim do mandato, sem razões práticas e objetivas. Se queria sinalizar uma “nova política”, não funcionou. Se pretendia uma recomposição com o empresariado, como deseja Lula, iludiu-se porque a principal característica de Mantega foi — e continua sendo — cumprir ordens. Dilma raramente delegou, sempre interferiu na condução da política econômica. É da sua lavra a economia que está aí, recessiva e com alta inflação.

Foram suas as principais decisões que levaram as contas nacionais ao obscurantismo, como adverte o Tribunal de Contas da União no mais recente relatório: “O acompanhamento e o controle têm-se tornado verdadeiros desafios aos órgãos de fiscalização e à sociedade (...) mudanças metodológicas e transações atípicas cada vez mais complexas vêm contribuindo para reduzir a transparência e dificultar o entendimento (...) A estabilidade macroeconômica é um bem público, conquistado à custa de um forte ajuste fiscal suportado por toda a sociedade brasileira em um passado recente. A preservação da percepção de solvência do setor público é crucial para minimizar eventuais expectativas negativas quanto ao controle do endividamento público.”

Mantega sustentou a vaidade de um recorde de permanência na Fazenda. Dilma agora parece desejar que ele escreva um novo capítulo na sua biografia: 112 dias arrastando correntes na Esplanada dos Ministérios.

Um pré-sal de lama: O Estado de S. Paulo - Editorial

É ainda muito pouco - e incerto - o que acaba de vir a público do esquema de corrupção na Petrobrás, a partir das informações que o ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa teria repassado ao Ministério Público e à Polícia Federal desde que começou a contar o que saberia sobre o pré-sal de lama na petroleira. Ele se tornou delator na esperança de escapar a penas que podem somar 50 anos de prisão por suas traficâncias com o doleiro Alberto Youssef, desarticuladas pela Operação Lava Jato em março último. Youssef teria branqueado R$ 10 bilhões. No setor de seu parceiro, as maracutaias podem ter custado à Petrobrás R$ 3,4 bilhões em propinas pagas a autoridades, políticos e empresários, estima o jornal Valor, à razão de 3% de cada contrato assinado.

Segundo o Estado, pelo menos 32 figurões - entre parlamentares, um governador e um ministro - teriam se beneficiado. O jornal citou o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para a Folha de S.Paulo, seriam 62 os envolvidos. Já a revista Veja fala em 36, dos quais nomeia 12. Notadamente, além de Calheiros, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves; a governadora do Maranhão, Roseana Sarney; o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, todos do PMDB; e o pernambucano Eduardo Campos, que comandava o PSB. Os demais incluem o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e o senador Ciro Nogueira, ambos do PP. Os petistas são o deputado Cândido Vaccarezza e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Não se informou o que teriam praticado.

Mas o que se publicou foi suficiente para obrigar os principais candidatos ao Planalto a repensar as suas estratégias, a menos de um mês do primeiro turno. Esta insólita campanha já tinha mudado de rumo depois da morte de Eduardo Campos. Antes dominada por Dilma Rousseff e Aécio Neves, a disputa virou de ponta-cabeça. No lugar do ex-governador, Marina Silva disparou nas pesquisas, em prejuízo do tucano e ameaçando a reeleição da petista. Agora, o clima tende a mudar. O tema da corrupção migra da periferia para o centro do debate - tendo como foco o que se cometeu, desde a ida do PT ao poder, na maior e mais estimada empresa nacional.

Não bastará Dilma alegar que o noticiário "não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado", para dissipar as suspeitas - anteriores aos depoimentos de Costa, mas potencializadas pelo que a imprensa lhe atribui - de que ela olhou para o outro lado enquanto prosseguia a predação da Petrobrás, iniciada nos anos Lula. A hipótese se ampara na lógica e nos fatos. Se o mensalão consistiu no suborno de deputados para que aprovassem os projetos tidos como essenciais pelo então presidente, o assalto tolerado à petroleira decerto servia, na esfera política, para satisfazer os membros, não raro influentes, da base aliada, de modo a assegurar a coligação eleitoral que daria à candidata quase a metade do tempo do horário de propaganda. Se assim é, Dilma tirou da roubalheira proveito material - contabilizado, no caso, em minutos e segundos.

Os fatos, por sua vez, apontam com mais firmeza ainda o dedo para o Planalto. Em dobradinha com Calheiros, a presidente asfixiou a investigação parlamentar sobre a estatal, cujo ponto de partida era o caso da Refinaria de Pasadena, e cujo ponto de chegada poderia ser um terremoto político comparável à sangria a que o patrimônio da Petrobrás foi submetido nos anos recentes. Dilma argumentou que a CPI pretendida pela oposição - afinal, foram criadas duas, desfibradas - era "eleitoreira". Agora, ironia das ironias, as confissões atribuídas ao ex-diretor apadrinhado pelo PP, endossado pelo PMDB e avalizado por Lula podem fazer mais estragos para Dilma do que uma CPI cujos membros buscam antes o voto do que as verdades a apurar.

Pode sobrar também para Marina devido à menção do político pernambucano a que se achegou para ser a sua vice (não bastasse a história dos laranjas do avião cedido à campanha). Já Aécio, enquanto nada incriminar qualquer dos dirigentes dos nove partidos que o apoiam, se lançará à chance de voltar a subir nas pesquisas.

Os ‘fins justificam os meios’ também na Petrobras: O Globo - Editorial

• Petistas usam na estatal mesmo esquema do mensalão aplicado no Banco do Brasil, a fim de drenar dinheiro público para políticos da base do governo

Foi o próprio Roberto Jefferson, deputado federal pelo PTB fluminense, que batizou o esquema de "mensalão" ao denunciar, em entrevista à "Folha de S.Paulo", a distribuição de dinheiro sujo entre parlamentares do governo. Transcorria 2005. Sete anos depois, o STF começaria a lavrar as primeiras condenações de mensaleiros. Entre eles, poderosos como o ex-ministro José Dirceu. O próprio Jefferson terminaria preso, por ter sido um deles.

Não se podia esperar, entretanto, que o mesmo grupo do PT responsável pela operação fraudulenta repetiria o delito e, talvez, até em maiores dimensões. Se, no primeiro mensalão, aproveitou-se um aparelho sindical petista montado na diretoria do Banco do Brasil a fim de bombear recursos da instituição estatal para a lavanderia de Marcos Valério, desta vez a estatal saqueada foi a Petrobras. E o destino dos recursos surrupiados, segundo depoimentos sigilosos vazados, feitos ao Ministério Público por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, foi o mesmo: políticos da base governamental, especificamente do PT, PMDB e PP. Ressalve-se que, ao aceitar fazer delação em busca do prêmio da redução de pena, Paulo Roberto terá de provar tudo o que diz. Da primeira lista de beneficiários, constam 25 deputados federais, seis senadores, três governadores e um ministro. Virão mais nomes. Entre os destaques, a cúpula do Congresso — Henrique Alves e Renan Calheiros —, Edison Lobão, das Minas e Energia; Sérgio Cabral e o falecido Eduardo Campos.

Fora do campo parlamentar, está na lista de Costa o indefectível João Vaccari Neto, sucessor na tesouraria do PT de Delúbio Soares, mensaleiro em fase de cumprimento de pena. Vaccari seria o intermediário entre Costa e empreiteiros, conhecida fonte de dinheiro de corrupção.

A história do novo mensalão parece mais longa. Colocado numa "geladeira" na estatal durante a gestão tucana, Paulo Roberto, chamado de "Paulinho" por Lula, assumiu a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2004 e lá ficou até 2012. Atravessou dois mandatos de Lula, quase completos, e a primeira fase de Dilma no Planalto. Lula deverá repetir o "nada sei" do primeiro mensalão. Dilma, embora ministra de Minas e Energia e da Casa Civil de Lula, e presidente do Conselho de Administração da estatal, já afirmou ontem o mesmo. Outros diretores precisarão ser ouvidos, a começar por José Sérgio Gabrielli, ex-presidente, símbolo do lulopetismo na estatal.

A ordenha criminosa de dinheiro público, agora por meio da cobrança de "por fora" de empreiteiras e/ou superfaturamento de contratos assinados com a estatal, abasteceria o doleiro Alberto Youssef, o Marcos Valério deste mensalão. Lavado, o dinheiro chegaria aos políticos. As minas de ouro exploradas seriam a bilionária refinaria Abreu e Lima e a caríssima unidade de refino comprada em Pasadena.

O conhecido lema de certa esquerda de que "os fins justificam os meios" justificou mais delinquências no governo do que se pensava.