• Candidata diz ainda que, "doa a quem doer", investigação deve ser feita
Sérgio Roxo – O Globo
SÃO PAULO - Dentro da linha de ataque que adotou desde sábado, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, acusou ontem o governo federal de manter uma quadrilha na Petrobras. Novamente questionada sobre a suspeita de participação do ex-governador Eduardo Campos (PSB) no esquema de propinas na estatal, ela defendeu rigor nas investigações "doa a quem doer".
- Afinal de contas, quem manteve toda essa quadrilha que está acabando com a Petrobras foi o atual governo, que, conivente, deixou que todos esses desmandos acontecessem numa das empresas mais importantes de nosso país - disse Marina ontem pela manhã, ao ser questionada sobre o fato de Campos, falecido em agosto em acidente aéreo, ter sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiário de propina, segundo reportagem da revista "Veja".
Marina defendeu a apuração de todas as suspeitas.
- Queremos que as investigações sejam feitas com todo rigor. Doa a quem doer - disse.
Candidata cita bíblia
Marina recorreu até a uma passagem bíblica para explicar a sua postura diante do caso:
- Conheceis a verdade e ela vos libertará.
À noite, em entrevista ao "Jornal da Record", a candidata destacou que a empresa está "quatro vezes mais endividada e tem o seu patrimônio equivalente a apenas a metade do que era quando a presidente Dilma assumiu o governo".
Questionada se não tratava o escândalo de uma forma quando o citado era Campos, e de outra quando os citados eram os petistas, Marina citou a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos:
- Na Petrobras, esse não é um único escândalo. Uma empresa que era eficiente e hoje está numa situação de completa insolvência em função da incompetência.
Também destacou que a sua postura, ao falar da citação a Campos, não é incoerente.
- Queremos a verdade. Isso não tem nada a ver com dois pesos e duas medidas. Dois pesos e duas medidas é querer se promover à custa de escândalo - disse ela, para quem a responsabilidade da presidente Dilma no escândalo da Petrobras é "política" e "não direta".
A linha de ataques à gestão da Petrobras no governo petista deve ser levada por Marina ao horário eleitoral. O principal objetivo da campanha do PSB é responder à estratégia petista de propagar que, num governo Marina, a exploração do petróleo do pré-sal seria deixada em segundo plano.
Não há preocupação, por enquanto, com a relação que os adversários possam fazer do envolvimento de Campos com o esquema. Para o PSB, o PT não teria como fazer isso sem jogar luz sobre um escândalo que envolve diretamente o governo federal. Já Aécio tem centrado seus ataques aos petistas.
Pela manhã, a candidata visitou uma creche conveniada da prefeitura de São Paulo, no Centro da capital paulista. Marina criticou o governo federal por não ter cumprido a meta de construção de creches, apresentada por Dilma na campanha eleitoral de 2010:
- Havia um compromisso do atual governo de construir 6.000 creches; foram construídas apenas 400, e tem 700 em processo de construção. É uma diferença muito grande.
Sem meta para creches
Apesar da crítica, ela evitou se comprometer com um número de creches a serem feitas em seu eventual governo:
- Não estamos trabalhando com promessas de um número. Queremos que os recursos que serão destinados à Educação, com investimento de 10% do PIB na área, possam nos ajudar a ampliar significativamente o número de creches.
Indagada se seria pior não cumprir uma promessa ou não se comprometer com uma meta, ela citou sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente:
- Nunca caí nessa pressão de apresentar um número de redução do desmatamento e, no final, a redução foi maior do que todos esperavam.
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